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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

Francisco Domingos Martins

Francisco Domingos Martins nasceu a 27 de Novembro de 1891, no Casal dos Meios (hoje abandonado e chamado A.º de Meios, nas margens da ribeira do Mourelo, na estrada entre a Partida e o Violeiro, a chegar a este lugar). Era filho de Domingos Martins, proprietário, e de Joaquina Maria. Ficou órfão de mãe ainda não tinha feito 2 anos. O pai voltou a casar passado pouco tempo, mas também ele veio a falecer em 1903, tinha Francisco 11 anos.

Uma vez que a segunda mulher de seu pai não quis ficar a tomar conta dos enteados, Francisco foi criado pelo tio paterno, Augusto Martins, do Ninho do Açor. Posteriormente, passou a viver com outro irmão de seu pai, João Martins, no Juncal do Campo. Por fim, foi morar em casa de uma irmã da sua mãe, no Padrão, onde ficou até se emancipar.

Segundo consta, chegou a estar algum tempo no Seminário de Cernache do Bonjardim, onde outro tio paterno, o Padre José Martins, seria director (esta informação de o Padre José Martins ser o diretor do Seminário não está confirmada).
Assentou praça em 21 julho 1911, então com 19 anos. Foi presente no Grupo de Baterias de Artilharia de Montanha, sendo incorporado no batalhão, em 13 de janeiro de 1912. Passou ao Regimento de Artilharia de Montanha, em 1 novembro de 1913, e foi destacado para a província de Angola, para onde seguiu a 3 dezembro 1914, fazendo parte da 1.ª Expedição enviada para aquela colónia portuguesa em África. Terá participado nas ações de defesa e recuperação dos postos invadidos pelos alemães a partir da Namíbia. Embarcou de regresso à Metrópole, a 21 outubro de 1915, chegando a Lisboa em 4 de novembro.

Francisco Martins veio a casar com Maria de Jesus Freire, natural de Almaceda, no dia 8 de Fevereiro de 1917. Logo após o casamento, foi novamente mobilizado para África. Ainda partiu para Lisboa, mas não chegou a embarcar e regressou a Almaceda, ficando aí a viver até cerca de 1930. Terá sido perto desse ano participante activo na Junta de Freguesia de Almaceda, embora se desconheça o cargo que desempenhou. Foi já durante esse tempo que se mudou para o Mourelo, onde chegou a ser Regedor/Cabo de Ordens e onde passou o resto da vida.

Não falaria muito dos tempos que passou em África. Segundo o bisneto Hugo dos Santos Gomes Martins, falava apenas dos animais exóticos que viu em Angola, principalmente dos crocodilos, dos quais tinha muito medo, e de uma ou outra escaramuça pontual, sem mais detalhes.


Do seu casamento com Maria de Jesus nasceram oito filhos, seis dos quais morreram ainda crianças.

Sobreviveram:

1.    Emília Martins, que casou com António Martins e tiveram 1 filha;

2.    Maria Joaquina, que casou com António Martins dos Santos e tiveram 2 filhos.

Francisco Martins faleceu no dia 18 de Março de 1973. Tinha 81 anos.

Está sepultado no cemitério de São Vicente da Beira, onde ainda se encontra a sua campa.

(Pesquisa feita com a colaboração do bisneto Hugo dos Santos Gomes Martins)

Maria Libânia Ferreira

Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

Nota: Alterado após o comentário do Hugo Martins