Foi um bom momento de partilha, com histórias dos mais variados assuntos, mas com maior incidência nas nossos memórias das Festas de Verão. Venham mais Conta-me histórias.
José Teodoro Prata
Fotos da Maria da Luz Teodoro e do Joaquim Varanda
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
Foi um bom momento de partilha, com histórias dos mais variados assuntos, mas com maior incidência nas nossos memórias das Festas de Verão. Venham mais Conta-me histórias.
José Teodoro Prata
Fotos da Maria da Luz Teodoro e do Joaquim Varanda
Tenho raízes em S. Vicente da Beira, pelo lado materno, mais
propriamente no Casal da Fraga.
Da infância, das férias e ao longo dos anos em muitos fins de
semana, deixaram-me recordações de vivências, cheiros e sabores, que nunca me largaram e que fui sempre recordando com nostalgia e sorriso no rosto.
Dentro dos sabores, havia umas maçãs pequenas, deliciosas e
com um cheiro forte que ao longo do tempo nunca mais vi.
Resolvi por isso partilhar esta minha "busca" com
um grupo no facebook da Vila de São Vicente, perguntando às pessoas o
nome e se ainda existiam.
A resposta veio de uma forma muito rápida e
agradável e concluí que muitas delas tinham as mesmas saudades, mas que
desconheciam se ainda haveria em São Vicente, excepto duas pessoas que a tinham
enxertado e a possuíam.
Ficou decidido que, compradas ou dadas, eu este ano
voltaria a saborear as maçãs.
O engraçado desta partilha com vocês é que passados uns dias
telefono ao meu irmão, atualmente a residir em São Vicente, e lhe falo das
mesmas, e qual não é o meu espanto quando ele me diz que existe um malapieiro
no Valcovo.
O Valcovo (lugar que herdei da minha mãe,
localizado no Casal da Fraga) dei ao meu filho mais velho que mo pediu e onde
ele e a mulher passam os fins de semana.
Acredito que muitos de vocês, tal como eu, também
sintam saudades desta bela e pequenina maçã
Aqui vos deixo uma foto do nosso malapieiro.
Muito obrigado a todos.
Isabel Costa
Nota: Como administrador do blogue, peço descula à Isabel pelo tempo que demorei a publicar o seu texto (um ano). Ele foi enviado para o endereço de e-mail que constava do cabeçalho deste blogue. O que acontece é que criei este endereço, mas de facto ele nunca cumpriu a função para que fora criado. Ia lá raramente e já o substituí pelo meu pessoal, para evitar situações como esta.
Quanto aos malápios, estão quase a amadurecer e o melhor deles é mesmo o aroma que espalha pelo ambiente em que os deixamos. Também tenho malápios enxertados!
José Teodoro Prata
As Jornadas Europeias do Património, realizadas ontem na Partida, superaram as expetativas. O número de participantes oscilou entre 50 e um pouco mais de 100, nas diferentes atividades, o que foi ótimo.
Começa cedo, para quem na Vila tem pilates de manhã e/ou missa às 13:30h. Mas o programa é vasto, dura toda a tarde!
José Teodoro Prata
José Teodoro Prata
Manuel da Silva
Manuel da Silva nasceu na
freguesia de S. Martinho, na cidade da Covilhã, no dia 23 de setembro de 1892.
Era filho de António Augusto, natural de Nogueira do Cravo, e de Maria do
Patrocínio Silva, de São Vicente da Beira.
Assentou praça no dia 2 de abril
de 1912 e foi incorporado, em 14 de janeiro de 1913, no 1.º Batalhão de
Sapadores Mineiros da Covilhã. Pronto da recruta em 9 de julho de 1913, foi licenciado
no dia 21. De acordo com a sua folha de matrícula, sabia ler e escrever e tinha
a ocupação de pedreiro.
