domingo, 5 de julho de 2020

Amália no Fundão

O António Fernandes, de Aldeia de Joanes, publicou no facebook um texto sobre Amália Rodrigues no Fundão, o seu concelho de origem.

José Teodoro Prata

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Vicentinos ilustres

D. Álvaro da Costa

Em 2012, participámos nas Jornadas Europeias do Património. O tema era O FUTURO DA MEMÓRIA. Entre outras iniciativas, deram-se a conhecer os vicentinos mais insignes (se é que há uns mais que outros). Essa foi a parte que me coube, a pedido da Junta de Freguesia, de que resultou um conjunto de placares, cada um com uma personalidade. A exposição foi apresentada na casa Hipólito Raposo, à Fonte Velha.
Os materiais perderam-se, mas tenho-os em PDF, assim como os documentos necessários para compor cada placar. 
Vou dá-los a conhecer a partir de hoje, seguindo a ordem alfabética.

Pintura representando o casamento do rei D-Manuel. D. Álvaro da Costa será a personagem à direita do rei, de barbas brancas, com a cruz da Ordem de Cristo ao peito.

VIDA E OBRA
- Nasceu em São Vicente da Beira, cerca de 1470.
- Era filho de Martim Rodrigues de Lemos e de Isabel Gonçalves da Costa, herdeira da fazenda vinculada do Ninho do Açor. Martim de Lemos foi comendador de São Vicente da Beira na Ordem de Avis. O casal tinha casas na vila.
- Álvaro da Costa tornou-se escudeiro-fidalgo da Casa Real, por influência de D. Jorge da Costa, o cardeal de Alpedrinha, seu familiar. Foi guarda-roupa e camareiro-mor de D. Manuel I e depois armeiro-mor do Reino e conselheiro de Estado. Recebeu do rei o título de Dom.
- Casou com D. Beatriz de Paiva e tiveram 5 filhos: D. Gil Eanes da Costa (vedor da Fazenda e membro do Conselho de Estado de D. Sebastião), D. Duarte da Costa (armeiro-mor do Reino e 2.º Governador Geral do Brasil)…
- Foi embaixador de D. Manuel I a Espanha e a Roma.
- Deteve a comenda de São Vicente da Beira na Ordem de Cristo, organização de que era membro.
- Desempenhou o cargo de vedor da Casa da rainha D. Leonor.
- Foi o 1.º provedor da Misericórdia de Lisboa.
- D. Álvaro da Costa foi sepultado no Convento de Nossa Senhora do Paraíso, em Évora, num túmulo do escultor renascentista Nicolau de Chanterene.

 Uma das nossas jóias do estilo artístico chamado manuelino: pia de água benta da capela da Senhora da Orada.
Como comendador da comenda de São Vicente da Beira da Ordem de Cristo, este Grande do Reino era o dirigente máximo da empresa (a comenda) que geria os bens religiosos no concelho de São Vicente da Beira. Esta pia e outras obras de arte da nossa terra terão sido adquiridas por D. Álvaro da Costa. O futuro museu de arte sacra dar-nos-à a conhecer outras preciosidades com que o comendador proviu as nossas igrejas e capelas.

Brasão dos Costa

Carta de D. Álvaro da Costa ao rei D. Manuel.

Túmulo de D. Álvaro da Costa, no Museu de Évora, proveniente da capela mor do convento dominicano do Paraíso, Évora, demolido em 1899.

José Teodoro Prata

domingo, 28 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos Esteves (do Mourelo)


Domingos Esteves nasceu no Mourelo, a 26 de Abril de 1894. Era filho de Manuel Esteves e Josefa Maria. 

