domingo, 11 de julho de 2021

Swot quê?

Partindo do alerta do J. Barroso sobre a inutilidade de estudos teóricos sobre coisas que estão mais que diagnosticadas (ele exprime isto com maior exactidão), trago mais combustível para este desafio. A primeira entrega, de 5.

Partilho hoje o primeiro “ponto forte” (ou “fraco”, consoante o ângulo de observação) que vejo em SVB. Numa perspectiva situação/problema à acção, acrescento uma proposta de trabalho.  

1 – Pessoas

Quem somos, hoje?

Andamos a contar mortos (é uma expressão do meu amigo e colega quando andámos, juntos, a fazer o levantamento e registo dos mortos provocados por uma doença fatal no séc. XVII, pelos registos paroquiais), fazemos livros sobre meia dezena de varões locais de nome sonante, escrevemos sobre momentos de glória do passado. Ainda existe margem para mais, mas já vamos com um quadro bem composto. Muito passado, pouco presente.

E se Dos Enxidros tivesse um registo biográfico dos SVB, residentes/ausentes, incluindo os descendentes, com uma pequena biografia individual (e o que fazem, que profissões)? Organizada alfabeticamente, permitindo pesquisa online e leitura.

Permite: conhecermo-nos, frequentarmo-nos (eu poderia recorrer, se houvesse por aqui um oculista ou um médico de especialidade lá das nossas bandas, ou comprar botões na retrosaria daquela senhora das Quintas), olear e expandir a “rede”.   

JMT

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Fado na Praça

 A notícia é fresquinha, de hoje, no Reconquista.

José Teodoro Prata

segunda-feira, 5 de julho de 2021

O nosso Belgais

O jornal Reconquista de 1 de julho noticia um evento musical de âmbito internacional organizado pelo centro de artes da Quinta da Lira. O congresso decorrera em finais de agosto, em Castelo Branco, com atividades em São Vicente da Beira, na semana anterior.

A Quinta da Lira situa-se na encosta da Oles e segue um conceito totalmente novo entre nós: o de floresta jardim/horta, em que a natureza cresce livremente, em total respeito pela biodiversidade. 

Parabéns à proprietária e dinamizadora.



Para conhecer a associação organizadora do congresso (ANIMUSIC), clicar em: https://sites.google.com/site/animusicpt/

(Ao lato, à direita, mudar de inglês para português)

José Teodoro Prata

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Francisco Patrício Leitão

 

Francisco Patrício Leitão nasceu em São Vicente da Beira, no dia 17 de setembro de 1894. Era filho de José Patrício Leitão e Bárbara de Oliveira, proprietários e moradores na rua do Convento.

Alistou-se no dia 9 de julho de 1914, como recrutado, e foi incorporado no 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, no dia 13 de maio de 1915. Sabia ler, escrever e contar e tinha a profissão de jornaleiro. Foi vacinado.

Ficou pronto da instrução da recruta em 28 de agosto e foi licenciado a 29 do mesmo mês, domiciliando-se novamente em São Vicente da Beira. Voltou a apresentar-se no dia 16 de setembro e, em 15 de abril de 1916, foi promovido a 1.º Cabo.   

Fazendo parte do CEP, embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, integrado na 1.ª Companhia do 2.º Batalhão do Regimento de Infantaria 21, no posto de 1.º Cabo, com o n.º 515, chapa de identificação n.º 8737.



O seu boletim individual do CEP esclarece pouco sobre o percurso de Francisco no teatro de guerra, para além de que participou no raide efetuado pela sua companhia, em 9 de março de 1918, e que esteve na Linha de Aldeia, desde 20 de janeiro até 6 de fevereiro.

Regressou a Portugal, no dia 28 de fevereiro de 1919, a bordo do vapor inglês Helenus.

Passou ao Regimento de Infantaria de Reserva 21, em dezembro de 1924, e à reserva efetiva, no mês de agosto de 1928.

Louvores e condecorações:

  • Louvado pela coragem demonstrada durante o raide realizado pela sua companhia, no dia 9 de março de 1918.
  • Medalha comemorativa das campanhas do Exército Português em França.


