sábado, 2 de julho de 2011

O nosso falar: Lisboa branca

Veio o calor e com ele os primeiros figos. São os maiores do ano, por nós chamados figos do Algarve.
Que sejam do Algarve é natural, pois certamente os nossos antepassados mouros trouxeram-nos de Marrocos e o Algarve foi a região do actual território nacional onde os mouros ficaram mais tempo (711-1249).
E nunca diríamos figos do Minho, pois nesta região não faz calor suficiente para produzir figos.
Assim, é lógico dizer figos do Algarve. Mas já me espanta não encontrar quase ninguém a usar esta expressão fora de São Vicente da Beira. Eu próprio já só a uso na nossa terra, pois fora dela ninguém me entende. O nome mais comum que se usa é figos de São João, por darem na época da festa deste santo.
Algo parecido se passa com os figos Lisboa branca ou figos de Lisboa. Ainda na terça-feira a minha mãe me disse que certa figueira era de figos de Lisboa. Referia-se aos figos pingo de mel brancos.
É provável que este variedade tenha sido trazida de Lisboa, pois do seu porto saíam, já na Idade Média, grandes carregamentos de figos para o Norte da Europa. A variedade mais comum no Ribatejo e na Estremadura, as regiões agrícolas envolventes de Lisboa, seria pois a pingo de mel branca.
E os nossos antepassados chamaram-lhe figos de Lisboa, pois de lá vieram estas figueiras, para este interior.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

101.º aniversário da banda

Houve festa, no passado domingo, 26 de Junho. A nossa Sociedade Filarmónica Vicentina fez 101 anos.

Programa:
09:30 - Arruada, pela Banda Filarmónica Vicentina e pela Banda Filarmónica Idanhense.
11:00 - Missa, na Igreja Matriz de São Vicente da Beira, em memória dos músicos, directores e maestros já falecidos.
12:00 - Sessão Solene na Praça Medieval de São Vicente da Beira.
13:30 - Almoço.
15:30 - Concerto da Banda Filarmónica Vicentina e da Banda Filarmónica Idanhense.


Houve missa, cantada e tocada, como antigamente.


Cantaram-se os parabéns, apagaram-se as velas e partiu-se o bolo, como manda o ritual. Parabéns à velhota!


As homenagens foram ao meio dia. Ao centro, o senhor Albino. Sempre o conheci como músico da nossa banda filarmónica.


À tarde, concerto na Praça.


Passei por lá, em outras andanças, e gostei de ver a Praça cheia de gente, em ambiente festivo. Eram já 19.30 h.

Nota: Fotos do Dário Inês, a quem agradeço, por tornar possível esta notícia. As informações do programa tirei-as do blogue da Junta de Freguesia (http://jfsvbeira.blogspot.com).

domingo, 26 de junho de 2011

Vale de Figueiras

São bonitas as nossas aldeias de montanha: Casal da Serra, Paradanta e Vale de Figueiras.
A primeira aconchegada no colo da serra, a segunda estendida ao longo de um caminho de canseiras e a terceira metida num beco da montanha.
Sentado no penhasco do Castelo Velho, contei ao Ernesto Hipólito que visitara finalmente a única aldeia da freguesia que ainda não conhecia, Vale de Figueiras.
"Lá estás tu a dizer Vale de Figueiras. Já no blogue fazes a mesma coisa. É Vale de Figueira!"
De repente, alguém nos desviou a conversa para outro assunto e não concluímos este. Faço-o agora.
Primeiro, adorei conhecer o Vale de Figueiras. Da Partida, segue-se por um vale ribeirinho e de repente chegamos. É uma típica aldeia de montanha: vale estreito ajardinado por hortinhas bem cuidadas, casas alcantiladas nas encostas íngremes, o verde garrafa da vegetação salpicado pelo castanho das casas antigas e pelo branco das mais novas. Gente simpática, de cabelos loiros e olhos azuis. Perdeu-se aqui uma tribo de germanos, no seculo V! À entrada da povoação, termina o caminho fácil. Depois segue-se a pé ou de carro, mas com o credo na boca. O vale do ribeiro acaba um pouco mais à frente e por todos os lados a serra se empina. Caminhos bons para cabras e montanheses.
Vista dos meus enxidros, não se adivinham na serra encostas tão íngremes, para os lados da charneca. Pensava que só no Casal da Serra, do Cavaco para cima.
Segundo, o uso do plural no nome. Em toda a documentação em que tenho trabalhado, anterior a 1850, a povoação é sempre designada por Vale de Figueiras.
Tem lógica, pois o lugar tem as duas condições para ser abundante em figueiras: água com fartura e calor (o vento frio passa por cima). E haveria (há) muitas figueiras, pois uma não seria notícia neste nosso já sul mediterrânico.
Temo que a passagem do plural para o singular se deva a um lapso ou a uma decisão sem fundamento, como aconteceu recentemente com Cafede.
Sempre se escreveu Cafede, mas há anos o nome da povoação apareceu, nas placas das estradas, escrito com acento gráfico: Caféde. E pouco a pouco as pessoas interiorizaram que a palavra se escrevia assim e até os jornalistas da região passaram a escrever com acento. Agora já começam a emendar, mas as placas lá continuam, para baralhar.
E porque não leva acento agudo? Porque é uma palavra grave e estas não precisam de acento gráfico, para marcar a sílaba tónica, a que se lê com mais força. Há excepções, mas não para a palavra Cafede.

Nota: Estive em casa de uma sobrinha da Ti Mari´Zé Afonsa, daqui natural. Havia uma figueira enorme, que agora estará carregadinha de figos do Algarve.

sábado, 25 de junho de 2011

Fogueiras de S. João

Ontem, ao fim da tarde, passei pelo Cimo de Vila e lá estava um monte de rosmaninho, a aguardar pelo escuro da noite.
Como já fizera a publicação do dia, só hoje recordo as festas de São João. Deixo apenas uma pequena recordação do santo mais popular de Portugal (excepto de Lisboa, que tem o seu Santo António, o santo maior da Cristandade).

Eu hei-de ir ao rosmanhinho
Áquela serra mais alta
Para acender a fogueira
Ao meu S. João de Malta

S. João era bom homem
Se não fosse tão velhaco
Levava três moças à fonte
E vinha de lá com quatro

No dia 24 de Junho
Nasceu uma linda flor
Nasceu S. João Batista
Primo de Nosso Senhor

Para o ano há (muito) mais, se me lembrar a tempo...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

2 em 1


O grupo de bombos, na abertura da II Feira de Gastrononima e Artesanato.
(Nesta foto, assim como nas duas imagens dos bombos, na abertura da II Feira, falta um tocador, o Dário Inês, por estar a fazer de fotógrafo)


No passado domingo, visitei a sede do Sport Clube S. Vicente da Beira, situada na cave da Casa do Povo, pela mão dos membros do grupo de bombos "Os Vicentinos".
Após 5 anos de inactividade, as obras de recuperação estão já adiantadas: pintura geral dos interiores, reorganização dos espaços, limpeza, arrumações... Tudo em regime de voluntariado, nas horas livres, após a jornada diária de trabalho.
É verdade! O grupo de bombos decidiu reactivar o nosso Clube. Pagou as dívidas que ainda existiam, elegeu direcção, está a restaurar a sede e já se prepara para participar num torneio de futebol (de salão, salvo erro).
Mas embora todos trabalhem, as duas instituições continuam separadas: uma coisa é o grupo dos bombos e outra é o clube. Cada um tem a sua direcção distinta.
É uma benção termos jovens como estes. Eles são o sal da nossa terra.


As velhas glória de 1968, com o P.e António Branco e o senhor Eduardo Cardoso.
(Foto publicada no livro do P.e Branco)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Praga da gafanhotos


Gafanhotos em azevinho.

Há oito dias, durante o passeio pedestre pela Gardunha, fomos surpreendidos, no Cavaco (Casal da Serra), com uma figueira sem folhas e dezenas de gafanhotos a fazerem o mesmo a outra figueira.
As trovoadas de Maio e inícios de Junho trouxeram água ao campo, mas pouca à serra. A erva já secou e os gafanhotos comem tudo o que encontram verde.
São os gafanhotos que aqui mostrei, no ano passado. É uma nova espécie, sem predadores, pelo que parece, que já se tornou uma praga. Além das folhas verdes, comem também os frutos (cerejas, pêssegos...). Hoje observei, no Ribeiro de D. Bento, muitas uvas com os bagos parcialmente comidos por eles.
Experimentei combatê-los com o pesticida usado contra os escaravelhos. Vamos ver se resulta. Mas toda a serra está cheia de gafanhotos, já em fase de reprodução. Encontram-se nos matos, fetos, oliveiras, por todo o lado.


Gafanhotos em figueira.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pedro Martins

É ainda jovem, mas o seu trabalho já extravasa o nosso país.
Fotógrafo freelancer, colabora com a National Geographic - Portugal e com o jornal El Mundo, entre muitas outras publicações.
Participou na criação da rota da Gardunha, sendo autor das imagens do livro "Geopark Naturtejo da Meseta Meridional - 600 milhões de anos em imagens".
Tem raízes no Vale de Figueiras e vive em Castelo Branco.
A sua exposição "Natureza das Paisagens" decorre na Sala da Nora - Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco, até final desta semana (dia 24).
Entre imagens de Monsanto, Espanha e Islândia, podemos admirar o seu torrão natal: a Praça de São Vicente, no crepúsculo da noite; o ribeiro da Senhora da Orada, no sítio da ponte de acesso à fonte; os bombos da Partida, na volta ritual à capela de São Tiago, em dia de romaria.



O endereço da sua página, na internet, é o: http://www.pmartins.net/
No seu blogue pessoal (www.pedrormartins.blogspot.com), podemos ver o filme desta exposição, nomeadamente as três imagens da nossa freguesia.