segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Os primórdios

 

Recebi, na semana passada, a revista VISÃOHistória de outubro, totalmente dedicada a Portugal na Idade Média. Traz duas informações que nos interessam diretamente.
A primeira é este mapa que nos mostra ter sido a serra da Gardunha a fronteira entre o Condado Portucalense, uma "província" do reino de Leão, e o Al-Andalus muçulmano. Não sei, e o mapa não mostra, se a vertente sul da serra já pertencia aos cristãos do Norte ou se apenas foi integrada no grande impulso dado à Reconquista, no tempo de D. Afonso Henriques. Mas a antiga pertença de São Vicente à Covilhã quase nos permite atrever-nos com a hipótese da nossa pertença à Cristandade ainda antes de existir Portugal.
A revista traz também a informação de que já nessa época os reis raramente participavam em batalhas. D. Afonso Henriques tem o record, com 5 presenças, seguido do seu filho D. Sancho I com 4. Ora isto arruma de vez com a questão da presença ou não do nosso primeiro rei na batalha da Oles (mas não põe em causa a sua existência).

José Teodoro Prata

Um comentário:

José Barroso disse...

Outra coisa que se pode concluir deste mapa é que têm razão os adeptos do FC Porto (como a minha filha), que andam a chamar Mouros aos adeptos do Benfica (como eu), porque Lisboa ficava bem no interior do Al Andaluz, terra deles (Mouros)!
Agora mais a sério: a fronteira sul do Condado Portucalense talvez fosse um pouco incerta como seria próprio dos avanços e recuos da Reconquista.
Gosto muito de História, mas sei pouco, nomeadamente, sobre a participação dos reis nas batalhas. Vocês é que têm os livros! Todavia, sempre ouvi dizer que D. Afonso Henriques esteve nas batalhas de S. Mamede (Guimarães), Ourique (onde derrotou 5 reis mouros, sob aquele sinal - a Cruz - "In Hoc Signo Vinces"); também esteve num ataque na zona de Badajoz (onde partiu uma perna e foi preso); acho que também esteve na conquista de Santarém e de Lisboa (1147).
Os livros (i. é, os documentos) nem sempre dizem tudo. Ainda hoje não se sabe onde foi a batalha de Ourique. Teria sido em Campo de Ourique, Lisboa? Ourique, no Alentejo? Chão de Ourique (perto de Santarém)? Estes últimos (também) acreditam que sim, até porque há lá um monumento ao rei.
E já agora: D. Sebastião também participou na batalha de Alcácer Quibir e nunca mais apareceu; a seguir aconteceu o que se sabe!
Para finalizar: não custa aceitar que a nossa serra fosse, a certa altura, o último grande esteio para os cristãos a ocupar o território do norte, abrindo-se a seguir a chamada Beira Alentejana. Daí, supõe-se, o nome Gardunha ou Guardunha (a que guarda), como julgo. Aliás, já temos debatido isto. Inversamente, para os muçulmanos, a sul, a Gardunha seria uma barreira difícil de transpor. E a batalha da Oles, embora não esteja documentada (com ou sem o rei), pode ser uma hipótese.
Abraços, hã!
JB