Em maio de 1917 (já vivia em São Vicente da Beira), foi novamente mobilizado para fazer parte do CEP, e embarcou para França no dia 26 do mesmo mês, integrando a 4.ª Companhia do Regimento de Sapadores Mineiros. Tinha o posto de soldado sapador, com o n.º 457 e chapa de identificação n.º 55211.
a)
Baixa à ambulância n.º 4, em 30 de junho de 1917; alta em 4 de julho,
apresentando-se nesse mesmo dia na sua
unidade;
b)
Promovido a 1.º Cabo, pelo Comandante da Companhia, em 2 de novembro de 1917;
c)
Diligência para o Batalhão de Infantaria 13, em 17 de março de
1918, permanecendo nesse batalhão até 2 de abril;
d)
Baixa em 16 de junho de 1918; alta em 20 do mesmo mês;
e)
Foi abatido ao efetivo da sua companhia, em março de 1919, a fim
de ser repatriado;
f)
Regressou a Portugal a bordo do navio Menomminé e desembarcou em Lisboa, no dia 3 de abril de 1919.
Condecorações:
Medalha comemorativa da participação de Portugal na Grande Guerra com a inscrição: França 1917-1918.
Família:
Manuel da Silva casou com Maria
Celeste Silva, no dia 9 de abril de 1920. Tiveram 3 filhos, um dos quais
faleceu com apenas 6 anos de idade. Criaram:
1-
Maria do Rosário Silva, que casou com José Guardado Moreira,
oficial do exército, e tiveram 3 filhos;
2-
Maria Manuela Silva (faleceu sem deixar descendência).
Manuel da Silva regressou da
guerra com alguns problemas de saúde que o obrigaram a uma vida muito regrada,
principalmente em termos da dieta alimentar, mas que não o impediram de se
tornar num dos homens mais empreendedores e considerados de São Vicente, no seu
tempo.
Para além de comerciante a
retalho, com um dos melhores estabelecimentos de venda de mercearias, pão,
retrosaria e drogaria, teve também uma pequena empresa de camionagem, com uma
camioneta de transporte de passageiros e outra de mercadorias.
Paralelamente à actividade
comercial, foi presidente da Junta de Freguesia entre 1942 e 1959, pertenceu à
direção da Banda Filarmónica Vicentina e foi provedor da Santa Casa da
Misericórdia durante vários mandatos.
Os tempos livres dedicava-os a
conversar com os amigos e, sempre que podia, abalava para o campo, à caça, a
sua grande paixão.
Manuel da Silva faleceu em casa, em
São Vicente da Beira, no dia 27 de dezembro de 1979. Tinha 87 anos de idade.
Maria Libânia Ferreira
Do livro: Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra
Beira Baixa, 22-05-1948
Em S.
Vicente da Beira
A
Inauguração do Chafariz de Santo António
Com a presença do Sr. Dr. Augusto Duarte Beirão, Presidente
da nossa Câmara Municipal, dos vereadores Srs. Dr. João Frade Correia, Severino
Martinho e Armindo Carvalhão, e dos Chefes de Serviços Municipais, Srs. Eng.º
João Bayan e Salles Viana, teve lugar, no passado domingo, a inauguração
festiva do novo Chafariz de Sto. António – mais uma obra meritória com que a
Junta de Freguesia de S. Vicente da Beira dota a antiga vila que é sua sede.
Pelas 18 horas chegava aquela vila o Sr. Presidente da Câmara
com os vereadores e chefes de Serviços Municipais. Eram esperados por grande
multidão. Ouviram-se foguetes e o Hino Nacional tocado pela Filarmónica de S.
Vicente da Beira, muitos vivas a Salazar, a Carmona, ao Estado Novo e ao Sr.
Presidente da Câmara Municipal. As creanças das Escolas, acompanhadas pelas
suas professoras, Sras. DD. Maria Suzana Barroso Lopes, Maria Emília da
Conceição Reis e Maria Teresa Barroso Lopes, atiravam braçadas de flores aos
visitantes.
A Junta de Freguesia a que preside o nosso amigo e grande Vicentino
Sr. Manuel da Silva, acompanhado pelos vogais, srs. Prof. Artur Eugénio Couto e
João Prata e pelo regedor, sr. António Craveiro, apresenta as suas saudações e
a menina Maria Santa Reis oferece, em nome das escolas primárias, ao Sr.
Presidente da Câmara um encantador ramo de rosas.