Família:

Francisco Patrício Leitão casou com Maria Santiago, natural do Ninho do Açor, no dia 3 de junho de 1922 (Maria Santiago ficou conhecida em São Vicente como Maria do Ninho). Deste casamento nasceu apenas um filho: Emídio Patrício Costa Andrade que partiu ainda jovem para estudar, dizem que primeiro no seminário e depois em Lisboa, onde se formou em engenharia. Emídio Patrício foi casado e teve dois filhos (não foi possível confirmar este dado). Viveu muitos anos em Angola e, quando regressou a Portugal, ficou a residir com a família em Lisboa. Poucas vezes voltou à terra depois da morte dos pais, pelo que não há muitas memórias dele em São Vicente.

Francisco Patrício Leitão trabalhou durante muitos anos em São Fiel (inicialmente na secção do Sanatório e mais tarde no Reformatório), para onde entrou em agosto de 1933 e onde tinha as funções de vigilante/porteiro. Fazia o caminho sempre a pé, muitas vezes acompanhado pelo senhor Joaquim dos Santos, que nessa altura também lá trabalhava como professor de música. Contam que uma vez, ao regressar a casa, já de noite, chovia tanto que quando ia para atravessar a ribeira do Louriçal (Ocreza) foi arrastado pela água. Valeram-lhe uns choupos que havia um pouco mais abaixo, que evitaram que fosse na enxurrada. Só deram por ele já no dia seguinte, felizmente ainda com vida, mas muito maltratado.



Para além do trabalho em São Fiel, geria algumas propriedades que tinha, quer no Ninho do Açor, heranças da mulher, quer em São Vicente da Beira.

A esposa faleceu em Lisboa, no ano de 1979, e ele terá falecido uns anos depois. Não foi possível apurar ao certo a data e o local da sua morte, uma vez que não consta nenhuma informação no seu registo de batismo, nem no livro de enterramentos do cemitério desta Vila. É provável que tenha falecido também em Lisboa, já nos anos oitenta do século passado.

 

(Pesquisa feita com a colaboração de várias pessoas de São Vicente e funcionários da Tapada da Renda, Louriçal do Campo)

Maria Libânia Ferreira

Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"

domingo, 27 de junho de 2021

O tempo em maio

Resumo Climatológico de maio de 2021

2021-06-14 (IPMA)

Em maio de 2021 o valor médio da temperatura média no Globo foi 0.26 °C superior ao valor médio de 1991-2020 e inferior em 0.46 ° C na Europa (Fig. 1).

Em maio de 2021, a maior parte da Europa teve temperaturas inferiores à média. Na Alemanha foi o maio mais frio desde 2010 e no Reino Unido verificaram-se temperaturas máximas muito baixas. Por outro lado, ocorreram temperaturas acima do valor médio na região leste do continente, no sul de Espanha, Grécia, Turquia e oeste da Noruega. Por exemplo, na Rússia, as temperaturas ultrapassaram 30 °C na zona norte do Círculo Polar Ártico.

Em relação à precipitação o mês foi mais húmido do que a média na maior parte da Europa central e do norte e mais seco do que a média no restante continente.

Em Portugal continental o mês de maio de 2021, classificou-se como quente e muito seco em relação à precipitação (Fig. 2).

Em relação à temperatura do ar, o valor médio da temperatura média, 16.20 °C, foi +0.47 °C em relação ao valor normal 1971-2000.

O valor médio de temperatura mínima do ar, 9.75 °C, foi o 3 º mais baixo desde 1931, com uma anomalia de -0.74 °C; o valor médio de temperatura máxima do ar, 22.64 °C, foi superior ao valor normal, +1.68 °C.

O valor médio da quantidade de precipitação em maio, 32.8 mm, foi inferior ao valor normal 1971-2000 correspondendo a 46 %. De salientar durante o mês o dia 31 de maio, na região nordeste do território, a ocorrência de aguaceiros fortes, queda de granizo e trovoada.

Assim no final de maio verificou-se um aumento da área em seca meteorológica assim como da intensidade na região Sul. As regiões do Baixo Alentejo e Algarve estão na classe de seca moderada com alguns locais em seca severa. De salientar também a região nordeste na classe de seca fraca.


Encontrei esta preciosidade num site (o do Instituto Português da Terra e do Mar) que visito mais de uma vez por semana, embora nunca me tivesse interessado pela informação da margem esquerda.