Ficou órfão de pai e mãe muito cedo e, juntamente com os outros quatro irmãos, foi criado por uma tia. Terá aprendido cedo a arte de sapateiro, profissão que tinha quando assentou praça e fez a instrução da recruta, no regimento de Infantaria 21, em Castelo Branco.
Mobilizado para a guerra, embarcou para França no dia 21 de Janeiro de 1917, integrando a 7.ª Companhia do 2.º Regimento de Infantaria 21, como soldado com o n.º 610 e a placa de identidade n.º 9518-A. 
Grupo de combatentes do Sobral do Campo

No seu boletim individual constam as seguintes informações:
a)    Colocado na 1.ª Bateria de Infantaria, em 13 de Setembro de 1917;
b)    Aumentado ao efetivo do seu batalhão, por ter deixado de fazer parte da 1.ª Bateria de Infantaria, em 27 de Setembro;
c)    Punido com 6 dias de detenção, em Outubro de 1917, por ter faltado à instrução que teve lugar no Campo de Marthes, alegando estar doente, situação que não se provou ser verdadeira;
d)    Colocado no D.M.B. (Depósito de Material de Bagagens?), em 7 de Novembro;
e)    Punido com 8 dias de detenção, em Fevereiro de 1918, por falta de comparência na oficina de sapateiro onde trabalhava;
f)      Baixa ao Hospital Inglês n.º 35, em 28 de Julho de 1918, e evacuado para o Hospital de Base, em 11 de setembro;
g)    Julgado incapaz para todo o serviço, em 23 de Setembro de 1918, e evacuado em 4 de Outubro, a fim de ser repatriado.



Regressou a Portugal, no dia 29 de Janeiro de 1919, e domiciliou-se no Sobral do Campo, localidade onde, segundo o seu boletim individual, residia uma irmã, o seu parente mais próximo. Esta informação não foi confirmada pela filha Josefa Lourenço, que diz nunca ter ouviu qualquer referência a esta tia.

Em junho de 1919, Domingos Esteves casou com Severina da Conceição e tiveram sete filhos:
1.    Rosa Henriqueta, que casou com José Amoroso Dias e tiveram 5 filhos;
2.    Maria Nazaré Esteves Marques, que casou com Francisco Paulo Marques e tiveram 1 filha;
3.    José Domingos da Conceição, que casou com Rosa dos Santos e tiveram 2 filhos;
4.    Armandina Alice Esteves dos Santos, que casou com Francisco Luis dos Santos e tiveram 7 filhos;
5.    Francisco Pires Esteves, que casou com Rosa de Jesus Martins e tiveram 3 filhas;
6.    Josefa Esteves Lourenço, que casou com José Augusto Lourenço e tiveram 2 filhos;..
7.    Maria da Conceição Esteves Duarte, que casou com José Marques Duarte e tiveram 2 filhos.


O casal viveu sempre no Sobral do Campo, onde Domingos Esteves continuou a trabalhar como sapateiro, apesar dos problemas de saúde que trouxe da guerra, principalmente dificuldades respiratórias que lhe provocavam dores e cansaço permanente. Por vezes, como era habitual naquele tempo, andava de terra em terra e permanecia vários dias nas casas das famílias que o contratavam. Também trabalhou na agricultura, cultivando alguns pedaços de terra que herdou ou foi comprando. Conseguiu que lhe fosse atribuída uma pensão pela incapacidade adquirida na guerra, o que contribuiu para lhe proporcionar uma vida um pouco melhor.
Domingos Esteves faleceu no dia 26 de dezembro de 1968, na sequência de um traumatismo grave provocado por uma queda na noite de Natal. Tinha 74 anos de idade.

(Pesquisa feita com a colaboração da filha Josefa Esteves Duarte e da neta Maria Isabel Lourenço)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Festival

Seria neste fim de semana, mas o covid não deixa. Ficam algumas imagens dos dois anos anteriores, para matar as saudades da felicidade...

