quarta-feira, 12 de julho de 2023

A Misericórdia no Festival

 
Foto do Adelino Costa, provedor da Santa Casa da Misericórdia

A Santa Casa também esteve representada na festa, com venda de produdos à porta da sacristia da Igreja da Misericórdia. E trouxe alguns utentes do Lar para esse espaço.

Mas a novidade, à margem do programa oficial, é que a a sua arte sacra se tornou uma das principais atrações do Festival, com imensos visitantes. Em parte isso explica-se pela novidade que a foto acima nos mostra: a Santa Casa mandou restaurar a antiga carreta que se encontrava abandonada numa arrecadação anexa à capela de São Francisco. Esta carreta transportou e vai transportar o corpo de Cristo, na Procissão Quaresmal do Enterro, na Sexta-feira Santa.

José Teodoro Prata

terça-feira, 11 de julho de 2023

A festa do Festival

 O festival foi positivo porque, além das muitas coisas boas da programação, permitiu-nos voltar à normalidade da nossa vida comunitária e testar a capacidade/necessidade de os nossos representantes do concelho e da freguesia fazerem aquilo para que foram eleitos.

Penso que já foi tudo dito entretanto, pois as redes sociais e os sites estão cheios de comentários e fotografias, realçando sobretudo as coisas boas.

Para melhorarmos, apenas duas achegas: 

1. A minha prima Rosário disse na apresentação do livro da Etnografia de S. Vicente da Beira que no seventre o fígado deita-se no final e desliga-se/tira-se logo do fogo, para não ficar duro. É mesmo assim!

2. No domingo, ao fim da tarde, voltei à nossa terra (estivera apenas no sábado) para ouvir novamente as Sopa de Pedra. É um coro feminino que nos encantou na última edição antes da pandemia. Afinal a Sopa de Pedra prometida no programa era mesmo a sopa ribatejana, que a Junta ofereceu à população no final da festa. Ok, tudo bem, apanhei uma desilusão, mas o pessoal terá adorado. Mas, já agora, nós também temos sopa de carne, com carne de porco, muitas vezes já curtida no sal, couve e feijão grande. Porquê dar-lhe um nome que não é nosso/fazer uma sopa que não é nossa? Não havia necessidade!

Um comentário: Fico arrasado cada vez que visito a exposição dos minerais do João Paulino. Aquilo é de uma dimensão...

E uma sugestão: Vejam a excelente coleção de fotografias que a Beira Baixa TV tem aqui (apenas do dia 9, sábado): https://www.facebook.com/100064338295558/posts/673735228114414

José Teodoro Prata

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Dois sanvicentinos

 José Candeias entrevista Isabel Teodoro, a propósito do lançamento, amanhã, do livro Etnografia de S. Vicente da Beira.

Ouvir aqui, a partir do minuto 17:23 -  https://www.rtp.pt/play/p661/e703509/jose-candeias

José Teodoro Prata

quarta-feira, 5 de julho de 2023

O nosso FESTIVAL



 

Maria Libânia Fereira e Conceição Teodoro

sábado, 1 de julho de 2023

Mãos

 O livro Alma da Terra, do Pedro Martins, é uma obra de arte que, para lá da beleza surpreendente das fotografias publicadas, nos faz sentir a impossibilidade de, mesmo com todos os sentidos bem apurados, observamos o mundo à nossa volta nos detalhes mais interessantes.

Esta, é uma das que elegeria, se tivesse que destacar alguma, talvez porque também é a única que apresenta o elemento humano.


É a fotografia das mãos do senhor Domingos, avô do Pedro Martins, quando tinha já 100 anos; tão iguais às dos avós de muitos de nós.

E fizeram-me lembrar o poema “As Mãos” do Manuel Alegre, principalmente nestes versos:

“Com as mãos se rasga o mar.

Com as mãos se lavra.

Não são de pedra estas casas,

Mas de mãos.

(…)  

E cravam-se no tempo como farpas

As mãos que vês nas coisas transformadas.”

Deve ser por isso que, com frequência, quando olho para tantas coisas à minha volta, me lembro ou ponho a imaginar as mãos calejadas dos artistas que as fizeram.

M.L. Ferreira

NOTA: O Pedro Martins é um fotojornalista, nascido no Vale de Figueiras

sábado, 24 de junho de 2023

O homem do fato de canela, os três seios e o mais que se verá

 

[Dedico este escrito aos dois pilares deste Dos Enxidros, o Zé do tio António, o pilar maior, e a M. Libânia, pilar quase da mesma estatura].

