A Libânia enviou-me o texto do discurso de Margarida Duque Vieira, proferido na recente reedição do livro da Póvoa. Deixo-vos uma parte dele, pois relaciona-se indiretamente com a publicação Zero, que aqui fiz.
Ainda a propósito da mesma publicação, o José Miguel Teodoro enviou um comentário que poucos terão lido, pois chegou quando já andávamos pelas autárquicas. Publico-o a seguir ao texto da Póvoa, pois é um excelente desafio para uma reflexão séria sobre o que somos e aspiramos a ser.
Na
apresentação da 1.ª edição em Castelo Branco no Cineteatro, a Benedita chamou a
atenção para 3 casos que lhe pareciam estar a desvirtuar esse
passado.
Só recordo dois: o aparecimento
recente de um grande portão metálico branco rasgando um belo muro em pedra e, a
inusitada plantação de palmeiras junto à Barragem de Santa Águeda num local em
que expressamente a Lei determina que “Nesta zona devem ser favorecidas as ações
de beneficiação dos carvalhais existentes e de arborização de novas áreas
recorrendo às espécies existentes”.
Qualquer destes temas mantém-se
bem atual.
Não há muito tempo, alguém que não
recordo quem fosse elogiava o cuidado existente na Póvoa na recuperação das
velhas casas. Creio que a Autarquia também tem estimulado isso dificultando a
sua destruição.
No entanto, esse esforço das
pessoas e da Câmara poderia ainda produzir melhores resultados se houvesse um
apoio técnico a juntar aos gostos de cada um que, como se diz, “gostos não se
discutem”, mas podem ser melhorados.
Não será certamente a Junta de
Freguesia a poder assumir esse papel, mas aproveitando a presença do Sr.
Presidente da Câmara atrevo-me a apelar para que essa função seja assumida ativamente
pela Câmara com benefício para a Póvoa, o Concelho, a região.
Há na Póvoa ainda bastante para
olhar e cuidar desde a pequena casa familiar, ao edifício que se pensa ter sido
sede de Câmara, à chamada “casa do Juiz”, o moinho que continua em ruínas ou
aquele em que se assinala que “no ano de 1575 vale o pão a cruzado”. Neste
Livro regista-se um razoável número de portados na maioria quinhentistas. É
preciso manter e dignificar esses vestígios de outros tempos que valorizam a
terra, não possibilitando a sua destruição ou abastardamento quando se realizam
obras.
Voltando à Barragem
Dizem-me que foi a população a conseguir
que o nome da Santa que veneram - a Santa Águeda - cuja capelinha ficou
submersa na albufeira, se mantivesse identificando o local e, quiseram também
que a construção de uma nova perpetuasse a sua memória e tradição.
O alerta que foi dado naquela
sessão e, talvez não só, despoletou a criação de uma Plataforma destinada á
defesa da Barragem. Conseguiu esta Plataforma a retirada das ditas palmeiras, o
recuo da área que ilegalmente tinha sido ocupada, o embargo de obras ilegais, e
até agora, a contenção de novos projetos do mesmo tipo.
Mas o perigo continua, agora
agravado pela intenção de construir um regadio denominado “Gardunha Sul” cujo
fornecedor será a Barragem de Santa Águeda que irá consumir mais água do que a
destinada ao consumo público. Já sabemos as consequências na qualidade da água
originadas pelo uso excessivo de pesticidas, com tendência para agravar,
obrigando ainda a custos anormais no seu tratamento que recaem sobre o erário
público que deveria ser melhor aplicado.
Recentemente, conseguiu que um
grupo de membros da Plataforma, na maioria técnicos na matéria, visitasse a
Estação de Tratamento da Água. O parecer técnico enviado às instâncias
superiores, elaborado pelo Eng. Químico e sanitarista, José Cardoso Moura que
foi responsável pela construção de várias ETAR.s em Portugal e no estrangeiro,
é demolidor para a iniciativa. Também tem sido pública a contestação ao projeto
feita pelo antigo Vereador da Câmara, Eng. Carvalhinho.
Há poucos anos, numa sessão
comemorativa da aprovação da Constituição que teve lugar em Castelo Branco, no
Cineteatro, O Sr. Presidente da República, O General Ramalho Eanes e o
Professor Jorge Miranda foram unânimes na ideia de que a falha na concretização
da democracia em Portugal é a fraca participação dos cidadãos.
Muitos ainda fazem como Pilatos,
lavam as mãos o que no caso, levou à condenação de um Homem bom.
É altura de se estar atento e
ajudar quem decide a sentir-se apoiado pelos cidadãos. É altura de o povo da
Póvoa exercer novamente o papel de defesa da sua Barragem de Santa Águeda.
Margarida Duque Vieira
Tentei há dias fazer um
exercício sobre a nossa terra, tipo análise swot. Comecei pelo princípio, pelos
pontos fortes: se eu quisesse "vender" SVB como um destino, como um
lugar para morar ou para investir, ou apenas para visitar durante um dia, ou
uma semana, que "argumentos" eu podia usar?
Recomendo o exercício.
A seguir, se quisermos ir mais longe, podemos
fazer o mesmo exercício, procurando identificar os pontos fracos, uma lista que
poderá constituir um "caderno de encargos", um guia de ação, uma lista
de coisas concretas que é preciso fazer para "colocar no mapa" SVB.
No meu ver, usando uma ferramenta simples, podemos
perceber onde estamos - sendo cruel, pode acabar com mitos sem sentido, e, de
vez, fazer-nos perceber que é dentro de casa que têm de se encontrar as razões
e agentes do que se faz ou não se faz.
Podemos partilhar.
JMT
Deixo-vos com o desafio do José Miguel, a que eu próprio vou responder brevemente. Publicarei aqui as minhas conclusões e aguardo pelas vossas.
José Teodoro Prata