terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

O Casal da Fraga de antigamente

É possível que não andássemos muito longe da verdade se disséssemos que este lugar foi o berço do Casal da Fraga.

Até há relativamente pouco tempo eram casas pequeninas, muito velhas, partilhadas em boa harmonia por pessoas e animais e onde cabia também o celeiro, a adega e tudo o que se colhesse no verão para comer no inverno.

Com o tempo essas velhas casa foram morrendo, ou porque foram demolidas ou com a morte dos donos, mas este cantinho, o mais bonito do Casal, mantém-se quase igual ao que deve ter sido há muitos anos.

Chamaram-lhe Rua do Saco por ser apenas um pequeno beco sem saída, com uma casa de cada lado.

Nesta casa, até há pouco tempo, viveu o Ti Augusto Leitão (1911/1997) e a mulher, Libânia dos Santos (falecida recentemente), que a terá herdado dos pais, João José (exposto) e Mariana Duarte.

Mariana Duarte era filha de Francisco Leitão e Josefa Duarte, possivelmente os primeiros proprietários da casa, e cujos apelidos se perpetuaram, através da descendência, em muitos dos atuais moradores do Casal da Fraga.

M.L. Ferreira

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Vilas

Segundo o seu motivo de elevação podemos classifica-las em duas categorias, as vilas "velhas", elevadas por foral real, para a sua povoação ou elevação a sede de concelho, e as vilas "novas", que a partir do séc. XX e até aos dias de hoje, são elevadas por decreto lei por reunirem as condições para atingirem essa categoria.

De referir que "vila" é apenas um estatuto, e não quer dizer que a localidade tenha de ser atualmente uma terra desenvolvida ou com muitos habitantes, até porque muitas destas terras foram elevadas a vila à centenas de anos sendo que muitas delas foram sede do seu próprio concelho. Contudo, mesmo que mais tarde tenham passando a ser apenas freguesias, o estatuto de vila permaneceu.

Outras vilas foram elevadas há menos tempo por decreto de lei, porque naquela altura reuniram as condições para tal, e mesmo que hoje já não tenham essas condições continuam também a ser vilas, porque legalmente não existe nenhuma forma de voltar a ser aldeia.

Nas regras da heráldica portuguesa, os brasões que ostentem três castelos no cimo são aldeias ou freguesias, quatro castelos, são vilas e cinco castelos, são cidade. Se verificar cada um dos brasões das localidades mencionadas nesta lista, vai reparar que todas elas continuam a ter quatro castelos, ou seja, o título de vila permanece.

Do facebook, em "Factos albicastrenses"

Curiosidade: de entre as vilas, São Vicente da Beira é a mais antiga; mesmo nas cidades, só a Covilhã está à nossa frente, com foral de 1186.

José Teodoro Prata

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

USALBI - Alguns quadros

Fui visitar a exposição de pintura a óleo das turmas da Usalbi lecionadas pela artista Rosário Belo. Aqui deixo algumas imagens. Alguns quadros são de alunos da turmas de São Vicente da Beira, mas poucos. Horário: de quarta-feira a sábado (ou sexta?), das 14 às 18h.


O folheto da exposição


A turma de São Vicente


Alguns quadros:








José Teodoro Prata

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

USALBI - Exposição de pintura

Na Sala da Nora, Castelo Branco, exposição dos trabalhos de pintura das turmas da artistas Rosário Belo, de Castelo Branco, Palvarinho-Salgueiro e São Vicente da Beira; até ao fim do mês.

https://www.facebook.com/watch/live/?ref=watch_permalink&v=2103916610038621

José Teodoro Prata

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Cantar as Janeiras

https://www.facebook.com/zemanel.santos.1485/videos/616414840758419

 As Janeiras cantavam-se e ainda se cantam, no mês de janeiro. Os cantores, grupo de amigos ou membros de uma instituição (por exemplo a Ordem Terceira, este ano) vão de porta em porta cantar as Janeiras, na expetativa de receber alguma paga.

As quadras que se seguem são de uma recolha realizada por Maria Isabel dos Santos Teodoro e publicadas no seu livro Etnografia de S. Vicente da Beira (e Arredores), editado em 2022.


Em cada quadra, repetem-se os versos terceiro e quarto (bis). As reticências (...), quando existem, assinalam o local em que se deve cantar o nome da pessoa, variável conforme a pessoa a quem os cantores se dirigem. Os cantores cantavam algumas ou todas estas quadras e/ou outras que achassem conveniente.

