sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

USALBI - Alguns quadros

Fui visitar a exposição de pintura a óleo das turmas da Usalbi lecionadas pela artista Rosário Belo. Aqui deixo algumas imagens. Alguns quadros são de alunos da turmas de São Vicente da Beira, mas poucos. Horário: de quarta-feira a sábado (ou sexta?), das 14 às 18h.


O folheto da exposição


A turma de São Vicente


Alguns quadros:








José Teodoro Prata

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

USALBI - Exposição de pintura

Na Sala da Nora, Castelo Branco, exposição dos trabalhos de pintura das turmas da artistas Rosário Belo, de Castelo Branco, Palvarinho-Salgueiro e São Vicente da Beira; até ao fim do mês.

https://www.facebook.com/watch/live/?ref=watch_permalink&v=2103916610038621

José Teodoro Prata

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Cantar as Janeiras

https://www.facebook.com/zemanel.santos.1485/videos/616414840758419

 As Janeiras cantavam-se e ainda se cantam, no mês de janeiro. Os cantores, grupo de amigos ou membros de uma instituição (por exemplo a Ordem Terceira, este ano) vão de porta em porta cantar as Janeiras, na expetativa de receber alguma paga.

As quadras que se seguem são de uma recolha realizada por Maria Isabel dos Santos Teodoro e publicadas no seu livro Etnografia de S. Vicente da Beira (e Arredores), editado em 2022.


Em cada quadra, repetem-se os versos terceiro e quarto (bis). As reticências (...), quando existem, assinalam o local em que se deve cantar o nome da pessoa, variável conforme a pessoa a quem os cantores se dirigem. Os cantores cantavam algumas ou todas estas quadras e/ou outras que achassem conveniente.

 

Refrão

Glória a Deus dizem os Anjos

Todos cheios de alegria

Já nasceu o Deus Menino

Filho da Virgem Maria

 

Inda agora aqui cheguei

Pus o pé numa escada

Logo o meu coração disse

Aqui mora gente honrada

 

S. José se levantou

Uma vela s´acendeu

Pr´adorar o Deus Menino

Que à meia-noite nasceu

 

De quem é aquele chapéu

Que além está dependurado?

Ai é do menino…

Que é um homem muito honrado

 

De quem é aquele anel

Que além está a luzir?

Ai é da senhora…

Que pró céu vai a subir

 

De quem é aquela tesoura

Que está de cima daquela cadeira?

Ai é da menina…

Que é uma bela costureira

 

Menina …

Meu raminho de salsa crua

Quando sai de sua casa

Alumia toda a rua

 

Viva lá menina…

Meu raminho de oliveira

Ainda anda neste mundo

Já no céu tem a cadeira

 

Levante-se sra. Maria…

Desse banquinho de cortiça

Venha-nos dar as Janeiras

Uma morcela ou uma chouriça

 

Levante-se sr.…

Desse banquinho de prata

Venha-nos dar as Janeiras

Que está um frio que mata

 

Esta casa está caiada

Do telhado até ao chão

Aos senhores que aqui moram

Deus lhes dê a salvação

 

Os donos da casa abriam a porta e ofereciam aos cantores filhós, chouriças, vinho, etc. Depois cantavam:

 

Despedida, despedida

Despedida vamos dar

Deus queira que daqui a um ano

Cá tornemos a voltar

 

Se não lhes abrissem a porta, cantavam:

 

Trinca martelos

Torna a trincar

Este barbas de chibo

Não tem nada pra nos dar

 

José Teodoro Prata

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Os nossos avós eram cientistas

A minha mãe (digo mãe porque ao pai cabia ganhar dinheiro para o sustento da família) semeava o milho de uma forma que comecei a considerar anárquica, quando cresci e julgava que sabia tudo.

Milho, feijão grande (de trepar) e botelhas, tudo misturado. As botelhas estendiam-se pelo cultivo, com os seus longos braços. O milho dava jeito ao feijão, que trepava por ele acima, dispensando as empas. Na colheita, tínhamos grão de milho para as galinhas, folhas de milho para as cabras, feijão para comer, verde ou seco, e botelhas para a sopa e para o porco. Uma fartura!

Mas eu, conforme crescia, ia achando aquela mistura incorreta e eventualmente menos produtiva, pois os modernos métodos de cultivo separavam todas as plantas e modernidade seria sinónimo de sabedoria.