 O nosso grupo de cantares

 Contador de histórias, numa sombra fresquinha

 Os bombos "Vicentinos"

 O Chapitô em espetáculo de luz e movimento

 As "Sopa de Pedra"
 A nossa filarmónica

 Almoço tradicional nos "Manguitas"

Ambiente geral

José Teodoro Prata

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra


Domingos Esteves (da Partida)
 

Domingos Esteves nasceu na Partida, a 17 de fevereiro de 1895. Era filho de António Esteves, cultivador, e Maria Joaquina.
Embarcou para França, no dia 21 de Fevereiro de 1917, integrando a 1.ª Brigada de Infantaria o 2.º Batalhão, 1ª Bateria, de Infantaria 21, como soldado com o n.º 535 e a placa de identidade n.º 8952.
O seu Boletim Individual refere apenas o seguinte:
a)    Baixa ao Hospital, em 16 de março de 1917; alta, a 26 do mesmo mês;
b)    Baixa ao Hospital, em 19 de maio de 1917; alta, a 8 de junho;
c)    Em 1 de janeiro de 1918, passou a fazer parte da formação do seu batalhão;
d)    Faleceu na 1.ª linha, por ter sido ferido em combate, no dia 10 de março de 1918 (provavelmente vítima dos ataques violentos que ao alemães fizeram às tropas portuguesas após o raide de 9 de março). 

Na Partida já não há familiares próximos que possam contar alguma coisa sobre Domingos Esteves, mas ainda há quem se lembre de ouvir dizer que «estava escondido num abrigo debaixo da terra por causa dos tiros e, quando foi espreitar, foi levantado no ar pelo fogo do inimigo». 

Ficou sepultado no Cemitério de Richebourg L’Avoué, talhão C, fila 12, coval 21.
Os pais tiveram direito a uma pensão de sangue, no valor de 72$00 anuais, o valor mais baixo pago às famílias de militares falecidos em combate, mas que devia corresponder ao pré pago aos soldados enviados para França.

Arquivo Histórico do Exército, Memorial Virtual
Fonte: http.//www.memorialvirtual.defesa.pt/sepulturas/c.12.21.jpg

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A pneumónica no concelho de Castelo Branco

Apresentei esta semana, na Rádio Castelo Branco (RACAB), o texto que se segue, na rubrica História ao Minuto. Deixo-o aqui, pois nos trabalhos de edição foi cortada a palavra escudos, tornando ininteligível parte da referência a São Vicente da Beira.

A pneumónica
A humanidade sempre sofreu o flagelo das epidemias, que alastravam por todo o lado e matavam milhares e milhões, sem que as pessoas entendessem porquê. A última grande pandemia que ficou bem vincada na memória das nossas comunidades foi a pneumónica, provocada pelo virus H1N1, em 1918 e 1919, isto é, no final da I Guerra Mundial.
Em Portugal, houve um primeiro surto em maio e junho de 1918 e depois extinguiu-se. Mas voltou em força entre agosto e novembro, um surto altamente mortal, devido às complicações pulmonares a ele associadas e que lhe deram o nome de gripe pneumónica. Em 1919, ocorreu um terceiro surto.
Morreram mais de 100 mil pessoas, em Portugal.
No dia 1 de outubro de 1918, a Direção Geral de Saúde proibiu  as feiras e romarias em todo o país.
No concelho de Castelo Branco, nos inícios de outubro, foi criado um hospital provisório na Lousa, para instalar os doentes epidémicos, e na cidade, a Escola Normal do Castelo foi adaptada a hospital provisório.
O Governo Civil distribuiu algum dinheiro pelas instituições de saúde, tendo o hospital a Misericórdia de São Vicente da Beira recebido 200 escudos, o valor de 250 salários diários de trabalhadores braçais, que correspondem hoje a 10 mil euros.
Nem o factor psicológico foi descurado, pois a 18 de outubro o Governador Civil proibiu o toque de finados em todas as terras do concelho, a fim de evitar que a população ficasse deprimida.

Nota:
Calculei o valor atual dos 200 escudos recebidos pelo nosso hospital da Misericórdia, com base em salários de trabalhadores braçais:
- Em 1918, um homem andou a rachar lenha para o hospital e ganhou $80 por dia. Os 200$00 escudos dariam para pagar 250 ordenados diários.
- Atualmente, um homem ganha 40 euros por dia;  250 ordenados diários de 40 euros totalizam os 10 000 euros referidos.

José Teodoro Prata