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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O nosso Natal

Tradicionalmente, os preparativos para o Natal em São Vicente da Beira iniciam-se algum tempo antes do dia 25 de Dezembro.
Os jovens que vão à inspeção militar reúnem-se ao som de uma corneta, e munidos de imensa força, coragem e ajuda de algumas máquinas, procuram nos pinhais e vales da Serra da Gardunha, os melhores e maiores madeiros para acenderem a fogueira. O que acontecerá no dia 24, antes da Missa do Galo.
A Missa é celebrada à meia noite, mas, durante o dia e antes da ida à Missa, há que preparar a Consoada e a Ceia de Natal.
É preciso amassar as filhóses, deixá-las levedar e depois fritá-las à lareira, acesa com lenha de oliveira, onde são colocadas as trempes e sobre elas a caldeira com o azeite ou óleo. As filhoses são tendidas no joelho e ao fritar são viradas com espetos feitos de paus de esteva.
Aproveitando o calor da lareira, está uma panela de ferro com água, onde serão cozidas as couves, as batatas e o bacalhau, que são servidos regados com o fino azeite e acompanhados com o bom vinho da região.
Depois da Consoada, vai-se à Missa, onde, no final, o Senhor Vigário dá o Menino Jesus a beijar. Enquanto os vicentinos, e não só, cantam os cânticos de Natal.

Da vara, nasceu a vara.
Da vara, nasceu a flor.
Da flor, nasceu Maria.
De Maria, o Redentor.

Alegrem-se os céus e a terra.
Cantamos com alegria.
Que já nasceu o Menino.
Filho da Virgem Maria.

Ó meu Menino Jesus.
Ó meu Menino tão belo.
Logo vieste nascer.
Na noite do caramelo.

Um entre muitos outros cânticos, que continuam a ser cantados junto à enorme fogueira, acesa no centro da Praça.
No regresso a casa é a Ceia. Faz-se o gró, (chá com aguardente), comem-se as filhoses, as fatias douradas e outras iguarias tradicionais nesta época.
Na manhã seguinte, os mais novos procuram, junto à chaminé, os presentes que o Menino Jesus deixou em cada sapatinho.
Ao longo dos anos, algumas tradições foram-se renovando e/ou alterando, mas o espírito natalício e a união familiar, mantêm-se vivos entre os vicentinos. Sempre!

M.ª da Luz Candeias

Nota: Texto publicado no livro "São Vicente da Beira - Vila Medieval", de Maria do Carmo Prata, 2001

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Conferência das andorinhas


Fim de tarde de verão.

Depois de um dia de imenso calor, procuro o fresco do jardim.
Entre as flores e a beleza encontro a serenidade e a paz no infinito azul do céu.
Voam abelhas de flor em flor. Atarefadas nas suas missões, nem dão pela minha presença.
Enlaçam-se as flores para chegarem mais alto e mais longe e saudarem o sol a cada manhã (Bons dias).

Olho o céu.
Voam andorinhas, pardais, carriças, labrandeiras e sei lá que mais.
Inquietos os voos de hoje. Nervosos e barulhentos. Porque será?
Vou investigar, talvez descubra porquê.
Sigo-as.
Oiço o barulho que fazem, cada vez mais e mais perto.
Fios de telefone, eletricidade e beirais cheios de andorinhas inquietas.
Algumas fogem com a minha presença mas regressam novamente, outras vão chegando.
Intensifica-se o som e olho mais além e mais alto.
Não há poiso para tantas patinhas de andorinha.
Reunidas em conferência na mais alta e abandonada antena de TV. Qual “sala” mais improvisada, arejada e pequena para poiso de tantas outras que reclamavam nos fios e beirais.

Que discutiam? Que reclamavam?
Estariam só algumas em conferência, (as da antena) e as outras, (dos fios e beirais), protestando?
Que dirão de sua justiça?
Que regras terão de mudar, pela instabilidade do tempo e pela destruição humana?
De que leis terão de abdicar para continuar a seguir os seus instintos naturais e os seus voos livres?
Que liberdade terá o futuro?

Subitamente fez-se silêncio.
As andorinhas abandonaram os seus poisos e regressaram aos seus ninhos.
O sol já finda no horizonte e a noite não tarda a chegar.

É hora de regressar a casa e no aconchego dos seus ninhos, adormecerem entre penas e sonhos de liberdade.

Luzita

21/Julho/2010

domingo, 5 de junho de 2016

Juventude que já lá vais...