Na recepção, verdadeiramente entusiasta, viam-se as pessoas
gradas de S. Vicente da Beira, lembrando-nos os nomes dos Srs. Major Jaime
Duarte da Fonseca Fabião, Alexandre da Cunha Pignatelli, Dr. José Figueiredo
Alves, Médico Municipal, Dr. Leonardo José de Sousa, antigo e querido médico de
S. Vicente da Beira, Emídio Gomes Barroso, José Pires Lourenço, etc., etc..
Depois dos cumprimentos dirigiram-se todos, em cortejo, para
a rua de S. Francisco onde se ia proceder à cerimónia de inauguração do
chafariz de Sto. António.
As ruas do percurso estavam ornamentadas com arcos de verdura
e flores e das janelas caíam vistosas colchas de damasco.
Procedeu-se seguidamente à cerimónia: o Sr. Presidente da
Câmara Municipal corta as fitas que vedavam a entrada do nicho onde se
localizou o chafariz que é encimado por um interessante painel de azulejos
representando uma das cenas da Vida de Sto. António. Ouvem-se muitas palmas e
de novo muitos foguetes e os acordes do Hino Nacional atordoam aquela atmosfera
alegre do povo que bem diz a obra meritória da sua Junta de Freguesia.
Tem lugar pouco depois a visita à Vila onde se destacam
muitos exemplares de arquitetura dos Séculos XVI a XVIII. Estiveram os
visitantes no Calvário, capela de Sto. António, antigo Convento dos Frades
Menores de São Francisco, no novo troço da Estrada Nacional e por fim no
Hospital da Santa Casa da Misericórdia onde os visitantes eram esperados pelos
Mesários, Srs. Manuel Joaquim Hortas, João Lino Lopes e João Ribeiro Robles e
onde o médico, Sr. Dr. Figueiredo Alves, prestou amàvelmente esclarecimentos
sobre o funcionamento e acção social daquela instituição de caridade, embora de
parcos recursos.
Na sede da Junta de Freguesia trataram os membros da Junta de
Freguesia com o Sr. Presidente da Câmara das necessidades da freguesia que se
resumem em: aumento dos caudais abastecedores de água, pavimentação das ruas e
largos, construção de um edifício para as escolas primárias, iluminação
eléctrica, construção da estrada municipal para a Partida, pelos Pereiros,
construção de um cemitério e de uma escola primária em Casal da Serra e ainda
no abastecimento de água às povoações da freguesia.
Junto à nova fonte tocou durante a tarde a Filarmónica de S.
Vicente e teve lugar um ramo onde se venderam muitas ofertas para custeamento
das despesas da festa.
O Rev.º Pe. Tomás da Conceição Ramalho, arcipreste de S.
Vicente da Beira, na impossibilidade, por motivo de doença, de comparecer na
recepção enviou um escrito com os seus cumprimentos aos Sr. Presidente e
Vareadores da Câmara Municipal.
Á tarde em casa do Sr. Presidente da Junta de Freguesia
realizou-se um banquete onde se trocaram muitas saudações, tendo as gentis
filhas do nosso amigo Sr. Manuel da Silva, Sras. DD. Maria do Rosário e Maria
Manuela cumulado de atenções todos os seus hóspedes.
A despedida foi muito afectuosa.
Sem indicação do autor/correspondente
Manteve-se a ortografia tal como vem no jornal
José Teodoro Prata
Estava eu há bocadito a explicar à minha mulher o meu plano de atividades para esta semana, quando de repente me saiu a palavra trania. Isto a propósito de 5 implantes que na quarta-feira me vão colocar, em locais onde já não tenho dentes. São 5 buchas de ferro, salvo erro, a implantar no osso, em 5 buracos espalhados por toda a boca.
Uma verdadeira trania, no exato sentido que a minha mãe lhe dava. É curioso que a palavra, além de ser uma corruptela de tirania, tem aqui quase um novo sentido. Por vezes os médicos avisam o doente que lhe vão fazer uma maldade, porque ele vai sofrer com o ato que eles vão praticar. Era sobretudo nesse sentido que a minha mãe usava trania. Mas tambéma a usava no sentido tortura, de sofrimento infringido a outro, por verdadeira maldade, como um psicopata ou um tirano que tortura os seus opositores.
Certamente vou sobreviver a esta trania, mas o resto
da semana já fico nos mínimos…
José Teodoro Prata