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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Invasões Francesas 8


Gravura da época das Invasões Francesas, representando um soldado francês a carregar com tudo o que pode levar, roubado aos portugueses.

No mês de Outubro de 1811, vários carreiros da freguesia de S. Vicente da Beira foram requisitados para prestar serviços aos exércitos português e inglês, em lutam contra os franceses.

Quatro carros de bois foram a Abrantes buscar mantimentos para Castelo Branco, conduzidos por:
Pedro,ganhão de Berardo Joze Leal, o feitor de Gonçallo Caldeira, o pai do futuro 1.º visconde da Borralha (trouxe uma pipa de vinho). Regressado a S. Vicente, foi mandado levar uma carga de pão cosido ao Fundão.
Manoel de Oliveira e Francisco Ferreira, de S. Vicente da Beira (transportaram farinha). Francisco Ferreira era uma pessoa importante na Vila, pelo que não teria a junta a meias com Manoel de Oliveira. Terá ido uma vaca de cada um.
Joam Antunes Piqueno e Joze Alves do Mourelo. Neste caso, é provável que tivessem a junta a meias. Aliás, pelo grande número de ganhões deste monte que faziam os transportes aos pares, é provável que essa fosse uma prática muito comum no Mourelo.
Joaõ Figueira dos Pereiros. Este carro e o anterior foram mandados de volta a Abrantes, para trazerem mais uma carga de mantimentos para Castelo Branco.

Cinco carros de bois partiram de S. Vicente, em comboio (todos juntos, uns a seguir aos outros) e chegaram ao Fundão. Aí não tinham nada para transportar e mandaram-nos à Covilhã, onde também não havia nada para levarem. Foram então enviados a buscar farinha a Vila Velha (aqui chegada via fluvial), para o Fundão. Andaram nesse serviço os seguintes ganhões:
Joze Mateos do Mourelo
Manoel Alves do Mourelo
Manoel Mateus da Partida
Joaõ Antunes dos Pereiros
Victorino, filho de Joanna Gonsalves, do Tripeiro

Domingos Silva de S. Vicente da Beira foi levar uma carga de centeio ao Sobral de Casegas, para as guerrilhas (grupos de populares armados, em luta contra os invasores franceses).

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

sábado, 26 de setembro de 2009

Invasões Francesas 5



A pintura é do Reverendo William Bradford e representa um regimento inglês a descer a serra e a começar a atravessar a ribeira de Nisa, em direcção a Vila Velha (de Ródão), em 1811. Na encosta, avistam-se muitos carros de transporte de bagagens, alimentos e munições. Era para esse serviço (e outros) que os nossos carreiros eram requisitados. Clicar na imagem para ver melhor.

Continuamos, hoje, a apresentar os carreiros da freguesia de S. Vicente da Beira que trabalharam para o exército aliado (Portugal e Inglaterra), durante a Guerra Peninsular (Invasões Francesas).

S. Vicente da Beira
Joaõ Leitaõ Canuto andou, com a sua junta de bois e carro, a acarretar feno de S. Vicente para Castelo Branco, durante 9 dias, em Setembro de 1811. Terá feito vários transportes.

Casal da Serra
Joze Francisco, com a sua junta de bois e carro, prestou o mesmo serviço que Joaõ Leitaõ Canuto. Terão andado juntos.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Invasões Francesas 4

Os Ingleses em S. Vicente

Éramos muitas crianças, à guarda da minha mãe. Ser uma mulher de armas não bastava, pois, além de nos criar, tinha mais as lidas da casa e ainda as do campo. A rédea curta vinha-lhe da ameaça “Se fizeres isso, o teu pai quila-te”, sinónimo de uma boa sovata à noite ou no fim-de-semana, quando ele chegasse.
Ameaça desnecessária, pois o que nos metia na ordem era mesmo o ralho dela, não a ameaça de castigo e muito menos o medo ao meu pai, que não era dessas coisas.

Mas a palavra quila-te intrigava-me. Mais tarde, estudante de inglês, aprendi que o verbo to kill significa precisamente matar.
Influência de uma freira inglesa que viveu no nosso Convento Franciscano? Parecia-me a explicação lógica.
Mas, quando estudei os documentos sobre as Invasões Francesas, deparei-me com 2 Regimentos Ingleses, em S. Vicente da Beira. Terão sido eles a deixar a palavra que deu origem a este nosso anglicismo?




Clicar nas imagens, para ler melhor

O documento da primeira imagem refere a presença, em S. Vicente, dos Regimentos Ingleses N.º 2 e N.º 36. Com eles foi João António, ganhão de Joaquim José de Brito Coelho de Faria, com o carro de bois carregado de mantimentos. Partiram de S. Vicente, no dia 26 de Julho, e acamparam em Chafurdão, onde o ganhão deixou os bois e o carro, no dia 10 de Novembro.

O documento da segunda imagem informa que, em Agosto de 1811, a junta de bois e carro do Capitão João Roiz(Rodrigues) Lourenço Caio, certamente conduzida pelo seu ganhão, andou ao serviço de dois Regimentos de Infantaria Britânica (Inglesa), que passaram por S. Vicente da Beira.

Os dois documentos coincidem na quantidade (dois regimentos) e no tempo (passaram por S. Vicente em finais de Julho/Agosto), pelo que os dois ganhões de S. Vicente terão acompanhado os mesmos Regimentos Ingleses, que estiveram em S. Vicente, por aqueles dias.


Outros serviços dos carreiros da freguesia de S. Vicente da Beira:

S. Vicente
Em Agosto de 1810, o carro de bois de Francisco Ferreira transportou bolacha de Sarzedas para o Fundão, num total de 8 dias. Este lavrador foi a pessoa do concelho que mais dias de serviço prestou aos exércitos português e inglês, entre 1809 e 1812 (95 dias). Morava na Rua Velha e detinha o foro da Comenda de Avis e do Convento das Religiosas, isto é, recebia as rendas que os rendeiros deviam a estes senhores das terras que trabalhavam, ficando com uma parte para pagar o seu serviço e entregando o restante à Comenda ou ao Convento, conforme o caso.
O mesmo foro das Religiosas do Convento já o detivera seu pai (ou avô), Domingos Ferreira, nas últimas décadas do século XVIII (cerca de 1770).

Mourelo
A junta de bois e carro de Manuel Antunes Frade e de José Mateus transportou centeio das Sarzedas para Castelo Branco, tendo gasto 4 dias, em Agosto de 1811.
Também já expliquei que, nos casos em que aparecem dois proprietários, seria por terem a meias a junta de bois e o carro.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.

domingo, 26 de julho de 2009

Invasões Francesas 3

Continuamos, hoje, a apresentar os lavradores do antigo concelho de S. Vicente da Beira que prestaram serviços como carreiros, para os exércitos português e inglês, em luta contra os invasores franceses.

Mourelo
No mês de Julho, em ano que não foi indicado, a junta de bois de Manuel Antunes Frade e Antonio Francisco Baranda levou uma carrada de bolacha de Vila Velha para a Guarda, num total de 13 dias.
Como anteriormente já alertámos, estes são os dias de serviço efectivo, não se tendo contabilizado o tempo gasto do Mourelo para Vila Velha e da Guarda para o Mourelo. Também já explicámos que estes dois lavradores teriam a junta a meias, à semana, para realizar os trabalhos agrícolas.

Paradanta
A junta de Francisco Mendes levou de Vila Velha para a Guarda um produto não especificado, certamente alimento, tendo demorado 10 dias, em Junho de 1812.
Nesta época, ainda não se acrescentara o termo Ródão ao nome Vila Velha.
Os produtos subiam o Tejo de barco, até ao porto de Vila Velha, sendo levados depois, nos carros de bois, para ao seu destino.

S. Vicente da Beira
Pedro, ganhão de Berardo Joze Leal, foi levar uma carrada de bolacha da Vila para a Soalheira, onde terá pernoitado um corpo do exército aliado. Partiu no dia 31 de Julho e regressou a 2 de Agosto de 1811.
Berardo Joze Leal era o feitor de Gonçallo Caldeira, pai do 1.º Visconde da Borralha. Gonçallo Caldeira já não morava em S. Vicente da Beira, mas ainda cá permanecia a sua mãe Ignes Caetana, viúva de Francisco Caldeira.

Para saber mais, consultar: "O Concelho de S. Vicente da Beira na Guerra Peninsular", de José Teodoro Prata, publicado pela Associação dos Amigos do Agrupamento de Escolas de São Vicente da Beira, em 2006.