Na mesma altura, dei de caras (no Estátua de Sal) com um artigo do Miguel Sousa Tavares ("O futuro dos jovens socialistas", publicado no Expresso) de que vos deixo este parágrafo:

Mas não é disso que fala o relatório da ONU. Não é de boas intenções, daquelas que enchem o inferno: é do próprio inferno que avança sobre nós e que cada vez está mais próximo. O relatório chama-lhe a “próxima pandemia” e avisa que para esta não há vacina, será mais prolongada e terá efeitos muito mais devastadores, podendo durar décadas e conduzir à fome, ao déficit energético, ao caos ambiental e social, a guerras e migrações que a Idade Contemporânea nunca viu. Trata-se, como toda a gente inteligente ou informada sabe, da falta de água no planeta, causada pelas secas prolongadas ou súbitas com origem nas alterações climáticas. Há muito que relatórios semelhantes nos vêm avisando para isto, e o que este tem de mais assustador é que é mais recente, reunindo dados mais actualizados, mais bem medidos e melhor analisados. Em Glasgow, os governantes do planeta serão confrontados com a realidade que muitos teimam em não querer ver e chegará a hora da verdade, já sem um Trump como desculpa para a inércia colectiva. Sendo, porém, verdade que uns países estão mais ameaçados de imediato que outros. E entre os mais ameaçados estão, primeiro que todos, os países do Sul da Europa e, depois, os da África Ocidental. Azar o nosso, Portugal fica exactamente no Sul da Europa (e, não fosse o relatório dizê-lo, ninguém aqui tinha ainda dado por isso). Mas o relatório também diz que a ameaça da falta de água é agravada “pelo uso ineficiente dos recursos de água, a degradação dos solos devido à agricultura intensiva, a deflorestação, o uso elevado de fertilizantes e pesticidas, o pasto intensivo e a elevada extracção de água para fins agrícolas”. Oh, que azar o nosso! Tirando a deflorestação, que remete para a floresta amazónica e a política agrícola-incendiária de Bolsonaro, tudo o resto é exactamente o que caracteriza a nossa “agricultura moderna”, tão louvada e acarinhada pela nossa ministra da Agricultura. Ou seja, estamos no epicentro do sismo e a fazer tudo o que podemos para que ele nos atinja em cheio.


Por mim, fiquei espantado com esta ameixeira. Tenho-a há mais de 10 anos no Ribeiro Dom Bento, nunca deu nada, exceto há dois anos alguns frutos raquíticos, mas este ano surpreendeu-me com uma carga enorme e frutos bem desenvolvidos. Está a gostar do calor do inferno que já se anuncia...


José Teodoro Prata

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Mapa covid

 


José Teodoro Prata

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Cidadania

A Libânia enviou-me o texto do discurso de Margarida Duque Vieira, proferido na recente reedição do livro da Póvoa. Deixo-vos uma parte dele, pois relaciona-se indiretamente com a publicação Zero, que aqui fiz.

Ainda a propósito da mesma publicação, o José Miguel Teodoro enviou um comentário que poucos terão lido, pois chegou quando já andávamos pelas autárquicas. Publico-o a seguir ao texto da Póvoa, pois é um excelente desafio para uma reflexão séria sobre o que somos e aspiramos a ser.

Na apresentação da 1.ª edição em Castelo Branco no Cineteatro, a Benedita chamou a atenção para 3 casos que lhe pareciam estar a desvirtuar esse passado.

Só recordo dois: o aparecimento recente de um grande portão metálico branco rasgando um belo muro em pedra e, a inusitada plantação de palmeiras junto à Barragem de Santa Águeda num local em que expressamente a Lei determina que “Nesta zona devem ser favorecidas as ações de beneficiação dos carvalhais existentes e de arborização de novas áreas recorrendo às espécies existentes”.

Qualquer destes temas mantém-se bem atual.

Não há muito tempo, alguém que não recordo quem fosse elogiava o cuidado existente na Póvoa na recuperação das velhas casas. Creio que a Autarquia também tem estimulado isso dificultando a sua destruição.

No entanto, esse esforço das pessoas e da Câmara poderia ainda produzir melhores resultados se houvesse um apoio técnico a juntar aos gostos de cada um que, como se diz, “gostos não se discutem”, mas podem ser melhorados.

