terça-feira, 8 de julho de 2025

Festas de Verão, 2025

Cortei os patrocínios, para se conseguir ler, mas continua difícil, pois são muitos dias de festa e consequentemente a letra tem se ser pequena.

José Teodoro Prata

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Cuidar de nós

 
Hoje, desde o raiar do dia até o sol abrasar, a passarada do Ribeiro Dom Bento ofereceu-me um maravilhoso concerto. A certa altura passei por esta amendoeira, uma das poucas que ganhou frutos após uma época de floração excessivamente chuvosa. Fiquei chocado, indignado com os pássaros frugívoros. Mas depois ri-me de mim próprio. Querias concerto de graça?!

José Teodoro Prata

terça-feira, 1 de julho de 2025

Quinteiro, de quinto, originou quinta?

 No livro “Portugal na Espanha Árabe”, de António Borges Coelho, na “II Parte – História do Andaluz, no subcapítulo “Partilha da terra entre os conquistadores” informa Ibne Mozaine de Silves:

«Conquistada Espanha, Muça […] dividiu o território da península entre os militares que vieram à conquista, da mesma maneira que distribuíra entre os mesmos os cativos e demais bens móveis colhidos como presa. Então deduziu o quinto das terras e dos campos cultivados […]. Dos cativos escolheu cem mil dos melhores e mais jovens e mandou-os ao emir dos crentes […], mas deixou os outros cativos que estavam no quinto, especialmente camponeses e meninos adscritos às terras do quinto, a fim de que o cultivassem e dessem o terço dos seus produtos ao Tesouro Público. Eram estes a gente das planícies e chamou-se-lhes quinteiros e a seus filhos, os filhos dos quinteiros.»

José Teodoro Prata

domingo, 29 de junho de 2025

Egitânia

Ando a ler o livro “Portugal na Espanha Árabe”, de António Borges Coelho. Sobre a nossa Idanha-a-Velha, informa do seguinte, na “I Parte – Geografia”, capítulo “O Garbe no século X pelo mouro Ahmede Razzi", subcapítulo “Do termo de Egitânia”:

 

«O termo de Coimbra parte com o de Egitânia. Egitânia encontra-se a oriente de Coimbra e ocidente de Córdova. É uma cidade muito antiga, situada sobre o Tejo, forte e bem dotada com um território bem provido de cereais, de vinhas, de caça e de peixes e um solo fértil. Neste território há fortes castelos onde o clima é muito são, tal como o de Monsanto, que é muito sólido; o de Arroches; o de Montalvão, que se encontra no cimo de um monte muito elevado; o de Alcântara que é uma bela localidade. Há em Alcântara uma ponte sobre o Tejo de que se não poderia encontrar semelhante no mundo; o território desta vila é propício à criação de gado, à caça e à criação de abelhas. De Egitânia a Córdova são 380 milhas.»

 

Notas: Neste mesmo subcapítulo, Ahmede Razzi faz referência ao castelo de Ourique (Ereyguez), no termo de Beja; Garbe designava o território ocidental do Andaluz (Espanha muçulmana), o qual abarcava o território ocupado hoje por Portugal e ainda as cidades de Badajoz e Mérida; o Garbe (Ocidente) foi encurtando com a Reconquista, até ficar reduzido ao Algarve, topónimo que dele deriva; a Egitânia era pois a cabeça de um grande território, entre os territórios de Coimbra, Santarém e Beja (Évora pertencia a Beja); foto do interior da catedral da Egitânia, com seus arcos em ferradura, da época em que foi mesquita muçulmana (de https://www.minube.pt/sitio-preferido/catedral-de-idanha-a-velha-a3651823).


José Teodoro Prata

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Ó meu São João Batista

 Acordei com um forte batuque e vozes de mulheres a cantar. Cheguei-me à janela e uma pequena multidão descia a rua, atrás de adufeiras, que cantavam e bailavam ao ritmo dos seus adufes.

São João subiu ao céu

A regar o seu jardim.

Trouxe um cravo p´ra Sant´Ana

Outro p´ra São Joaquim.


Vesti-me à pressa, saí para a rua e misturei-me com as pessoas. O que é isto?, perguntei. São as adufeiras de Penha Garcia, é uma homenagem à Ti Rita!, alguém me informou.


São João não tem capela

Venha cá que la darei.

Tenho cá cravos e rosas

E outras flores buscarei.


Descemos a rua e o cheiro a rosmano e marcela a arder sentia-se cada vez mais forte. Na praça ardia uma grande fogueira e em volta um grupo fazia coro com o Manel Ceguinho que tocava na concertina uma modinha do São João. As adufeiras e acompanhantes juntaram-se a eles e depois todos se dirigiram para o pelourinho, onde lançaram ginjas à rebatinha.

Esta noite hei de ir às ginjas

Esta noite hei de ir a elas – ai lindó.

Quem as tiver que as guarde – ai lindó

Se não ficará sem elas – ai lindó.


Fui beber água à fonte de São João. Como estava linda, enfeitada com vasos de cabeleiras brancas amareladas! Quem fez isto tudo? Como apareceram aqui? As crianças da escola!, disseram-me. E os papelinhos com as quadras ao São João? Também foram elas.

São João lá vai lá vai

Ai se lá vai, deixai-o ir.

Ai qu´ele é menino mimoso

Ai vai ao céu e torna a vir.


