segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Domingos Nunes (também da Partida)

Domingos Nunes nasceu na Partida, a 18 de março de 1892. Era filho de Francisco Nunes, cultivador, e de Maria José.

Tinha a profissão de jornaleiro e sabia ler e escrever, quando assentou praça, no dia 12 de julho de 1912. Foi incorporado no Regimento de Artilharia de Montanha, em 14 de julho de 1913, e passou ao quadro permanente em virtude de sorteio.

Foi mobilizado para seguir para Angola, para onde embarcou no dia 10 de setembro de 1914. Integrou a 1.ª Expedição que partiu para aquela província ultramarina, a fim de reforçar a força militar que já se encontrava no sul daquele território, ameaçado pelas tentativas de ocupação alemã.

De acordo com a sua folha de matrícula, participou na ação de 18 de dezembro de 1914 contra os alemães, fazendo parte das forças que ocuparam o vau de Caluéque. Também pertencia ao destacamento que reconquistou e ocupou o Cuamato, de 12 a 27 de agosto, tendo tomado parte na ação do Ancongo, em 13 de agosto de 1915, e no combate da Inhoca, em 15 do mesmo mês, dia em que o destacamento entrou no Forte de Cuamato. Com o mesmo destacamento, avançou em 20 de agosto sobre Cunhamano, a fim de restabelecerem as comunicações que haviam sido cortadas pelo inimigo. No dia 24, participou também no combate da Chana da Mula. Regressou à Metrópole, no dia 2 de outubro de 1915, e foi licenciado em 14 de Fevereiro.

Presente novamente no dia 27 de abril de 1916, foi mobilizado para integrar a 3.ª Expedição para o norte de Moçambique, para onde embarcou em 24 de julho. Não há registos da sua participação nas ações levadas a cabo pelos militares portugueses naquele território, mas terá participado nas operações que tinham como objetivo ultrapassar as margens do rio Rovuma, para norte, e ocupar algumas localidades que estavam na posse dos alemães. Felizmente não fez parte do elevado número de baixas provocado pelos ataques do inimigo ou pelas inúmeras doenças que vitimaram muitos militares.

Embarcou para a Metrópole, no dia 13 de fevereiro de 1917, e regressou à Partida, onde ficou a residir. Passou à reserva territorial, em 31 de dezembro de 1933, já tinha completado 41 anos.

Condecorações:

·      Medalha militar comemorativa das operações realizadas no sul da província de Angola, com a legenda: 1914-1915;

·      Medalha comemorativa das campanhas na província de Moçambique, com a legenda: 1914-1918;

·      Medalha da Vitória.

Família:

Domingos Nunes casou com Maria Josefa, em Maio de 1920(?), e tiveram 6 filhos:

1.    Maria Gracinda Nunes, que casou com António(?) e tiveram 6 filhos;

2.    Maria dos Ramos, que casou com José Pires e tiveram 4 filhos;

3.    Adelino Domingos Nunes, que casou com Maria Claudina (não tiveram filhos);

4.    Maria José, que casou com José Martins (não tiveram filhos);

5.    Maria dos Santos, que casou com António Bento Antunes e tiveram 3 filhos;

6.    Maria da Glória Nunes, que casou com António Martins e tiveram 1 filha.

Domingos Nunes viveu sempre da agricultura e da pecuária. Para além de um ganhão e de um pastor para guardar o rebanho, tinha quase sempre outros homens a trabalhar nas muitas terras que possuía e das quais se orgulhava muito. Entre as várias propriedades que tinha, também era dele o Caniço, uma das melhores terras da Partida. Tinha tanto orgulho naquela propriedade que começaram a chamar-lhe o “Conde Caniço” e assim ficou conhecido durante muito tempo.

A neta Maria José lembra o avô como «…um homem muito trabalhador e ambicioso, que por nada deste mundo seria capaz de se desfazer de uma leira de terra. Mas era boa pessoa e gostava de ajudar quem precisava. De roda dele ninguém passava fome.» 

Domingos Nunes faleceu na Partida, a 25 de Fevereiro de 1968. Tinha 75 anos de idade.

