E depois fazemos estas coisas!
Faltando-nos a orientação dos poderes, juntamo-nos e convivemos, em multiplas inicativas. Desta vez, a Comissão das Festas de Verão. É sinal de uma comunidade bem viva!
(ver publicação anterior).
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
E depois fazemos estas coisas!
Faltando-nos a orientação dos poderes, juntamo-nos e convivemos, em multiplas inicativas. Desta vez, a Comissão das Festas de Verão. É sinal de uma comunidade bem viva!
(ver publicação anterior).
No tempo das presidências da Junta pelo meu primo Prata e pelo Vítor Louro, organizei passeios (não eram caminhadas) por São Vicente e
cercanias, mas sempre com uma organização mais que rudimentar.
Lancei e organizei a Rota da
Promessa, a cumprir o estabelecido por D. Afonso Henriques de ir todo o povo
uma vez por ano, em romagem ao Castelo Velho a relembrar a batalha da Oles e a
ajuda do nosso povo na vitória do exército português; isto em troca da criação
da povoação e do nome São Vicente. Não pegou.
Também organizei e lancei a ideia da Rota da Garça Real, em volta da barragem, rota fácil e igualmente linda, mas
também não vingou.
Numa das nossas festas de primavera,
organizada pela Câmara e Junta, esteve na Vila o meu amigo André Gonçalves, em
representação de Almaceda. Realizara de manhã um dos passeios, penso que o Por
cantos e recantos de São Vicente (o título era mais bonito, mas não me lembro). Falei-lhe
desse projeto e no ano seguinte nasceu o projeto acima apresentado, contando no
segundo ano com cerca de duzentos participantes. Vingou a ideia e tornou-se
marca.
Tivemos uma marca fortíssima, o
Festival Água Mole em Pedra Dura. Também a deixámos perder. E não me venham,
dizer que... Sarzedas não abandonou a sua marca de sucesso, Sarzedas Vila
Condal, mesmo quando deixou de ser uma organização conjunta da Câmara e da
Junta para passar a ser apenas da responsabilidade da Junta, como são todas as
que agora se realizam nas povoações do concelho.
Depois do tempo das infraestruturas
dos mandatos do Francisco Alves, Ernesto Hipólito e Pedro Matias, veio o tempo
do bem-estar. Já vamos na terceira liderança, nada se afirmou e continuamos em
queda desde meados do mandato do Vítor Louro.
Mas podia e devia ser diferente!
Nota: Também se organizaram caminhadas pela Gardunha, promovidas por outras pessoas e entidades (Gega, Junta...), mas nenhuma logrou vingar.
José Teodoro Prata
Janeiro de Cima, à beira do rio Zêzere, é uma aldeia com a qual tivemos no passado (anos 70 do século XX) uma forte ligação, chegando até a realizar-se intercâmbios entre as duas povoações, organizados pelo Pe. Branco, que ali paroquiou.
Há anos, encontrei um documento escrito do século XVIII que
referia a existência em Tinalhas de um sítio chamado Jogo da Bola. Falei com a
Berta Ramalhinho e localizámos o referido topónimo nas cercanias da atual sede do Centro
Recreativo de Tinalhas. Que jogo de bola seria aquele que ali se jogara?
Ora recentemente fui a Janeiro de Cima visitar o meu amigo José
Cortes, regressado à aldeia após uma vida de missão na Amazónia.
O anfitrião fez uma visita guiada pela sua Aldeia de Xisto e
a certa altura chegámos à Rua do Jogo da Bola. Alto lá, o que é isto?
No momento passava na rua um senhor um pouco mais velho que
nós e a quem o Zé pediu a confirmação das suas recordações de infância.
Nos anos 50 e 60 do século passado ainda ali se jogava um
jogo com uma bola de madeira, feita de uma noça de pinheiro, acabada de
arredondar por um carpinteiro. Não havia equipas, o jogo era individual e a
ordem do lançamento da bola à mão era determinada por uma ordenação prévia
obtida pela pontuação de cada um ao lançar a bola contra uns paus colocados ao
alto, a certa distância.
Seguia-se o jogo propriamente dito. A bola era lançada por
cada jogador, o mais longe possível. Por vezes a bola rachava logo ao bater no
solo. Alguns jogadores que lançavam a bola até ao limite visível da rua tinham
a sorte de ali o chão começar a descer e então todos, jogadores e assistência,
se deslocavam para a parte da rua fora da vista, para conferir até onde fora a
bola. Ganhava quem a lançasse mais longe. No final, iam todos beber uns copos
para uma taberna que havia ali perto.
Era o jogo da bola, uma forma de convívio naquele Zêzere
profundo.
Nota: Desconheço se se escreve noça ou nossa, mas inclino-me
para a primeira; alguns pinheiros e outras árvores ganham, normalmente rente ao
solo, uma saliência arredondada a que o povo chamava noça (ou nossa).
José Teodoro Prata
Estes dois padres, o nosso Padre Jerónimo e o Pe. António Morão, que paroquiava a Orca, deram um contributo muito importante para a consciencialização dos cristãos da necessidade de democratizar Portugal, antes e depois do 25 de Abril.
Neste fim de semana de 14 e 15 de junho, inúmeros personalidades da região irão à Orca homenagear o Pe. António Morão, este ano em que se prefazem 100 anos do seu nascimento. Deixo-vos um texto que escrevi para um podcast que passou na Rádio Castelo Branco, no âmbito das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril.
A Homilia da Paz do Bispo do Porto, no dia 1 de janeiro de
1974, teve enorme repercussão entre os cristãos. Também nesse dia, um
grupo de cristãos fez uma Vigília pela Paz, na capela do Rato, em Lisboa. Nela
Sophia de Mello Breyner Andresen compôs a Cantata pela Paz, que começa pelos
versos “Vemos ouvimos e lemos, não podemos ignorar.”
