sábado, 20 de outubro de 2018

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Formiguinhas


Quase todos nos lembramos ainda das eiras que havia à roda da nossa terra. No verão enchiam-se de cereais, e o som cadenciado do mangual, substituído mais tarde pelas malhadeiras, ouvia-se ao longe durante vários dias. A seguir ao trigo e ao centeio, vinha o milho, o feijão e os figos.
A pouco e pouco estas imagens foram rareando, e atualmente já mal se vêem. Aqui no Casal da Fraga resta-nos ainda a que foi do senhor Joaquim Guilherme e agora é da filha Emília e do genro António (o Marinheiro), que todos os anos, por esta altura, é um regalo, só de olhar para ela. 


Trabalham de sol a sol, ou muito para além disso, mas, quais formiguinhas, têm a certeza dum inverno farto de tudo.

M. L. Ferreira

domingo, 14 de outubro de 2018

Eduardo Cadoso


Eduardo Cardoso um Sanvicentino que nasceu a 9-08-1911 e faleceu a 11-10-1989
Filho de  Pompeu Augusto Cardoso  e de Maria de Nazaré Oliveira 
Neto Paterno, Joaquim Cardozo e de Augusta Hipólito de Jesus
Bisneto, João Francisco Cardoso, "Penalva do Castelo" e de Anna Emillia, "Póvoa do Mileu, Guarda," pais de Joaquim Cardozo
Bisneto Materno, José Hipólito de Jesus Junior e de Anna Raposo, Pais de Augusta Hipólito de Jesus.

Jaime da Gama

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Continuando a narrativa


Vinha Rua da Costa acima, a certa altura uma voz vinda do alto:
- Ó sobrinho; vai-me lá buscar um cântaro de água; aqueles malandros…
- Os meus netos…
Era a tia Maria dos Anjos; mulher do tio Joaquim da cadeia .
Subi as escadas, peguei no cântaro de lata, recompensava com passas, maçãs...
Continuei a subir a rua, gorra enfiada; à janela de sua casa estava a D.ª Maria; baixei a cabeça.
- Malcriado, quando vir o teu pai…
O motivo de tanta aspereza era o seguinte; naquele tempo, as pessoas ao passarem pela dona ou pelo senhor, tinham que descobrir a cabeça, eu não estava para ai virado, não tirei a gorra.
Continuei a caminhada, a casa da avó ainda ficava longe, eu tinha que ir à fonte buscar um cântaro ou dois de água.
Ao chegar ao pequeno largo onde entroncam as ruas do Eiró, da Costa, Travessa Manuel Lopes e a Rua Manuel Mendes, o senhor Fecisco Candeias estava danado, uma das suas cabras tinha saído da loja e já ia à porta da Maria Caetana.
- Vê lá se me consegues agarrar a cabra; já não tenho pernas…
Nove anitos, sangue na guelra, corri atrás dela, valeu a ajuda do Domingos feijão, forte, atiradiço, imobilizou-a ao pé do Chão do Balcão.
- Ó catchôpo, toma lá uma sarroada de passas; esta valhaca ia direitinha à serra.
Tio Fausto batia sola, o sorna estava encostado à esquina com umas trombas…
Manuel Candeias, filho da t` i Maria Madalena encostou a sua bicicleta ao balcão, subiu as escadas e entrou.
O homem da pirisca, abriu a porta da loja, pôs as cangalhas ao burro, encheu dois cestos de estrume voltou a fechar a porta e saiu levando o asno pela arreata que transportava os dois cestos cheios de esterco.
A ti Maria Joaquina, “morava na rua Manuel Lopes” passa com as suas duas cabritas a caminho dos Canavéis.
Minha avó Ana, doceira de mão cheia, andava atarefada a fazer doces para a Dª Aulia, estava no quintal quando eu ia a passar.
- Ó filho, traz-me o batedor dos pães-de-ló, está no arcaz da cozinha.
Senhor Alexandre, homem alto e magro abriu a janela que fica em frente à casa do tio Manuel das Esperança, sentado num cadeirão lia o jornal
- Olha o homem da calças baratas, ouvia-se nitidamente o senhor Lourenço da Soalheira na Rua do Convento, apregoava aos fregueses; calças de serrobeco, cotim, camisas de popelina
- Olha o homem das calças baratas
Diamantino tinha acabado de sair da casa do senhor José Lourenço, a cachopada; “eu incluído”
- Ó ti mantino; ó ti mantino, tino, tino… corria atrás de nós naifa na mão, fugíamos.
A ladainha repetia-se.
Diamantino, cara de mau; mudo da Torre, bonacheirão, pobre diabo. Pedintes, de vez em quando apareciam na vila.


Esta narrativa segue o pensamento anterior da autoria do Zé Barroso, a casa com o balcão já não existe, o batedor manual foi substituído pelas batedeiras eléctricas.
Restam as minhas fotografias.

J.M.S