domingo, 17 de dezembro de 2017

Gente nossa, 1915



Filomena Duarte era filha de Augusto Duarte Leitão e Maria do Carmo, 
todos naturais do Casal da Fraga.

Jaime da Gama

7 comentários:

José Teodoro Prata disse...

No Casal da Fraga, os Duarte eram descendentes dos Duarte Fraga, durante séculos a única família a viver ali e por isso deram o seu apelido familiar ao lugar onde viviam..

Anônimo disse...

Uma maravilha, este documento! É pena que não tenhamos mais informação sobre esta Filomena Duarte (o registo de batismo não tem qualquer averbamento que diga se casou e a data e local da morte..), mas devia ser uma mulher de armas, pois não era muito vulgar que, em 1915, uma mulher do Casal da Fraga soubesse ler e escrever, e muito menos que tivesse passaporte.
A não ser que o Jaime da Gama tenha alguma informação para acrescentar, é um caso para ser investigado, até porque ainda deve haver por cá alguns familiares. Vou ver…

M. L. Ferreira

Anônimo disse...

Muito curioso! Tendo esta senhora nascido em 1889, deve ser da geração do ti' José Duarte Leitão. Será sua irmã? O ti' José Leitão morava na ladeira do ribeiro, Casal da Fraga, (quando se vai para o campo de futebol), teria eu os meus 7 anos e andava por ali, em casa dos meus avós maternos. Era pai, nomeadamente, do ti' Miguel Duarte Leitão que, por sua vez, era pai do José Miguel Duarte Leitão (um rapaz pr'á minha idade!) e do padre José Augusto Duarte Leitão.
A senhora do passaporte (?), não tem "Duarte" no nome, mas o pai tem. Por outro lado, este último (que, portanto, seria bisavô do padre José Augusto) é, também ele, Augusto Duarte Leitão. São muitas coincidências!
Por outro lado, o facto de não constar a mãe na filiação, isso era comum na época. Ainda há poucos anos, muitos documentos (por exemp., as certidões de habilitações literárias), continham apenas o nome do pai. O que apenas foi revogado quando alguém invocou discriminação (sexista).
Estou a abordar o assunto apenas pelo que sei e pelos dados disponíveis. Não consultei qualquer documento. Assim, o JdaG e a MLF, melhor dirão!
De qualquer modo, uma mulher que sabe escrever (e ler?) e que foi de S. Vicente da Beira para o Porto (morava na rua das Flores, nº. 28), é qualquer coisa de invulgar! Pois, conforme li há uns tempos, naquela época, mais de 90% da população portuguesa nascia e morria na mesma terra ou arredores.
Abraços.
ZB

Jaime da Gama disse...

A informação que tenho é a seguinte a mãe desta senhora casou segunda vez com Apolinário de Jesus, meia-irmã de José Apolinário (1902-1947, este casou com Maria de Jesus Duarte (1907-1997 que tiveram duas filhas ou mais, Maria do Carmo Apolinário que casou com Manuel Nicolau Craveiro(Manel Chabeta) e Maria Bárbara Apolinário que casou com Agostinho da Silva Jerónimo (Guarda Fiscal) meu tio pelo segundo casamento com Maria da Silva Craveiro irmã da minha mãe. Agostinho da Silva Jerónimo era irmão do António, Mário e Ilda Canhoto.

Jaime da Gama disse...

Rua das Flores antiga Rua de Santa Catarina das Flores, que foi aberta entre 1521-1525 nas hortas do Bispo do Porto, D. Pedro Álvares da Costa sobrinho do celebrado Cardeal de Alpedrinha.

ZB o nome senhora supracitado tem o nome do pai "DUARTE" deixou foi de ter o "LEITÃO"

Um Bom Natal para todos que seguem este Blog e também para os que visitam!

Anônimo disse...

Sim, JdaG, foi lapso meu!
Abraços.
ZB

M. L. Ferreira disse...

Para além do que já se sabe sobre Filomena Leitão, consegui apurar que era a filha mais velha do casal e que, quando ficou órfã, aos nove anos, tinha mais duas irmãs (uma terceira teria falecido ainda muito pequena). Tinha também muitos tios e primos, quer por parte do pai (os descendentes de Francisco Leitão e Josefa Duarte), quer por parte da mãe (os descendentes de Francisco Lopes e Antónia Ramalho da Assunção) que, na altura, seriam grande parte dos moradores do Casal da Fraga.
A mãe de Filomena, Maria do Carmo, voltou a casar passado pouco tempo com Apolinário de Jesus, bastante mais novo que ela, e parece que pouco amigo das enteadas, que passaram muita fome após a morte do pai. Consta que quando iam guardar as cabras, a merenda era, muitas vezes, uma fatia de broa tão fina que se via o sol por ela. Maria do Carmo e Apolinário tiveram mais uma filha (Isabel) e um filho (José).
Naquele tempo havia no Casal da Fraga uma bordadeira tão afamada, que todas as raparigas que podiam, vinham aprender a bordar com ela. Foi o caso de Filomena, que, depois da escola e dos trabalhos no campo ou a guardar o rebanho, vinha para junta da tia aprender a bordar. Aprendeu depressa e bem, de tal forma que dizem que ajudou a bordar algumas das alfaias religiosas que havia na nossa igreja.
Para além de habilidosa, a beleza de Filomena despertava a atenção e os olhares dos rapazes quando ia à missa ou passava nos caminhos atrás das cabras. Com medo que algum mal lhe acontecesse, a tia arranjou maneira de a enviar para um convento no Porto, dizendo-lhe que ia para um colégio de meninas ricas para as ensinar a bordar a ouro. Apanharam o comboio e só a meio da viagem é que lhe contaram a verdade: que ia para um convento para ser freira.
Filomena não terá voltado à terra. Seguiu a vida religiosa, primeiro no Porto, depois em Tui e terá depois ido para Itália, onde faleceu.