Estas ações vieram agitar as consciências dos cristãos, até
então muito acomodados e até ativos colaboradores do regime ditatorial.
Logo nesse mês de janeiro, Frei Bento Domingos publicou na
revista Brotéria um artigo que saiu no Jornal do Fundão, a 17 de março. Nele o
autor refletia sobre a opção dos cristãos pelo socialismo, alicerçando-se na
doutrina dos papas João XXIII e Paulo VI e nas tomadas de posição de muitos
cristãos, dentro e fora da hierarquia da Igreja Católica.
Imediatamente após o 25 de Abril, a 12 de maio, um grupo de
sacerdotes publicou no Jornal do Fundão o seu apoio ao Movimento das Forças
Armadas e ao programa da Junta de Salvação Nacional, dando assim o seu
contributo para o processo de democratização do país.
Estes sacerdotes viriam depois a fundar um núcleo regional do
Movimento dos Cristãos pelo Socialismo, um movimento cristão, internacional e
não partidário, dos anos 70. Em toda esta dinâmica regional dos cristãos
progressistas, o Pe. António Morão desempenhou um papel muito importante.
(Nota: O socialismo que aqui se refere é
o que está consignado na nossa Constituição e que é apelidado de
social-democracia e trabalhismo no norte da Europa e de socialismo mais no sul
da Europa - palavras diferentes para designar a mesma ideologia política.)
Terminado que está o meu ano agrícola, pois faço apenas agricultura de sequeiro, é tempo de vos apresentar o balanço:
Alhos: A terra é apertada nos Cebolais, pois é formada por uma espécie de barro
derivado da decomposição do xisto. Semeio alhos há quatro anos e os primeiros
dois foram um desastre total, pois apanharam míldio e apodreceram com excesso
de água da chuva e da minha rega. Comecei a semear os alhos em cima de cômoros
e não os reguei; o ano passado e este foram um sucesso!
Favas e ervilhas: Ando farto de debulhar e escaldar para congelação; acabei
agora a última debulha de ervilhas. Já nem as podia ver!
Alhos-porros: Este ano a produção foi média, inferior ao ano passado, em quem a produção foi enorme. O excesso de chuva e a falta de sol
perturbaram o seu desenvolvimento, impedindo-os de engrossar mais.
Batatas: Boa produção, melhor na Picasso (também chamada Olho de perdiz) que na
Laura. Foram semeadas em fins de fevereiro, já com os cortes secos e cinza
espalhada na terra sobre a qual as coloquei. O local também ajudou, pois ficava
virado a sul, com uma parede a protegê-las do vento e frio do Norte. Após a Páscoa, estavam
muito lindas, mas uma semana depois começaram a secar. Afinal o mal que
destruiu as de quase toda a gente também o apanharam, mas valeu-me estarem já
quase criadas.
Cebolas: Má produção. As plantadas no outono sobreviveram metade e das plantadas
no inverno tenho lá um quarto. Gostam de chuva, mas precisam de sol!
Couves, repolhos e nabos: Foi difícil fazer concorrência às lesmas e caracóis!
Devem ser plantados em agosto e inícios de setembro para estarem feitos quando
chega o frio da segunda quinzena de novembro. Foi o que a minha mãe me ensinou,
mas eu atraso-me sempre e por isso…
Em fins de setembro, inicio um novo ciclo.
José Teodoro Prata
Ia escrever no título "retábulos franciscanos", mas
o que se fez na nossa ermida da Senhora da Orada foi mais que isso. Aos
retábulos franciscanos foram acrescentadas pequenas partes, pois a adaptação ao
espaço menor da capela terá motivado alguns cortes mais descuidados. É que a
Igreja de São Francisco do extinto convento feminino franciscano era maior que
a Igreja da Misericórdia e por isso o retábulo que hoje temos seria
originalmente bastante maior. Já agora, a Igreja de São Francisco localizava-se
no local onde depois o sr. José Lourenço fez um palheiro, cujo edifício ainda
existe, encostado à casa que foi dos meus avós maternos e onde, na minha
infância, viviam os meus tios Zé Lopo e Maria José Prata.
O meu pai participou na construção desse palheiro e contou-me
que na abertura dos alicerces foram encontrados imensos ossos de pessoas ali
sepultadas. Também o Pe. Branco me disse que na rua, em frente ao referido
palheiro, apareceram imensos ossos humanos aquando da abertura das valas para o
saneamento básico, nos últimos anos da década de 60 do século passado. Até
cerca de 1826, data da construção do nosso cemitério, enterravam-se as pessoas
dentro e em redor das igrejas!
Altar principal. No brasão, ao alto, pode ver-se o símbolo franciscano do braço desnudado de Cristo (aquando da sua morte) cruzado com o braço com o hábito franciscano. O retábulo é policromado, porque tem várias cores: amarelo dourado, azul e rosa. É de estilo barroco e terá sido construído cerca de 1700: porque a época áurea do convento terá sido na segunda metade do século XVII e na primeira metade do século XVIII; porque, na azulejaria barroca, o século XVII é o período do policromado (várias cores) e o século XVIII do monocromado (azul sobre fundo branco). Algo de semelhante se terá passado com a talha dourada. Já agora, este conceito vem do facto destes retábulos serem feitos de madeira trabalhada, talhada com o formão, e serem depois revestidos com tinta amarelo dourado / folha de ouro.
Os retábulos laterais, que eram muito pobres, foram significativamente melhorados. A estes retábulos foram acrescentados altares. Neste, do lado da Epístola (à direita do celebrante, quando virado para o altar), foi colocado São Brás.