Não será certamente a Junta de Freguesia a poder assumir esse papel, mas aproveitando a presença do Sr. Presidente da Câmara atrevo-me a apelar para que essa função seja assumida ativamente pela Câmara com benefício para a Póvoa, o Concelho, a região.

Há na Póvoa ainda bastante para olhar e cuidar desde a pequena casa familiar, ao edifício que se pensa ter sido sede de Câmara, à chamada “casa do Juiz”, o moinho que continua em ruínas ou aquele em que se assinala que “no ano de 1575 vale o pão a cruzado”. Neste Livro regista-se um razoável número de portados na maioria quinhentistas. É preciso manter e dignificar esses vestígios de outros tempos que valorizam a terra, não possibilitando a sua destruição ou abastardamento quando se realizam obras.

Voltando à Barragem

Dizem-me que foi a população a conseguir que o nome da Santa que veneram - a Santa Águeda - cuja capelinha ficou submersa na albufeira, se mantivesse identificando o local e, quiseram também que a construção de uma nova perpetuasse a sua memória e tradição.

O alerta que foi dado naquela sessão e, talvez não só, despoletou a criação de uma Plataforma destinada á defesa da Barragem. Conseguiu esta Plataforma a retirada das ditas palmeiras, o recuo da área que ilegalmente tinha sido ocupada, o embargo de obras ilegais, e até agora, a contenção de novos projetos do mesmo tipo.

Mas o perigo continua, agora agravado pela intenção de construir um regadio denominado “Gardunha Sul” cujo fornecedor será a Barragem de Santa Águeda que irá consumir mais água do que a destinada ao consumo público. Já sabemos as consequências na qualidade da água originadas pelo uso excessivo de pesticidas, com tendência para agravar, obrigando ainda a custos anormais no seu tratamento que recaem sobre o erário público que deveria ser melhor aplicado.

Recentemente, conseguiu que um grupo de membros da Plataforma, na maioria técnicos na matéria, visitasse a Estação de Tratamento da Água. O parecer técnico enviado às instâncias superiores, elaborado pelo Eng. Químico e sanitarista, José Cardoso Moura que foi responsável pela construção de várias ETAR.s em Portugal e no estrangeiro, é demolidor para a iniciativa. Também tem sido pública a contestação ao projeto feita pelo antigo Vereador da Câmara, Eng. Carvalhinho.

Há poucos anos, numa sessão comemorativa da aprovação da Constituição que teve lugar em Castelo Branco, no Cineteatro, O Sr. Presidente da República, O General Ramalho Eanes e o Professor Jorge Miranda foram unânimes na ideia de que a falha na concretização da democracia em Portugal é a fraca participação dos cidadãos.

Muitos ainda fazem como Pilatos, lavam as mãos o que no caso, levou à condenação de um Homem bom.

É altura de se estar atento e ajudar quem decide a sentir-se apoiado pelos cidadãos. É altura de o povo da Póvoa exercer novamente o papel de defesa da sua Barragem de Santa Águeda.  

Margarida Duque Vieira

Tentei há dias fazer um exercício sobre a nossa terra, tipo análise swot. Comecei pelo princípio, pelos pontos fortes: se eu quisesse "vender" SVB como um destino, como um lugar para morar ou para investir, ou apenas para visitar durante um dia, ou uma semana, que "argumentos" eu podia usar?
Recomendo o exercício.
A seguir, se quisermos ir mais longe, podemos fazer o mesmo exercício, procurando identificar os pontos fracos, uma lista que poderá constituir um "caderno de encargos", um guia de ação, uma lista de coisas concretas que é preciso fazer para "colocar no mapa" SVB.
No meu ver, usando uma ferramenta simples, podemos perceber onde estamos - sendo cruel, pode acabar com mitos sem sentido, e, de vez, fazer-nos perceber que é dentro de casa que têm de se encontrar as razões e agentes do que se faz ou não se faz.
Podemos partilhar.

JMT

Deixo-vos com o desafio do José Miguel, a que eu próprio vou responder brevemente. Publicarei aqui as minhas conclusões e aguardo pelas vossas.

José Teodoro Prata