Desci a Rua do Beco e, em frente à padaria, as filhas da Sr.ª Céu tinham trazido um cântaro para a rua, que rapazes e raparigas, em fila e de costas, lançavam à pessoa que estava atrás de si. Além falhou e o cântaro caiu no chão e ficou em cacos. Risada geral.


São João era bom homem

Se não fosse tão velhaco.

Ia à fonte com três moças

E vinha de lá com quatro.


Mais animação no largo da Fonte Velha, também ela enfeitada com cabeleiras. Outra fogueira ardia, enchendo o largo de fumo acre do rosmaninho e adocicado da marcela. Rapazes saltavam as chamas, constantemente avivadas pelo guardião da reserva de rosmano ali ao lado. Um tocador desceu a Rua da Costa, vindo lá do alto de onde se avistava fumarada. Era o Zé Té-Té, com a concertina, que deu voltas à fogueira com os rapazes e as raparigas a cantar e a bater palmas.


Para o São João que vem

Já não moro nesta rua.

Inda não tenho casa

Menina arrende-me a sua!


Depois seguiu pela Rua Velha e eu segui os foliões. Ao fundo da Rua Nicolau Veloso, mais animação, e na Fonte de São António juntámo-nos às adufeiras acabadas de chegar. Os adufes e a concertina animaram um bailarico em frente à casa do sr.º Manel da Silva.


Donde vens tu São João

Donde vens tão molhadinho?

Venho do rio Jordão

De regar o cebolinho.


O cortejo voltou à Praça e, surpresa, já não era um tocador, eram muitos, cada um vindo de um cruzamento de ruas, todos convergindo para o centro. Quem são? Porquê tantos?, perguntei. São os da Carapalha e vieram recordar todos os nossos tocadores de concertina.


No altar de São João

Nasceu uma cerejeira.

Qual será a mais ditosa

Que lhe colherá a primeira?


O arraial de São João estava animado, mas eu regressei à minha rua, atraído pelo cheirinho a sardinha assada do tradicional arraial organizado pelo Zé Cavalheiro. Estavam os vizinhos todos, às voltas com sardinhas, pão e vinho, em alegre cavaqueira. Na fonte havia vasos de manjericos. Passei-lhes a mão, cheirei e fui ficando, sem pressas de voltar aos lençóis.


Do São João ao São Pedro

Quatro a cinco dias são.

Moças que andais à soledade

Alegrai o coração.

Notas:

1.     Não há sincronia neste texto, pois cruzo nele pessoas e tradições de épocas diferentes.

2.     Um dia, poucas semanas antes do início da pandemia, reuni-me com o Carlos Semedo, sugerindo-lhe a realização de algumas das nossas tradições do São João, no Festival Água Mole em Pedra Dura, que se realizava no fim de semana próximo da festa deste santo. Este texto é um pouco do que combinámos, mas ficou por concretizar.

3.     As quadras foram retiradas do livro Etnografia de S. Vicente da Beira, de Isabel Teodoro

José Teodoro Prata

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Sardinhada dos santos populares

E depois fazemos estas coisas!

Faltando-nos a orientação dos poderes, juntamo-nos e convivemos, em multiplas inicativas. Desta vez, a Comissão das Festas de Verão. É sinal de uma comunidade bem viva!

(ver publicação anterior).

José Teodoro Prata
A foto penso que é do Paulo Mateus

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Afirmação


No tempo das presidências da Junta pelo meu primo Prata e pelo Vítor Louro, organizei  passeios (não eram caminhadas) por São Vicente e cercanias, mas sempre com uma organização mais que rudimentar.

Lancei e organizei a Rota da Promessa, a cumprir o estabelecido por D. Afonso Henriques de ir todo o povo uma vez por ano, em romagem ao Castelo Velho a relembrar a batalha da Oles e a ajuda do nosso povo na vitória do exército português; isto em troca da criação da povoação e do nome São Vicente. Não pegou.

Também organizei e lancei a ideia da Rota da Garça Real, em volta da barragem, rota fácil e igualmente linda, mas também não vingou.

Numa das nossas festas de primavera, organizada pela Câmara e Junta, esteve na Vila o meu amigo André Gonçalves, em representação de Almaceda. Realizara de manhã um dos passeios, penso que o Por cantos e recantos de São Vicente (o título era mais bonito, mas não me  lembro). Falei-lhe desse projeto e no ano seguinte nasceu o projeto acima apresentado, contando no segundo ano com cerca de duzentos participantes. Vingou a ideia e tornou-se marca.

Tivemos uma marca fortíssima, o Festival Água Mole em Pedra Dura. Também a deixámos perder. E não me venham, dizer que... Sarzedas não abandonou a sua marca de sucesso, Sarzedas Vila Condal, mesmo quando deixou de ser uma organização conjunta da Câmara e da Junta para passar a ser apenas da responsabilidade da Junta, como são todas as que agora se realizam nas povoações do concelho.

Depois do tempo das infraestruturas dos mandatos do Francisco Alves, Ernesto Hipólito e Pedro Matias, veio o tempo do bem-estar. Já vamos na terceira liderança, nada se afirmou e continuamos em queda desde meados do mandato do Vítor Louro.

Mas podia e devia ser diferente!

Nota: Também se organizaram caminhadas pela Gardunha, promovidas por outras pessoas e entidades (Gega, Junta...), mas nenhuma logrou vingar.

José Teodoro Prata