(Pesquisa feita com a colaboração da neta Maria José Nunes Pires)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

No tempo da outra senhora

Encontrei agora, este blogue (https://estatuadesal.com), de onde tirei o artigo que se segue e quem vem na linha da penúltima publicação (da Libânia). Não me lembro de o ter lido na altura e publico-o aqui, pois é muito rico.

TÃO FELIZES QUE NÓS ÉRAMOS

(Clara Ferreira Alves, in Expresso, 18/03/2017)

Autor

                              Clara Ferreira Alves

Neste filme a preto e branco, pintado de cinzento para dar cor, podia observar-se o mundo português continental a partir de uma rua. O resto do mundo não existia, estávamos orgulhosamente sós

Anda por aí gente com saudades da velha portugalidade. Saudades do nacionalismo, da fronteira, da ditadura, da guerra, da PIDE, de Caxias e do Tarrafal, das cheias do Tejo e do Douro, da tuberculose infantil, das mulheres mortas no parto, dos soldados com madrinhas de guerra, da guerra com padrinhos políticos, dos caramelos espanhóis, do telefone e da televisão como privilégio, do serviço militar obrigatório, do queres fiado toma, dos denunciantes e informadores e, claro, dessa relíquia estimada que é um aparelho de segurança.

Eu não ponho flores neste cemitério.

Nesse Portugal toda a gente era pobre com exceção de uma ínfima parte da população, os ricos. No meio havia meia dúzia de burgueses esclarecidos, exilados ou educados no estrangeiro, alguns com apelidos que os protegiam, e havia uma classe indistinta constituída por remediados. Uma pequena burguesia sem poder aquisitivo nem filiação ideológica a rasar o que hoje chamamos linha de pobreza. Neste filme a preto e branco, pintado de cinzento para dar cor, podia observar-se o mundo português continental a partir de uma rua. O resto do mundo não existia, estávamos orgulhosamente sós. Numa rua de cidade havia uma mercearia e uma taberna. Às vezes, uma carvoaria ou uma capelista. A mercearia vendia açúcar e farinha fiados. E o bacalhau. Os clientes pagavam os géneros a prestações e quando recebiam o ordenado. Bifes, peixe fino e fruta eram um luxo. A fruta vinha da província, onde camponeses de pouca terra praticavam uma agricultura de subsistência e matavam um porco uma vez por ano. Batatas, peras, maçãs, figos na estação, uvas na vindima, ameixas e de vez em quando uns preciosos pêssegos. As frutas tropicais só existiam nas mercearias de luxo da Baixa. O ananás vinha dos Açores no Natal e era partido em fatias fininhas para render e encharcado em açúcar e vinho do Porto para render mais. Como não havia educação alimentar e a maioria do povo era analfabeta ou semianalfabeta, comia-se açúcar por tudo e por nada e, nas aldeias, para sossegar as crianças que choravam, dava-se uma chucha embebida em açúcar e vinho. A criança crescia com uma bola de trapos por brinquedo, e com dentes cariados e meia anã por falta de proteínas e de vitaminas. Tinha grande probabilidade de morrer na infância, de uma doença sem vacina ou de um acidente por ignorância e falta de vigilância, como beber lixívia. As mães contavam os filhos vivos e os mortos, era normal. Tive dez e morreram-me cinco. A altura média do homem lusitano andava pelo metro e sessenta nos dias bons. Havia raquitismo e poliomielite e o povo morria cedo e sem assistência médica. Na aldeia, um João Semana fazia o favor de ver os doentes pobres sem cobrar, por bom coração.