Quando recebi esta foto do Zé Teodoro que, por sua vez a recebera da Luzita Candeias (essa nossa menina!), para comentar qualquer coisa sobre ela, não sabia, num primeiro momento, o que dizer. Por isso, mal alvitrei o título deste texto que será, decerto, para vós, apenas um vulgaríssimo lugar comum.
Mas, bom, tinha, forçosamente, que pensar em juventude! Quantas alegrias, quantos projetos, quanta inspiração, quantos versos escritos, quantas coisas bonitas se escrevem sobre ela!
Depois, pensei no tempo, esse grande mestre! Aquele, como sabeis, do qual Santo Agostinho dizia não saber o que seria, se lhe perguntassem. Mas que saberia, com certeza, o que era, se não lhe perguntassem!
Ora, se o Santo não pôde defini-lo, como poderei eu, simples mortal, carregar sobre mim tão hercúlea tarefa?! Confessemos a nossa ignorância e não mexamos, pois, no assunto, porque nada sabemos sobre ele!
Só há uma coisa que sabemos: é a ação que ele tem sobre nós! Porque o sentimos! E é também o que experimentamos quando olhamos para uma fotografia da nossa juventude, como foi agora o meu caso, já que sou um dos que nela estão incluídos!
Mas, curiosamente, a surpresa, embora agradável, não foi total. E com isto espero não desiludir a Luzita. As razões são duas.
Em primeiro lugar, não é a primeira vez que, publicamente, faço o exercício de tentar identificar os figurantes de uma fotografia da nossa juventude em S. Vicente da Beira, tirada há décadas. Nesta, estou eu próprio e mais alguns que irei identificar. Já lá vamos! Mas havia outras fotografias em que estavam outros nossos coevos compagnos de route. Tal exercício aconteceu numa das “Noites da Taberna”, na Casa do Hipólito Raposo, organizadas pela Junta de Freguesia. Em que o José Manuel dos Santos apresentou uma fotografia com alguns jovens vicentinos que, a custo, lá consegui decifrar!
Em segundo lugar, porque a fotografia, que agora aqui se junta, já tinha sido exibida pelo Tó Sabino, o ano passado, nos dias das Festas de Verão, na praça, através de slide, num grande ecrã, nos intervalos da publicidade!
Sobre o caso, queria ainda dizer duas coisas. Desde logo, eu, pessoalmente, não fazia a mínima ideia que tinha tirado tal fotografia e muito menos sabia que alguém a tinha em seu poder. E nem sei como foi parar ao Tó Sabino. Ele saberá. Não cheguei a falar-lhe sobre isso. Ele já fez algumas exposições de fotografias antigas de pessoas e coisas ligadas a São Vicente. Mas, certamente, deve ter sido fornecida por algum dos que nela figuram.   

Depois, numa das noites de arraial das da Festas de Verão, quando a fotografia apareceu no ecrã da praça, sucedeu uma coisa curiosa. É que eu, neste caso, não consegui identificar todos os que lá estão! Apesar de eu próprio lá constar. E foi a Jú Jerónimo, estava ali perto, que me elucidou. Pelo que, se hoje consigo saber quem eles são (embora não saiba o nome de alguns, porque não são da vila), isso só foi possível com a ajuda dela!
O que posso dizer, então, sobre isto? É o seguinte: a fotografia deve ter sido tirada, talvez, em 1969 ou 1970, pelo João Duarte do Casal da Fraga, conhecido por João Brito ou João da Mila. Ele tinha uma máquina fotográfica a preto e branco e andava a tirar-nos fotografias para depois nos vender como recordação. O café onde foi tirada é, de facto, o da Sra. Tomásia, mas acho que, à data, ainda seria da Sra. Eulália. Digo isto porque na fotografia está um filho dela, o Júlio, e ao meio está um rapaz colega dele da tropa com uma bandeja com copos, na mão. Os figurantes são, então, da esquerda para a direita: Miguel Rodrigues (ou Miguel Prata), conhecido por Leca. A seguir está o João Pereira (para nós, João Rolo). Depois vem um indivíduo (filho?) de um feirante que vinha sempre às Festas de Verão (de quem não sei o nome). Ao meio, com a bandeja, está o rapaz que era colega de tropa do Júlio (de quem não sei o nome). Depois, atrás, e sempre no sentido indicado, está o Júlio, estou eu, o José Joaquim Roque Henriques (o Coluna), infelizmente já falecido. A seguir o Francisco Vitório (Chico da Mercês ou Chico Guião). Há ainda um outro personagem que mal se vê e por isso não se sabe quem é.
Antes de terminar deixem-me ainda que vos diga que a surpresa, embora não tendo sido total foi, isso sim, muitíssimo saborosa! Obrigado, Luzita e beijinhos!

Luzita Candeias (foto)

José Barroso (texto)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Corso Carnavalesco

Finalmente, as prometidas fotografias do corso de Domingo de Carnaval.
Este ano, a organização coube à Banda Filarmónica. E, em ano de centenário, não faltaram os pais fundadores: Padre Santiago e Ti Valério!







Fotografias do Dário Inês.


A Luzita Candeias também me mandou fotos, estas da contradança carnavalesca do ano passado, no Casal da Fraga, junto à capela de Santa Bárbara. Os entrudos-artistas são do Racho Folclórico. Deixo-vos algumas.