sábado, 9 de abril de 2011

Borboleta


Hoje, passei, no Sobral, e fui comprar queijos, ao Veríssimo.
Encontrei esta borboleta pendurada nas fitas da porta da queijeira. No chão, estava outra, do mesmo tamanho. Nunca vira borboletas tão grandes!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Património religioso


Alguns aspetos do texto introdutório às fotos da Procissão dos Terceiros, na última publicação, merecem uma explicação mais desenvolvida.
Há anos que concluí ser o património religioso o nosso bem mais precioso. Destaco a arquitetura (os templos, os Passos e o Calvário), a pintura (nos tetos dos altares-mores da Matriz e da Misericórdia e os quadros da via-sacra), a escultura (estátuas e talhas douradas), os rituais religiosos da Quaresma (Ladaínhas, Martírios, Procissão dos Passos, Procissão do Enterro), as romarias de Santiago e da Senhora da Orada, a festa do Santo Cristo e ainda a Missa do Galo com a fogueira de Natal.
Embora o património religioso da freguesia seja ainda mais amplo, a súmula apresentada já diz bem da riqueza que possuímos. Este património, sempre enquadrado na religiosidade do seu povo e na paisagem natural em que se insere, é de facto a nossa galinha dos ovos de ouro.
No entanto, ele perderá a grandeza do seu valor de for esvaziado da religiosidade das pessoas, a razão da sua existência e do seu significado.
No último Dezembro, desloquei-me a Idanha, para participar no lançamento das actas do colóquio de história local, de Junho de 2009, em que colaborara. Nessa altura, fora lançada a ideia de candidatar as tradições quaresmais de Idanha a património mundial. Agora, foi apresentada a opinião do Doutor Marinho dos Santos, consultado sobre essa questão. E este estudioso, que, nos colóquios de 2009, se emocionara com a representação popular de algumas dessas tradições, apresentou reservas a essa candidatura, pois não tinha a certeza se estava garantida a sua sobrevivência genuína, num futuro próximo.
Por isso, sem querer competir com o Pe. José Manuel na orientação do rebanho de Deus, apenas alerto que a sobrevivência das nossas tradições religiosas só estará garantida se enquadrada na religiosidade do povo que as criou e manteve até hoje.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Procissão dos Terceiros

Foi linda a procissão deste domingo!
As máquinas a registar imagens eram tantas que até me senti inibido de usar a minha.
A devoção lia-se nos rostos concentrados. Afinal, ela atraíra ali a maioria dos participantes.
Fizeram falta dois ou três mestre de cerimónias, como os de antigamente, para coordenar todo o movimento do conjunto. E também explicar aos mais jovens que o momento é solene, mas de devoção, não de festa. Se não, um dia o Pe. José Manuel zanga-se e matamos a nossa galinha dos ovos de ouro.
Além destes dois reparos (mesmo nos grandes êxitos, devemos ter consciência do que devíamos ter feito melhor), a Procissão dos Terceiros foi um enorme sucesso: gente de fora, andores novos, muita juventude (nem sabia que tínhamos tantos jovens) e algumas instituições da comunidade totalmente empenhadas: bombeiros, rancho folclórico, banda filarmónica, catequese...
Como dizia o meu pai, quando acabávamos um trabalho: está bom e fomos nós!


São Francisco de Assis


Rainha Santa Isabel


A Imaculada Conceição


A descer a Rua do Convento


Santa Clara


São Ivo


São rosas, Senhor!


Santa Rosa


A nossa banda. O Mestre não deixou o rebanho entregue ao Senhor. O que ele trabalhou!


O regresso a casa.


Quem transportou os andores na Procissão de 2011, para que conste.

domingo, 3 de abril de 2011

Os franciscanos em São Vicente

A presença franciscana remonta, na nossa terra, possivelmente, ao século XV ou XVI. Quase todos os templos da Vila são desses finais dos tempos medievais e inícios da Idade Moderna, excepto a Igreja Matriz (erigida na época da fundação da povoação) e a Orada (é muito mais antiga que a Matriz, mas a actual capela também foi construída naquele período).
Nesses fins da Idade Média, São Vicente terá alcançado o seu máximo desenvolvimento económico e social. Houve então riqueza para levantar templos, palácios e equipamentos públicos, como a Câmara Municipal e o Pelourinho.
A capela de São Francisco não foge a esta regra. O grande arco de volta perfeita, no seu interior, com a aresta cortada, é, na nossa Beira, tipicamente quinhentista. Esteve, até há poucos anos, pintado de azul (Já não me recordava, lembrou-mo, há uns tempos, a Ilda Jerónimo).


Mas o templo não foi, desde o início, de devoção a São Francisco, mas sim a Santo António, ele próprio franciscano e contemporâneo do fundador da Ordem Franciscana, com quem ainda se encontrou, na Itália que depois o adotou como seu e onde se tornou um dos santos maiores da Cristandade.


Foi, pois, a capela dedicada a Santo António, até 1744. Nesse ano, veio a São Vicente um grupo de frades franciscanos pregar uma missão. E a sementeira foi de tal modo fecunda que, nos anos seguintes, a capela deixou de pertencer apenas a Santo António para a ser, sobretudo, dedicada a São Francisco. Nela teve sede, logo de seguida, a Irmandade da Ordem Terceira e terá sido criada também, por esses anos, a procissão dessa mesma irmandade, a Procissão dos Terceiros que hoje vai, novamente, percorrer as ruas da nossa Vila.