Amortalhado a negro, o povo era bruto e brutal. Os homens embebedavam-se com facilidade e batiam nas mulheres, as mulheres não tinham direitos e vingavam-se com crimes que apareciam nos jornais com o título Mulher Mata Marido com Veneno de Ratos. A violação era comum, dentro e fora do casamento, o patrão tinha direito de pernada, e no campo, tão idealizado, pais e tios ou irmãos mais velhos violavam as filhas, sobrinhas e irmãs. Era assim como um direito constitucional. Havia filhos bastardos com pais anónimos e mães abandonadas que se convertiam em putas. As filhas excedentárias eram mandadas servir nas cidades. Os filhos estudiosos eram mandados para o seminário. Este sistema de escravatura implicava o apartheid. Os criados nunca dirigiam a palavra aos senhores e viviam pelas traseiras. O trabalho infantil era quase obrigatório porque não havia escolaridade obrigatória. As mulheres não frequentavam a universidade e eram entregues pelos pais aos novos proprietários, os maridos. Não podiam ter passaporte nem sair do país sem autorização do homem. A grande viagem do mancebo era para África, nos paquetes da guerra colonial. Aí combatiam por um império desconhecido. A grande viagem da família remediada ao estrangeiro era a Badajoz, a comprar caramelos e castanholas. A fronteira demorava horas a ser cruzada, era preciso desdobrar um milhão de autorizações, era-se maltratado pelos guardas e o suborno era prática comum. De vez em quando, um grande carro passava, de um potentado veloz que não parecia sujeitar-se à burocracia do regime que instituíra uma teoria da exceção para os seus acólitos. O suborno e a cunha dominavam o mercado laboral, onde não vigorava a concorrência e onde o corporativismo e o capitalismo rentista imperavam. Salazar dispensava favores a quem o servia. Não havia liberdade de expressão e o lápis da censura aplicava-se a riscar escritores, jornalistas, artistas e afins. Os devaneios políticos eram punidos com perseguição e prisão. Havia presos políticos, exilados e clandestinos. O serviço militar era obrigatório para todos os rapazes e se saíssem de Portugal depois dos quinze anos aqui teriam de voltar para apanhar o barco da soldadesca. A fé era a única coisa que o povo tinha e se lhe tirassem a religião tinha nada. Deus era a esperança numa vida melhor. Depois da morte, evidentemente.

 

José Teodoro Prata

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 

Domingos Nunes (Partida)

 

Domingos Nunes, filho de António Nunes e Jacinta Ana, proprietários, nasceu na Partida, a 1 de Novembro de 1894, e aí viveu até à idade adulta. 

Era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro, quando assentou praça, no dia 9 de Julho de 1914. Foi incorporado em 13 de Janeiro de 1915, na 7ª Companhia de Saúde. Foi vacinado. Pronto da instrução da recruta, em 9 de Julho de 1915, domiciliou-se na Partida.

Foi mobilizado para a guerra e, fazendo parte do CEP, partiu para França no dia 22 de fevereiro de 1917, como soldado maqueiro, integrado no 1.º Grupo da 7.ª Companhia, Serviço de Saúde, Ambulância n.º 2. Tinha o n.º 476 e a placa de identidade nº 19128- séria A.

No seu boletim individual são pouco legíveis as ocorrências no teatro de guerra, mas podem ver-se algumas movimentações entre diferentes serviços de ambulância, durante o tempo que permaneceu em França.

Consta ainda uma hospitalização, entre 24 de Dezembro de 1917 e 20 de Janeiro de 1818, e um castigo de 10 dias de prisão disciplinar, por se ter recusado a descarregar alguns caixotes trazidos por um camião, dizendo que, como estava de faxina a três oficiais, não era obrigado a fazer mais nada. Foi amnistiado por este comportamento.

Regressou a Portugal, no dia 5 de 1919, a bordo do navio inglês Helenus. Passou à reserva ativa, em 11 de Abril de 1928, e à reserva territorial, em 31 de Dezembro de 1935.

Condecoração: Recebeu a Medalha comemorativa da Vitória.