O homem chama-se Manuel da Silva Ramos e publicou ultimamente Grito de liberdade na Rua da Cale (ed. Parsifal, Nov. 2022). Cruzámo-nos, faz tempo, ali na avenida Guerra Junqueiro, indiferentes, cada um na sua vida. Ao livro, cheguei pelo título e pela soberba fotografia, na capa, dessa rua que chegamos a sentir como nossa, no Fundão.

Li com prazer o livrinho, onde se respira o ar do Fundão (e de certas envolventes, humanas e geográficas, que também conhecemos) em três escritos de temas e tempo distintos. Uma obra que, na criação e/ou na edição teve o apoio da senhora Câmara Municipal do Fundão, que se saúda. Conservo o meu exemplar; que me há-de servir no futuro, como direi mais adiante. 

Eu gosto do que vai publicando este senhor, nascido no Refúgio, sem me impressionar com uma certa linguagem desbragada, que usa com alguma frequência, na forma de palavrões vários, desses que se ouvem por aí a cada passo. O livro com que debutou foi Os três seios de Novélia, um dos quatro textos ali reunidos (Prémio de Novelística Almeida Garrett, 1968), que não li ao tempo da edição, está ali na fila para uma leitura antes do Verão. 

Sabido quem é o senhor, vamos ao fato de canela. Há uma meia dúzia de anos, pouco mais, tendo gasto meias solas a procurar um certo livro, sem conseguir achá-lo por estas bandas (Lisboa e envolvente geográfica), pedi a uma mãe e filha que foram à Covilhã tratar da vida, que o desencantassem nalguma livraria, ali, ou no Fundão, ou em Castelo Branco. Regressaram-me ambas com o recado por fazer, isto é, sem um exemplar do dito e sem terem desencantado estabelecimento livreiro por aquelas bandas. Será que não existiam há coisa de 10 anos? Do livro conservo de memória o título, que aqui deixo registado: Pai, levanta-te, vem-me fazer um fato de canela! (ed. A23 Edições, 2013). Um achado, não é?

O livro ficou por ler, mas ainda há esperança. Aqui vai: se V. que me lê tem um exemplar do Pai, levanta-te, vem-me fazer um fato de canela!, aceite uma troca com o meu Grito de Liberdade na rua da Cale. Conto com notícias nos próximos 15 dias, para podermos avançar com a permuta.

Tinha mais para dizer, mas fico por aqui, porque devem ser curtos os escritos nos blogues. Voltarei ao senhor Manuel, do Refúgio, um dias destes, com uma história que acompanhei, envolvendo outro dos seus livros. Até lá.

J. Miguel Teodoro

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Agricultura regenerativa

 Um estudo recente projeta para 2100 um clima semiárido para dois terços do território português, com subida da temperatura média em 6 graus e metade da chuva atual, pois em cada 10 anos haverá 7 de seca. Castelo Branco terá um clima semelhante ao do sul de Beja.

Perante este cenário, só temos uma saída: não é reclamar água para a agricultura que se quer fazer, é fazer a agricultura que se pode fazer com a água que se tem. 

Nesse sentido, as universidades e alguns agricultores têm apostado num novo conceito para o aproveitamento dos solos: a agricultura regenerativa, baseada nas práticas agrícolas tradicionais da bacia do Mediterrâneo.

As chuvas serão cada vez menos frequentes e mais intensas. O solo é o maior reservatório, mas em Portugal os solos são pobres e, por isso, têm pouca capacidade de retenção da água. O que a agricultura regenerativa defende é aumentar a matéria orgânica na terra para esta criar as condições para uma maior absorção da chuva.

Os animais da pastorícia comem as ervas e deixam o estrume. A matéria orgânica comporta-se como uma esponja na absorção da humidade e tem de se apostar em árvores pouco exigentes em água.

Por outro lado, é aconselhável lavrar a terra o menos possível, pois a consequente exposição da terra nua ao sol descontrola por completo a microbiologia, uma vez que no tempo quente a superfície da terra lavrada atinge uma temperatura muito superior à terra com cobertura vegetal.


PS: Fiz este texto para um podcast recentemente emitido na Rádio Castelo Branco. Podia indicar-vos links para lerem notícias interessantes sobre este tema, mas os jornais não dão acesso livre ao público, pelo que é preferível escrever agricultura regenerativa no Google e escolher de entre o que aparecer.

Há anos, nos Cebolais, o senhor que costumava ir lavrar a pequena horta dos meus sogros disse-me que só lavrava um pedacito para fazer horta e nas oliveiras bastava cortar a erva. Depois comecei a fazer a mesma coisa no Ribeiro Dom Bento e já concluí que é o mais correto, pois a terra absorve mais água, retem por mais tempo a humidade e não aquece tanto.

José Teodoro Prata