Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
sexta-feira, 27 de julho de 2018
terça-feira, 24 de julho de 2018
segunda-feira, 23 de julho de 2018
Frescura no calor do verão
Há quanto tempo não viam um ribeirinho de meruje?
Parece que agora se tornou gourmet.
José Teodoro Prata
sábado, 21 de julho de 2018
quarta-feira, 18 de julho de 2018
Voltando aos oragos
Há
tempos, a propósito de um artigo do J.M.S., alguém sugeriu que se referissem os
oragos das nossas anexas. Pareceu-me haver alguma ironia ou lamento por se
falar pouco dessas terras, mas acho que ninguém, melhor que os que lá vivem,
para responderem ao desafio e darem conta do que se passa por lá.
Fiquei
à espera que alguém desse notícias, mas como ninguém avançou, aqui vai o que
consegui saber, provavelmente com algumas imprecisões, mas é de boa vontade. Começando
pela que nos fica mais perto:
Pereiros – O orago dos Pereiros é São Lourenço e
a festa realiza-se no dia 10 de agosto ou no fim de semana anterior ou no seguinte
(este ano parece que é no fim de semana de 11 e 12), por isso, por vezes,
coincide com as Festas de Verão da Vila ou com as da Partida.
«Pelo
São Lourenço vai à vinha e enche o lenço…» diz-se por lá;
Igreja dos Pereiros com
um painel de São Lourenço na fachada principal
Partida – Para além do Santiago, que partilham
com o Violeiro, o Vale de Figueiras e o Mourelo, cuja festa mais rija é no 1.º
de Maio, a Partida festejam também o dia de São Sebastião, em janeiro, e a
Nossa Senhora da Assunção e Santo António, no dia 15 de agosto;
Santiago, em dia de festa, na capela do
Cabecinho
Vale de Figueiras – A festa no Vale de Figueiras é em
honra do Anjo da Guarda. Antigamente faziam-na em outubro, mas há muito que
passou para agosto, no fim de semana a seguir à festa da Partida (parece que
atualmente já há alguma dificuldade em encontrar mordomos…);
Casal da Serra – O orago do Casal da Serra é o Santo
António e a festa realiza-se no dia 16 de agosto ou no fim de semana seguinte.
Tem sido uma das maiores, mas já dizem que talvez não se realize este ano. Pode
ser que não seja verdade…;
Violeiro –
A festa no Violeiro é em honra da Nossa Senhora do Bom Sucesso e
realiza-se no 2.º fim de semana de agosto. Na procissão sai também a Nossa
Senhora de Fátima e os restantes santos da capela. Em janeiro comemoram o dia
de S. Vicente;
Mourelo – O padroeiro do Mourelo é Santo
António e a festa realizava-se no 1.º fim de semana de agosto, mas há alguns
anos que deixou de se fazer…
Imagem de Santo António
na fachada da capela do Mourelo. Interessantíssima, pela simplicidade
Tripeiro – A festa no Tripeiro é em honra da
Nossa Senhora dos Remédios e, por enquanto, continua a realizar-se no 2.º fim
de semana de setembro;
Altar da capela do Tripeiro.
A cicerone, orgulhosa da sua capelinha, foi a D. Emília
Quando as
gentes do Vale de Figueira passavam por lá, cumprimentavam assim a Senhora:
Ó Senhora dos Remédios,
O vosso altar tem fitas,
O nosso Anjo da Guarda
Manda-vos muitas visitas.
Paradanta – A padroeira da Paradanta é a Senhora
dos Aflitos, mas, por falta de festeiros, a festa deixou de se realizar há
alguns anos…
Fachada da capela da
Paradanta com um painel da Senhora dos Aflitos
Ainda
não percebi bem se o Casal da Fraga também conta como anexa, mas, pelo sim pelo
não, não quero deixar para trás a nossa Santa Bárbara, cuja festa se realiza no
3.º fim de semana depois da Páscoa.
Imagem de Santa Bárbara
na capela do Casal da Fraga
As
festas nos vários lugares coincidiam sempre com o dia do calendário do
respetivo santo, mas nas últimas décadas, por causa dos emigrantes, a tendência
foi passarem quase todas para o mês de agosto, embora em alguns lugares se diga
missa e faça uma procissão no dia que é dado.
Interessante
é vermos que em bastantes terras da freguesia se festeja o Santo António, e,
mesmo que não seja o orago, lá está também no altar e sai nas procissões. É de
facto um dos principais Santos da Igreja, venerado em todo o mundo católico. Sinto-me
honrada quando o encontro fora de Portugal, mas é um pouco frustrante quando,
nas legendas, vejo chamarem-lhe sempre Santo António de Pádua.