Até que ontem, um documentário que passa na RTP 2 à hora dos noticiários, “As Américas antes de 1491” me deixou de boca aberta. O milho foi domesticado na América Central, há 10 000 anos. Os Maias cultivavam-no à mistura com o feijão, a pimenta de chili e as abóboras. As plantas apoiavam-se umas às outras, por exemplo o feijão enriquecia a terra com nitrogénio, ajudando o milho a crescer.

Exatamente como a minha mãe fazia! O mesmo método de cultivo durante milhares de anos! Será que as vantagens da mistura foram sendo descobertas pelos nossos antepassados ou elas passaram da América para a Europa, nos testemunhos orais de quem o trouxe nos barcos comerciais?

Os nossos avós eram mesmo cientistas! Criaram saber científico antes ainda de haver Ciência (séc. XVII) ou de saber que ela existia (séc. XX).

E conheciam as vantagens da biodiversidade na Natureza, coisa que os humanos atuais tanto ignoram, seja a diversidade animal, vegetal ou humana.

José Teodoro Prata

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Orfeão em São Vicente

Sala cheia, boa atuação do Orfeão de Castelo Branco. Parabéns à Junta pela mobilização. Sem ela, nada se faz. Para que as pessoas participem (neste ou noutros eventos), parece que tem de se refazer uma ligação social, restabelecer o que parece esquecido.
O único senão é que o único local ideal para eventos deste tipo é mesmo a Igreja Matriz. A sua acústica é excelente e tem outras vantagens. Mas...
Não esquecer que a este orfeão pertence o nosso Joaquim Trindade dos Santos!

José Teodoro Prata

sábado, 18 de janeiro de 2025

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Os Sanvicentinos na Grande Guerra

Com esta postagem, concluo a publicação de informação de todos os combatentes da freguesia de São Vicente da Beira que participaram na I Guerra Mundial (1914-18), no cenário europeu ou em África (Angola e Moçambique). A recolha foi realizada pela Maria Libânia Ferreira e publicada no livro Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra, editado em 2018. Fica assim online toda a informação que conseguimos obter sobre cada um deles.

 Silvestre Serra

Silvestre Serra nasceu no dia 26 de julho de 1893. Era filho de Luciano Serra e Ana Bárbara, jornaleiros, residentes no Casal da Serra.

Mobilizado para fazer parte do CEP, embarcou para França, no dia 21 de janeiro de 1917, integrado na 7.ª Companhia do 2.º Batalhão do 2.º Regimento de Infantaria 21, com o posto de soldado n.º 639 e placa de identidade n.º 9544-A.

Sobre o período em que esteve em França, o seu boletim individual refere apenas o seguinte:

a)   Baixa ao hospital, em 8 de maio de 1918;

b)   Licença em 12 de junho de 1918, por um período de 30 dias;

c)    Baixa à Ambulância n.º 3, em 30 de setembro; alta em 6 de outubro, a fim de ser repatriado;

d)   Embarcou para Portugal, a bordo do navio Gil Eanes, no dia 12 de outubro de 1918.

Silvestre Serra vinha muito doente quando chegou a Portugal. Mesmo assim, dizem que veio sozinho de comboio, de Lisboa à terra, e teve que fazer o caminho todo a pé, desde Castelo Novo até ao Casal da Serra. Contam que, quando chegou ao Cavaco, lugar onde a família morava e que fica ainda mais acima do Casal da Serra, na encosta da Gardunha, vinha quase a desfalecer. Antes de entrar em casa, ainda foi espreitar o curral do porco e das vacas, e só depois subiu as escadas do balcão, já muito a custo, e sentou-se em cima duma arca que havia logo à entrada da sala. A mãe, quando encarou com ele, mal queria crer que era o seu filho, de tão desfigurado que estava. Mas assim que caiu em si, deu tantos gritos que toda a vizinhança acorreu, a ver o que se passava.

Silvestre Serra já pouco saiu de casa. Morreu a 16 de novembro de 1918, um mês após ter regressado a Portugal. Tinha 25 anos de idade. Dizem que a mãe ficou cega de tantas lágrimas chorar.

(Pesquisa feita com a colaboração de vários moradores do Casal da Serra, que se lembram de ouvir contar…)

Maria Libânia Ferreira

Do livro Os Combatentes de São Vicente da Beira na Grande Guerra