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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

 Domingos Rodrigues Inês

Domingos Rodrigues Inês nasceu na Partida, a dia 13 de novembro de 1893. Era filho de Manuel Rodrigues Inês, cultivador, e de Maria Joaquina.

Assentou praça em Castelo Branco, no dia 9 de julho de 1913, como recrutado, e foi incorporado no Regimento de Artilharia de Montanha. Na altura era analfabeto e tinha a profissão de jornaleiro.

Foi mobilizado para a província de Angola, para onde seguiu em 11 de setembro de 1914, integrado na 1.ª Expedição enviada para o sul daquela província ultramarina. Tinha a categoria de soldado condutor. De acordo com a sua folha de matrícula militar, participou na ação do dia 18 de dezembro de 1914 contra os alemães, fazendo parte das forças que ocuparam o vau de Calueque. Regressou a Lisboa a 5 de novembro de 1915 e foi licenciado no dia 15 de maio de 1916.

Em fevereiro de 1917 foi novamente mobilizado para servir na província de Moçambique, para onde embarcou no dia 2 de julho de 1917. Fez parte das tropas de reforço à 3.ª Expedição que na altura já se encontrava muito enfraquecida pelos ataques dos alemães e pelas doenças que incapacitaram ou vitimaram muitos militares. Não há registos do local onde terá estado, nem das ações em que participou. Regressou à Metrópole a 24 de outubro de 1918.

Licenciado em 4 de julho de 1919, passou ao 2.º escalão do Exército e ao 7.º Grupo de B. Reserva, em 31 de dezembro de 1923.

Condecorações:

·      Medalha militar comemorativa das operações realizadas no sul da província de Angola, com a legenda: 1914-1915;

·      Medalha comemorativa das campanhas na província de Moçambique, com a legenda: 1914-1918;

·      Medalha da Vitória.

·      Por o seu Regimento ter sido condecorado com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe, ficou ao abrigo do Art.º 43 do Regulamento das Ordens Militares Portuguesas de 1919, podendo fazer uso do distintivo que lhe foi atribuído.

Punições:

a)    10 faxinas por estar ausente sem licença desde as 8.30h do dia 14 de abril de 1914 até à 12.30 h do dia 15. «Não foi punido mais severamente por se considerar que ainda não tinha muita compreensão das regras militares» (folha de matrícula);

b)   4 dias de detenção, por ter o cabelo comprido, quando se apresentou para a distribuição do pré, no dia 4 de maio de 1914;

c)    1 guarda, por se ter rendido no posto do sentinela sem a presença do cabo da guarda, no dia 2 de julho de 1914.

Família:

Domingos Rodrigues casou com Maria da Graça, no Posto do Registo Civil de Almaceda, a 31 de outubro de 1920, e passou a residir nas Rochas de Cima. Foi aí que lhes nasceram os 7 filhos que tiveram: Preciosa Maria, José Inês, Joaquim Domingos Inês, Maria do Carmo, Maria do Santos, Manuel Inês e Maria Inês.

«O meu pai era uma boa pessoa. Tratou sempre bem a minha mãe e aos filhos nunca nos bateu. Guardava respeito a toda a gente e toda a gente cá na terra gostava dele.

Foi moleiro toda a vida, com uma azenha e dois moinhos ali na ribeira, por baixo do Ingarnal. Ele estava quase sempre a moer e eram as filhas mais velhas que andavam com o burro, por aquelas terras à roda, a trazer o cereal e a levar a farinha já moída. Teve uma vida difícil e de muito trabalho porque, naquele tempo, aquilo dava pouco e as bocas eram muitas. Era no tempo em que uma sardinha tinha que dar para três…

Também nunca recebeu nada por ter andado na guerra, porque não se soube mexer, nem teve quem lhe desse a mão: não tinha o braço torto….

Tanto o meu pai como a minha mãe morreram quando eu estava na França. Custou-me muito, mas é assim a vida…» (testemunho do filho Manuel Inês)

Domingos Rodrigues Inês faleceu no dia 30 de agosto de 1975. Tinha 81 anos de idade.

(Pesquisa feita com a colaboração do filho Manuel Inês)

Maria Libânia Ferreira
Do livro "Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra"