segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Rota da Gardunha, 2016


O narigudo e a caveira.


No curral...


A caminho do Castelo Velho.


No ninho da águia! 
O prémio para quem ousou.


Aranha. Quilómetros abaixo, havia outra igual.


Cabras em casa de humanos.
Ainda há cabras...

A mesma rota, sempre nova e diferente!

José Teodoro Prata

domingo, 14 de agosto de 2016

O nosso falar: cães

Hoje reponho o conteúdo de dois comentários que poderão ter passado a muitos leitores.

Jaime Lopes, Dias escreveu, na sua Etnografia da Beira, que os do Louriçal do Campo chamavam Cães da Vila aos de São Vicente.
Eu esclareci que também os vicentinos usavam esse termo.

Os nossos antigos também usavam esta expressão, referindo-se a todos os poderosos, não a cada um isoladamente, mas quando estavam ou vinham em grupo, normalmente de fora da terra ou misturados com a elite local.
Por exemplo, os membros da Junta de Freguesia de São Vicente ou um ou mais grandes proprietários locais nunca eram chamados cães, quando em separado. Mas se houvesse um evento que os juntasse, mais ao presidente da Câmara, mais o Governador Civil e o Bispo, então já eram chamados cães. Há nesta expressão a ideia de matilha (de poderosos) que leva tudo.
Aplicar-se a expressão aos de São Vicente, é natural por parte dos do Louriçal, pois foi da Vila que lhes vieram, durante séculos, as imposições judicial e fiscal, entre outras.


O leitor Gama enviou há dias um interessante estudo (levantamento) sobre o nosso falar:

A riqueza de uma comunidade costuma perceber-se num primeiro contacto com o modo de falar dos seus habitantes. Na terra existe um falar muito próprio, interessantíssimo, sobretudo na população feminina. Deve destacar-se em primeiro lugar na pronúncia a troca do b pelo v, melhor dizendo, a existência apenas do som b (baca, binte, biba, binho);a troca do a pelo e (Salguerel, amenhê) e cumulativamente do u pelo o (bureco; busquer; correl; róber; espinguerda; espatruquer = diz-se dos animais que saltam brincando, bater o pé na brincadeira, dar pinotes; despulguedo = aquele que sente fome; estrilhedo = barriga encolhida; escarrefocedo = despenteado) ou ainda do e pelo a (estramunhado = aquele que acordou à pressa).
Entre o vocabulário usual - popular, regional ou até local - devemos destacar: aguintar (deitar fora, atirar), ataquero ou batoque (criança demasiado pequena para a idade), borrifol (criança maldosa), chisna (sol quente), bandobudo (barrigudo), dazorro (de rastos), escadelecer (dormitar), engrolar (cozer à pressa), esgrogolar (beber), tósseira (ervas com muitos pés), farrabraz (homem capaz do bem e do mal), granhola (homem pouco hábil), grabanadas (rajadas de vento e água), ingremenço (invenção, criação), lapachero (lamaçal), lam-berca (rapariga deslambida), morrinha (chuva miudinha), mártele (mártir), mangerona (mulher desleixada), machorro (pequena mata ou arbustos bastante juntos), mechegra (dobradiça de porta ou arca), ó pialém, ó piaquém, ó despois, pramorde (por mor de), polina (grande concentração de insectos, animais ou pessoas), pringa ou pringueira (criança na vadiagem), parriba (para cima), pirrónico (pessoa com mau humor, embirrento, mal disposto), pochena (barraca, cabana), sarópeda (bátega de água), sapoula (nevoeiro intenso), scumássim (tenho de estar de acordo, do mal o menos), quintéso (enquanto, mas), tartaranha (mulher atrapalhada), tranqueta (fe-cho), chamiço (graveto), garraipo (galho), charamuga (acendalha), nanho (sem jeito para nada), escarapeado (pão com ocas no seu interior), redolho (o que vem atrasado, fora do tempo, tardio, serôdio).