São Francisco recedendo a bula da criação da Ordem Terceira das mãos do Papa Inocêncio III.

Ainda por esses anos, foi edificado o Calvário, quase em frente à capela. Já estava construído em 1758. O Calvário servia de palco, ainda é, de uma outra grande tradição vicentina, a Procissão dos Passos, na Sexta-Feira Santa. Mas também esta tradição tem origens franciscanas, esta das Religiosas do Convento, igualmente fundado no século XVI. Mas este assunto fica para desenvolver, noutra ocasião.
A capela nunca deixou de ser dedicada também a Santo António. A sua festa ainda se realiza, anualmente, no terceiro domingo de Agosto. Quando era criança, questionava os adultos sobre a pertença da capela. Uns ainda se lhe referiam como capela de Santo António, a maioria de São Francisco, mas depois lá vinha a festa de Agosto, para me voltar a baralhar.
A doação da capela a São Francisco marcou também a toponímia local. Toda a zona envolvente da capela tem o nome do santo assim como tomou o seu nome o caminho, hoje rua, de saída da Vila em direção ao Casal da Fraga e à parte superior do vale da Ribeirinha.
Às vezes, é preciso olharmos para longe, a fim de percebermos a verdadeira grandeza do que temos. Neste caso, para o Violeiro. Em 1766, faleceu Brittis Maria Cabral de Pina, viúva do Sargento-Mor Domingos Nunes Pouzaõ do Violeiro, antepassados dos viscondes de Tinallhas, como já expliquei no artigo referente ao Cabeço do Pe. Teodoro. Na hora da sua morte, Brittis Cabral de Pina quis que o seu corpo fosse amortalhado com o hábito de São Francisco. Há meses, o Irmão José Amaro, também do Violeiro, contou-me que, ainda adolescente, teve de calcorrear o caminho do Violeiro até São Vicente, descalço, à frente de um carro de bois, para fazer o funeral do seu avô. Isto cerca de 1950. Passaram junto ao cemitério da Partida, mas não puderam parar, pois o avô exigira ficar sepultado no chão sagrado de São Francisco.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

domingo, 27 de março de 2011

Canção de embalar

Como a peça de teatro infantil do passado fim de semana, apresentada em "A Coca", se destinava a um público restrito, poucos terão lido o comentário da Ana. Ela é (será?) filha da Rita Alves Barroso. A canção de embalar chegou-lhe via avó Maria dos Anjos Alves, que a cantava aos filhos Rita, Bernardo e Francisco.
A canção é preciosa. Pena não a poder apresentar acompanhada por aquele canto arrastado e doce, quase segredado ao ouvido do bebé-menino, para o acalmar e adormecer. E é uma esperança que uma jovem mãe ainda a cante aos seus meninos.
Fez-me lembrar uma cena do livro 1984, do George Orwell, quando os protagonistas da história tentam libertar-se do controle e dos condicionalismos do Big Brother, refugiando-se um dia no campo e reaprendendo os aromas das flores silvestres. Hoje, condicionados por tantos big brothers, vamo-nos esquecendo de algumas coisas essenciais e é bom encontrar alguém que resiste!

Vai-te embora bicha coca
Vai-te embora do telhado
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado

Dorme dorme meu menino
Foi-se o sol nasceu a lua
Qual será o teu destino
Que sorte será a tua

Riquezas tenhas tão grandes
E tal bondade também
Que ao redor de onde tu andes
Não fique pobre ninguém

Mas se oiro for mau caminho
Antes tu venhas a ser
O maior pobrezinho
De quantos pobres houver

sábado, 26 de março de 2011

Amigos dos Castelos

Acabo de chegar de São Vicente, onde guiei a visita de um grupo de pessoas da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos.
O grupo excursionista veio de Lisboa e passou o dia nesta encosta da Gardunha: Castelo Novo, Alpedrinha, um saltinho a Alcongosta para verem as cerejeiras em flor (que ainda não floriram), Póvoa da Atalaia e São Vicente da Beira.
A chegada à Fonte Velha estava marcada para as 17.30h, mas só chegaram às 18.30h, hora a que já lhes apeteceria rumar a Lisboa.
Mas parara de chover e um lindo arco-íris curvava o céu sobre o Caldeira. Levei-os à Igreja Matriz, à Igreja e Museu da Misericórdia (fizeram sucesso as matracas e o quadro de agradecimento ao Santo Cristo, de um antepassado do actor Robles Monteiro), admiraram o Pelourinho já no lusco-fusco e ainda insisti para que conhecessem a nossa antiga Câmara.
Surpreenderam-se com as nossas tradições quaresmais (procissões dos terceiros, dos passos e do enterro), mas partiram, sem a promessa de regressarem nos próximos dias.
Soube a pouco, mas há que semear para um dia colher!
Embora ali estivesse a pedido da Junta de Freguesia, a entidade que a Associação contactou, o meu agradecimento especial ao João Maria dos Santos, da nova Mesa da Santa Casa, pelas quase duas horas de espera que passou na Misericórdia.