sexta-feira, 16 de julho de 2010

Hipólito Raposo 1


José Hipólito Vaz Raposo (São Vicente da Beira, 13 de Fevereiro de 1885 — Lisboa, 26 de Agosto de 1953), mais conhecido por Hipólito Raposo, foi um advogado, escritor, historiador e político monárquico, que se notabilizou como um dos mais destacados dirigentes do Integralismo Lusitano.

Nascido na antiga vila de São Vicente da Beira, em plena Serra da Gardunha, filho de João Hipólito Vaz Raposo e de Maria Adelaide Gama, deixou a sua terra natal em 1902 e foi estudar para o Seminário da Guarda, sendo expulso, em 1904. Matriculou-se, então, no Liceu de Castelo Branco, onde concluiu o ensino secundário. Frequentou depois o curso de Direito, na Universidade de Coimbra, que concluiu, no ano de 1911, com a média de 15 valores.

Com interesse na escrita, colaborou com os semanários da província, nos anos em que frequentou o Liceu de Castelo Branco. Quando estudante em Coimbra, contribuiu com crónicas semanais para o Diário de Notícias. Ainda estudante, publicou os volumes Coimbra Doutora (1910) e Boa Gente (1911), colectâneas de contos da Beira Baixa.
Terminado o curso, enveredou pelo ensino, iniciando, em 1912, o seu percurso profissional como professor no Conservatório Nacional de Lisboa e no Liceu Passos Manuel, também de Lisboa, cidade onde se fixou.

Em 1914, foi um dos fundadores do movimento político-cultural auto-intitulado Integralismo Lusitano, em colaboração com António Sardinha, Luís de Almeida Braga, José Pequito Rebelo e Alberto de Monsaraz, um grupo de monárquicos que incluía alguns antigos colegas do curso de Direito da Universidade de Coimbra. No ano seguinte, fundou a revista Nação Portuguesa, órgão do Integralismo Lusitano, um movimento conservador, católico e monárquico que se opôs ao regime da Primeira República e depois à ditadura de Salazar.


Os dirigentes do movimento Integralismo Lusitano. Hipólito Raposo é o segundo a contar da esquerda, em pé.

Dirigiu o periódico A Monarquia, à frente do qual teve um papel relevante na revolta monárquica de Monsanto, ocorrida em 1919. Em consequência, foi preso e demitido de todos os cargos públicos que ocupava e julgado e condenado no Tribunal Militar de Santa Clara, em 1920, a uma pena de prisão no Forte de São Julião da Barra. A demissão valeu-lhe a perda dos cargos de chefe de repartição e de professor da Escola de Arte de Representar de Lisboa que então exercia. Cumprida a pena de prisão, foi exilado para Angola (1922-1923), onde exerceu advocacia.

De regresso a Portugal, continuou a exercer a profissão de advogado e afirmou-se como líder destacado e ideólogo do Integralismo Lusitano, publicando, em 1925, o ensaio Dois nacionalismos.

No ano de 1924, casou, em Lisboa, com Valentina Pequito Rebelo, irmã de José Pequito Rebelo, outro líder do Integralismo Lusitano. Do seu casamento teve: João Hipólito, António Hipólito, Teresa Maria, Isabel Maria, Francisco Hipólito e José Hipólito.
Em 1926, foi reintegrado no cargo de professor do Conservatório Nacional de Lisboa.

Durante os governos da Ditadura Militar (1926-33), destacou-se como um dos principais ideólogos do Integralismo Lusitano, com particular destaque para a conferência que intitulou A Reconquista das Liberdades, pronunciada em Lisboa, no ano de 1930, e editada sob a forma de opúsculo, onde sintetizou o programa político do integralismo, desfazendo a miragem do messianismo salazarista que então emergia.

Coerente com a sua oposição ao salazarismo, em 1930, recusou colaborar com a União Nacional, defendendo que essa devia ser a posição dos monárquicos, e opôs-se à institucionalização do regime do Estado Novo. Em 1940, publicou a obra Amar e Servir, na qual denuncia, de forma virulenta, a Salazarquia, um duro ataque a António de Oliveira Salazar que lhe valeu ser de novo demitido de todos os cargos públicos que ocupava e a imediata deportação para os Açores. Foi novamente reintegrado, em 1951.

Em 1950, foi um dos subscritores do manifesto Portugal restaurado pela Monarquia, uma tentativa de reactualização doutrinária do movimento integralista. No mesmo ano, publicou Oferenda, em que incluiu dois capítulos sobre a sua terra natal: “Um beirão restaurador” e “Lisboa Pequena”.
Hipólito Raposo faleceu, no ano de 1953.

Obras publicadas
Da sua obra temática diversificada, com predominância para os assuntos regionais e para a política, destacam-se as seguintes publicações:
Coimbra Doutora, 1910;
Boa Gente, 1911;
Sentido do Humanismo, 1914;
Caras e Corações, 1921;
Dois nacionalismos, 1925;
A Beira Baixa ao Serviço da Nação, 1935;
Aula Régia, 1936;
Pátria Morena, 1937;
Direito e Doutores na Sucessão Filipina, 1938;
Mulheres na Conquista e Navegação, 1938;
Amar e Servir, 1940;
D. Luísa de Gusmão – Duquesa e Rainha, 1947;
Oferenda, 1950;
Folhas do Meu Cadastro, 1911, 1925, 1926, 1940, 1952, 1986.




Nota: Texto elaborado com base na Wikipédia.

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