sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Manuel Simões

A propósito da origem dos nomes das nossas ruas encontrei dados interessantes sobre o Presbítero (padre) Manuel Simões que complementam a informação deixada pelo José Teodoro há já algum tempo. Podem também responder a algumas questões relacionadas com este sanvicentino que teve uma vida anormalmente longa para aqueles tempos. Como não casou nem teve filhos não existe muita informação sobre ele nos registos paroquiais, apenas algumas referências a atos de batismos ou casamentos de que foi padrinho, testemunha ou oficiante. No entanto, atando muitas pontas, haverá poucas dúvidas quanto ao seguinte:

Manuel Simões, filho de Francisco Simões e Ana Rodrigues, naturais de São Vicente, nasceu em outubro(?) de 1653. Teve vários irmãos, entre os quais uma rapariga de nome Catarina (Catarina Martins) que casou com Francisco Lopes Guerra, pai de Manuel Lopes Guerra. Seria, por isso, seu tio pela parte materna.

Foi presbítero, licenciado, e terá exercido como vigário da paróquia de São Vicente, onde terá passado a maior parte da vida.

De acordo com a informação obtida no seu testamento, seria uma das pessoas mais ricas da terra, com várias propriedades que deixou aos seus sobrinhos, todos filhos de Manuel Lopes Guerra e Mariana Gracia, pois, para além duma irmã que morreu solteira ainda antes dele (Ana da Encarnação), não teria outros parentes chegados.

O testamento é muito longo e minucioso, mas de difícil leitura. Fica o principal, sujeito a algumas imprecisões, mas que para o caso (avaliar a riqueza de Manuel Simões) não serão significativas:

Ao sobrinho Francisco Simões Cardoso deixou a Tapada do Baraçal, uma vinha na Fonte da Pipa(?) e “mais umas terras a que chamam os Enxidros”;

A Cláudio António Simões deixou o Brejo com todas as árvores que lhe pertenciam, um souto no Casal (?), as casas em que vivia com o quintal, e outros bens;

A Fernando Luís deixou uma vinha e metade duma propriedade na Barroca;

A Angélica Maria deixou as terras e oliveiras do Valfeitoso e dois soutos no Pinheiro(?)

A Francisca Xavier deixou um olival abaixo de São Domingos e uma propriedade “a que chamam o Passo”(?)

Manuel Simões faleceu no dia vinte e sete de maio de 1754. Tinha 101 anos!

M. L. Ferreira

2 comentários:

José Teodoro Prata disse...

Este testamento é um exemplo de como a toponímia é importante. Neste documento com mais de 200 anos aparecem nomes de sítios que certamente já há vários séculos assim se chamavam: Passo, Pinheiro, Barroca, Valfeitoso, Enxidros, Casal, Fonte da Pipa, Brejo e São Domingos.
Algumas propriedades que couberam a Cládio António Simões poderão ter integrado o património da Casa Cunha, pois a neta deste, Maria Benedita Simões Feio de Carvalho, casou com João António Robalo da Cunha Pignatelli da Gama, natural da Guarda, os quais foram os fundadores desta casa agrícola.

José Teodoro Prata disse...

Na Barroca, para lá da Tapada de Dona Úrsula (há vários sítios chamados Barroca) há uma nascente onde se fazia uma presa (represa) chamada Presa do Passo. Seria inicialmente para regar a referida propriedade do Passo, abaixo de São Domingos?