 

Refrão

Glória a Deus dizem os Anjos

Todos cheios de alegria

Já nasceu o Deus Menino

Filho da Virgem Maria

 

Inda agora aqui cheguei

Pus o pé numa escada

Logo o meu coração disse

Aqui mora gente honrada

 

S. José se levantou

Uma vela s´acendeu

Pr´adorar o Deus Menino

Que à meia-noite nasceu

 

De quem é aquele chapéu

Que além está dependurado?

Ai é do menino…

Que é um homem muito honrado

 

De quem é aquele anel

Que além está a luzir?

Ai é da senhora…

Que pró céu vai a subir

 

De quem é aquela tesoura

Que está de cima daquela cadeira?

Ai é da menina…

Que é uma bela costureira

 

Menina …

Meu raminho de salsa crua

Quando sai de sua casa

Alumia toda a rua

 

Viva lá menina…

Meu raminho de oliveira

Ainda anda neste mundo

Já no céu tem a cadeira

 

Levante-se sra. Maria…

Desse banquinho de cortiça

Venha-nos dar as Janeiras

Uma morcela ou uma chouriça

 

Levante-se sr.…

Desse banquinho de prata

Venha-nos dar as Janeiras

Que está um frio que mata

 

Esta casa está caiada

Do telhado até ao chão

Aos senhores que aqui moram

Deus lhes dê a salvação

 

Os donos da casa abriam a porta e ofereciam aos cantores filhós, chouriças, vinho, etc. Depois cantavam:

 

Despedida, despedida

Despedida vamos dar

Deus queira que daqui a um ano

Cá tornemos a voltar

 

Se não lhes abrissem a porta, cantavam:

 

Trinca martelos

Torna a trincar

Este barbas de chibo

Não tem nada pra nos dar

 

José Teodoro Prata

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Os nossos avós eram cientistas

A minha mãe (digo mãe porque ao pai cabia ganhar dinheiro para o sustento da família) semeava o milho de uma forma que comecei a considerar anárquica, quando cresci e julgava que sabia tudo.

Milho, feijão grande (de trepar) e botelhas, tudo misturado. As botelhas estendiam-se pelo cultivo, com os seus longos braços. O milho dava jeito ao feijão, que trepava por ele acima, dispensando as empas. Na colheita, tínhamos grão de milho para as galinhas, folhas de milho para as cabras, feijão para comer, verde ou seco, e botelhas para a sopa e para o porco. Uma fartura!

Mas eu, conforme crescia, ia achando aquela mistura incorreta e eventualmente menos produtiva, pois os modernos métodos de cultivo separavam todas as plantas e modernidade seria sinónimo de sabedoria.

Até que ontem, um documentário que passa na RTP 2 à hora dos noticiários, “As Américas antes de 1491” me deixou de boca aberta. O milho foi domesticado na América Central, há 10 000 anos. Os Maias cultivavam-no à mistura com o feijão, a pimenta de chili e as abóboras. As plantas apoiavam-se umas às outras, por exemplo o feijão enriquecia a terra com nitrogénio, ajudando o milho a crescer.

Exatamente como a minha mãe fazia! O mesmo método de cultivo durante milhares de anos! Será que as vantagens da mistura foram sendo descobertas pelos nossos antepassados ou elas passaram da América para a Europa, nos testemunhos orais de quem o trouxe nos barcos comerciais?

Os nossos avós eram mesmo cientistas! Criaram saber científico antes ainda de haver Ciência (séc. XVII) ou de saber que ela existia (séc. XX).

E conheciam as vantagens da biodiversidade na Natureza, coisa que os humanos atuais tanto ignoram, seja a diversidade animal, vegetal ou humana.

José Teodoro Prata

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Orfeão em São Vicente

Sala cheia, boa atuação do Orfeão de Castelo Branco. Parabéns à Junta pela mobilização. Sem ela, nada se faz. Para que as pessoas participem (neste ou noutros eventos), parece que tem de se refazer uma ligação social, restabelecer o que parece esquecido.
O único senão é que o único local ideal para eventos deste tipo é mesmo a Igreja Matriz. A sua acústica é excelente e tem outras vantagens. Mas...
Não esquecer que a este orfeão pertence o nosso Joaquim Trindade dos Santos!

José Teodoro Prata