 

Família:

Regressado a Portugal, Domingos Nunes casou com Maria Ana, em Outubro de 1919. Tiveram 3 filhos:

1.    Maria dos Anjos, que casou com Joaquim Duarte e tiveram 5 filhos;

2.    Maria do Patrocínio, que casou com Francisco Ivo e tiveram 4 filhos;

3.    Francisco Nunes, que faleceu ainda jovem. 

«O meu avô não era pessoa de falar muito dos tempos que passou em França, mas lembro-me de ele contar que esteve uns poucos de dias à espera de embarcar em Lisboa, porque diziam que não havia transporte, mas também se constava que era porque o Comandante da Companhia não queria embarcar. E que por lá tinham sido tempos muito difíceis. Era maqueiro e andava sempre nas ambulâncias, a acarretar os soldados apanhados pelas balas do inimigo. Havia dias que os bombardeamentos faziam tantos mortos e feridos que não davam vazão a socorrer tanta gente e muitos corpos ficavam para trás. Era isso o que mais lhe custava, muito mais do que a fome, o frio e o medo que também eram de morrer.

Quando regressou à terra, continuou a trabalhar na agricultura, nas terras que eram dele, onde semeava e colhia de tudo, para ter uma casa farta de pão e o resto que era preciso.

Passados muitos anos, ainda conseguiu que lhe dessem uma pensão pelo tempo que andou na guerra, mas gozou-se já dela por pouco tempo» (testemunho do neto José Ivo).

Domingos Nunes faleceu, no dia 19 de Novembro de 1983. Tinha 89 anos de idade.

(Pesquisa feita com a colaboração do neto José Ivo)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

sábado, 15 de agosto de 2020

O emigrante

Descobri há tempos, em Nisa, esta escultura de homenagem ao emigrante. Fez-me lembrar as primeiras vezes que o meu pai regressou à terra, vindo de França, para onde tinha abalado quando eu, a filha mais velha, tinha oito anos e a mais nova acabara de nascer. Pelo meio havia mais dois filhos. 

Lembro-me bem dele a subir a rua com a mala de viagem na mão, depois de dois dias de viagem num comboio apinhado de gente; mesmo assim com um sorriso de felicidade e um olhar que abarcava a família toda; lembro também as lágrimas de saudade da minha mãe transformadas numa alegria ausente durante tantos meses de espera. Depois fomos nós, os filhos mais velhos, divididos entre a alegria do reencontro e a expetativa dos presentes prometidos nas cartas semanais, se nos portássemos bem. Mas do que mais me lembro foi do desgosto do meu pai quando a mais pequena, teria uns oito meses, se recusava a ir para o colo dele e chorava quando o via aproximar-se. Foi como uma facada no coração.

Tenho ouvido contar histórias que repetem a da minha família. Quase todas falam da melhoria das condições de vida com a chegada do vale postal que o carteiro trazia no princípio de cada mês. Mas lembram também como a Páscoa era um vale de lágrimas, pela falta do chefe da casa durante a visita pascal; ou do fim das merendas comidas na Senhora da Orada, onde só se ia à missa e as mulheres choravam pelos maridos emigrados ou pelos filhos na guerra; ou das festas de Verão, limitadas às missas e procissões em que uma mão era pequena para abarcar as velas, tantas eram as intenções; e da dificuldade das mulheres, que tinham que ser pai e mãe, e sempre sujeitas à censura das vizinhas se não tinham mão nalgum filho mais rebelde.

Terão sido situações como estas que levaram alguns homens a voltar à terra mal cumpriam o desejo de levantar as paredes duma casa ou comprar umas leiras para a horta; outros acabaram por levar a família para junto deles. Mesmo assim, a lembrança da terra não os abandonava, e todos os anos regressavam para matar saudades dos que por cá tinham ficado, quase só os velhos. Entretanto mantinham a esperança de um dia voltarem de vez, desejo muitas vezes adiado e algumas apenas concretizado no toque do sino a dobrar pelos que morriam lá longe.   

Desses primeiros heróis, regressam agora os filhos e os netos. Felizmente que já não são a imagem do emigrante do século passado. Chegam agora de avião ou a conduzir carros que muitos dos que por cá ficámos não podemos comprar, o que nos deixa adivinhar que têm vidas confortáveis e estão bem integrados nos países onde os seus pais passaram tantas dificuldades. Isso deixa-nos felizes, mas com pena que Portugal continue a não ter condições para os acolher definitivamente. As nossas terras seriam tão diferentes com eles por cá!   