José Teodoro Prata

sábado, 13 de agosto de 2016

Gardunha: Rochas e Castelo Velho


De: http://beira.pt/turismo/rotas-e-percursos/rota-da-gardunha/

Vista deste ângulo, parece um narigudo com cabeleira. 
Vou revê-la na próxima segunda, 15 de agosto. 
É um passeio familiar, mas convido quem queira juntar-se a nós. 
A partida é às 6 horas, da Igreja do Casal da Serra: temos de ir cedo para regressar antes do calor apertar (cerca das 11h).

José Teodoro Prata

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Ajudar


Há duas razões poderosas para comprar o livro "Dos enxidros aos casais: histórias e gentes de São Vicente da Beira", uma coletânea de histórias publicadas neste blogue.

A primeira prende-se com a própria natureza do livro. Escrevi no seu prefácio:
São histórias simples de pessoas simples, algumas de pé descalço, literalmente. Não foram escritas para serem lidas em suporte de papel, assim reunidas em livro, mas concluímos que, dispersas pelo universo dogotal, corríamos o risco de esquecer algumas das nossas memórias.
(...)
Um dia, a propósito de algumas casas da freguesia de São Vicente, escrevi no blogue: «Os nossos antepassados trabalharam como mouros, sofreram como cães e tombaram como tordos. Mas, quando vejo estas obras que nos deixaram, sinto que caminhamos aos ombros de gigantes.» O mesmo sentimento se apodera de mim ao reler esta coletânea de histórias. Cada uma delas, em separado, é quase insignificante, mas juntas têm a força que nos dá sentido como comunidade.

A segunda é assistencial. Como sabemos, as finanças da Santa Casa da Misericórdia estão em situação difícil há muitos anos. No passado, os nossos pais e avós mobilizaram-se para  ajudar a manter o Hospital da Santa Casa, através cortejos de oferendas. Hoje temos oportunidade, dada pela Câmara Municipal (que pagou a edição do livro), de angariar até perto de 3 mil euros para o Lar da Santa Casa. Por apenas 10 euros, a troco de um livro que conta as nossas histórias. Estejamos à altura do desafio!

José Teodoro Prata
Foto de Florinda Carrega

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O nosso falar: fazer remela

A remela sabem o que é: aquele resíduo pastoso que nos aparece no canto dos olhos, após uma noite de trabalho do nosso corpo, que limpa os olhos das impurezas e as expulsa para fora.

Mas fazer remela é outra coisa bem diferente.
Há dias, vinha eu de regresso a casa, pela raia algarvia,  e senti vontade de ir a Alcoutim, apenas porque gosto de ter no mapa visual da minha mente o Portugal inteiro.
Não sei se Alcoutim vale o desvio, de certeza que sim, nem que seja só pelo Guadiana, mas voltei a ter vontade de ir até lá, sabendo, no fundo, que não calhava muito bem e por isso ainda não seria desta.
Mas sucessivamente me apareciam as placas a anunciar Alcoutim e então exclamei:
- É só para me fazerem remela!
Saiu à São Vicente, estando eu a tantos quilómetros...

Fazer remela é então fazer inveja, provocar o apetite de obter algo que à partida se sabe difícil de alcançar.

José Teodoro Prata

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Dos enxidros aos casais: histórias e gentes de São Vicente da Beira

 Primeiro, compraram-se e folhearam-se os livros.

Depois, os autores (ou seus substitutos) leram trechos das suas histórias.







 A seguir, os autores apresentaram-se e falaram sobre a sua participação neste projeto.


 Por último, falaram as individualidades: João Carrega, em nome da Editora (RVJ), Vitor Louro, como presidente da Junta de Freguesia e membro da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, e Fernando Raposo, vereador da Cultura, em representação da Câmara Municipal.



Nota: 
A Câmara Municipal e os autores ofereceram o lucro da venda dos livros ao Lar da Misericórdia. 
Agora, o livro está à venda junto da Comissão de Festas e na Igreja da Misericórdia. 
Depois, ficará  à venda no Lar e noutros locais que a Santa Casa considere importantes. 
O preço do livro é 10 euros!

José Teodoro Prata
Fotos de Florinda Carrega e Sara Varanda