 

M. L. Ferreira

 

Nota: Desde há muito que Portugal é um país de emigrantes, principalmente para África, Índia e Brasil, mas é em meados do século XX que se verifica uma evolução mais significativa dos números: só entre os anos de 1955 e 1974 saíram do País cerca de 1,6 milhões de portugueses, uns 20% da população. As razões todos as conhecemos: a pobreza, principalmente no mundo rural.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Mel dos Enxidros

 Ajudei o meu primo João Candeias a iniciar-se na apicultura...

...e ele não fez a coisa por menos!

José Teodoro Prata

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Vicentinos ilustres

 

José Hipólito Vaz Raposo

 

VIDA E OBRA

- Nasceu em S. Vicente da Beira, no ano de 1885.

- Era filho de João Hipólito Raposo, cultivador e natural e S. Vicente da Beira, e de Maria Adelaide Gama, cujo pai era natural de Janeiro de Cima

- Estudou com o irmão Pe. Domingos Raposo, o tio Francisco, professor nos Escalos de Baixo, e o Pe. José David dos Reis, professor do Ensino Primário Complementar, em S. Vicente da Beira.

- Frequentou o Curso Teológico do Seminário da Guarda e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra.

- Casou, em Lisboa, com Valentina Pequito Rebelo. O casal tive seis filhos.

- Foi um dos principais ideólogos do Integralismo Lusitano, um movimento conservador, católico e monárquico que se opôs ao regime da Primeira República e depois à ditadura de Salazar.

- Exerceu advocacia, foi professor e escritor, realizou conferências, fundou e colaborou em jornais e revistas…

- Participou na revolta monárquica de Monsanto, em 1919, contra a Primeira República, sendo preso, expulso da função pública e exilado para Angola.

- Em 1940, publicou a obra Amar e Servir, na qual fez um duro ataque à política de Salazar, o que lhe valeu nova demissão dos cargos públicos e a deportação para os Açores.

- Faleceu, em Lisboa, no ano de 1953.

Casa onde nasceu Hipólito Raposo: esquina da Rua Velha com a Rua Nicolau Veloso, à direita de quem desce.

Casa onde viveu Hipólito Raposo: fundo da Rua da Costa, à Fonte Velha.

Obras publicadas
Coimbra Doutora, 1910;
Boa Gente, 1911;
Sentido do Humanismo, 1914;
Caras e Corações, 1921;
Dois nacionalismos, 1925;
A Beira Baixa ao Serviço da Nação, 1935;
Aula Régia, 1936;
Pátria Morena, 1937;
Direito e Doutores na Sucessão Filipina, 1938;
Mulheres na Conquista e Navegação, 1938;
Amar e Servir, 1940;
D. Luísa de Gusmão – Duquesa e Rainha, 1947;
Oferenda, 1950;
Folhas do Meu Cadastro, 1911, 1925, 1926, 1940, 1952, 1986.

 

«Nas voltas da escola para casa, com a irrequieta curiosidade da puerícia, começava eu a soletrar as inscrições dos cruzeiros e das sepulturas, e diante dos Paços do Concelho, detinha-me a contemplar a pedra do escudo real, ladeado por duas esferas, ricamente doiradas pelo sol dos séculos.

Mas o meu interesse maior ia para o pelourinho da vila, coluna oitavada de granito, erecta sobre degraus circulares, coroada de robusto capitel em que pressentia residir um solene mistério de silêncio e sombras.»

(Hipólito Raposo, em “Lisboa Pequena”, Oferenda, 1950)

José Teodoro Prata

sábado, 1 de agosto de 2020

Civilidade

Na semana passada dei por um monte de vidros no cruzamento do Cabeço do Pisco. Hoje parei, fotografei e trouxe-os para o contentor.
Pensei que tinham sido ali colocados recentemente, mas não, por baixo deles nasceu erva que cresceu acamada e agora está seca, à espera de uma vaga de calor de 45º para despoletar um incêndio.
O meu primeiro pensamento foi que tivessem sido ali deixados com esse objetivo, mas agora penso que foi mesmo ignorância e falta de civilidade, que significa desrespeito pelas regras de convívio entre os membros da comunidade.

José Teodoro Prata