Há
tempos, numa passagem por Madrid, encontrei esta imagem. Acho-a extraordinária,
pela alegria que transmite, mas sobretudo porque, finalmente, se desvenda o
mistério do sexo dos anjos…
Imagem de Santo António
na igreja de São Jerónimo, em Madrid
Nota: Estas informações foram-me dadas por
várias pessoas, mas pode haver algumas imprecisões e dados a acrescentar,
porque não pude ir a todo o lado e algumas fotografias já foram tiradas há
algum tempo.
M. L. Ferreira
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domingo, 15 de julho de 2018
A fé
A
crença no além, nos nossos dias, já não tem aquela firmeza de outros tempos.
A
verdade de hoje na matéria de fé é manifestada de uma maneira contrária ao que
era antigamente. Mesmo os crentes, convictos da sua religiosidade, já não
acreditam verdadeiramente no sobrenatural. Lealdade, retidão, temor… são
atitudes que muitas pessoas não levam muito a peito.
A
crença nos ensinamentos, nos preceitos cristãos, aos poucos vai sendo
abandonada pelos descendentes dos que acreditam.
“Por
isso vos digo: Tudo quanto pedirdes, orando, crede que o recebereis e o obtereis…”
(Marcos-11/24)
“E
tudo quanto pedirdes com fé, na oração, recebê-lo-eis.” (Mateus-21/22)
A
fé para muitos é balofa, material, não é viva, é uma fé morta.
Continua
a existir fé, os conceitos são outros. Fé no jogo de futebol, na sua equipa que
vai ganhar o campeonato, fé na lotaria “um dia, quem sabe”… fé na melhoria
financeira.
Há
para aí seitas que vendem fé a rodos. Estás doente! A cura está à mão de semear.
Problemas financeiros? Resolvem-se já… paga o dízimo, o Senhor Jesus é
magnânimo.
Pessoas
certamente bem-intencionadas acreditam. Se têm pouco, com menos ficam.
A
fé tem que ser vivida através de boas obras, é esta a verdadeira fé, através da
partilha receberemos um dia em dobro.
“Dai
e dar-se-vos-á: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no
vosso regaço. A medida que empregardes com os outros será usada convosco.” (Lucas-6/38)
Os
católicos acreditam que a fé sem obras não é real; ao contrário, os cristãos
protestantes afirmam: “A fé é que salva.”
Uma
criatura pode ter fé e não ter crença alguma. Tem sentimentos, é reta na
maneira de proceder, sincera, franca, leal. É uma pessoa de bem.
Também
há criaturas que agem de má-fé, suas intenções são de maneira a prejudicar o
próximo, ao mesmo tempo praticam actos nada corretos, enganadores; as pessoas
de boa-fé crêem; aos maus intencionados, nada lhes pesa na consciência, fé
morta.
Ter
fé no real mesmo que nunca se tenha visto a coisa não é nada do outro mundo.
Sei que muralha da China existe, apesar
de nunca lá ter estado.
Certo
dia Jesus, depois de ter ressuscitado, apareceu aos apóstolos. Estavam
trancados, cheios de medo, apareceu no meio deles; faltava um, Tomé.
-
Vimos o Mestre.
-
Creio, se vir o sinal dos cravos nas Suas mãos.
Alguns
dias depois o Mestre voltou a aparecer, Tomé ficou estupefacto e acreditou
“Acreditas
porque me viste. Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditam.” (João-20/29)
Jardim do Paço, Castelo Branco
Não
basta estar na igreja participando nas cerimónias que se vão desenrolando; quantos
só estão presentes corporalmente…
Enquanto
vai prosseguindo a eucaristia, alguns fiéis, terço na mão, debitam pai-nossos e
ave-marias.
Onde
está a fé destes crentes!
Era
domingo, em Castelo Branco assisto à
missa das dez na igreja da Graça; hora da comunhão, muitos fiéis saem dos
seus lugares para irem receber a sagrada partícula; um telemóvel toca, uma
simpática idosa pega no aparelho: tá lá… Entretanto,
vai subindo a coxia e falando… recebe a hóstia e continua o diálogo.
Onde
está a fé?
J.M.S
quinta-feira, 12 de julho de 2018
Encontros (já) pouco prováveis
O
macho e a carroça eram o meio de transporte e os auxiliares agrícolas mais comuns
até há algumas dezenas de anos atrás. Hoje em dia já é com algum espanto que
reagimos quando nos cruzamos com eles. É por isso que, diz o Ti Tomás, muita
gente lhe quer tirar o retrato.
Também
eu, depois de ter hesitado muitas vezes quando me cruzava com ele à entrada de
Tinalhas, perdi a vergonha, parei o carro e meti conversa.
Não
lhe perguntei os anos, mas vê-se logo que há muito ultrapassou a idade da
reforma. Apesar disso ainda se levanta todos os dias com o sol, aparelha o
macho à carroça e vão os dois até à horta, ali perto, onde tem um bocadinho de
tudo, cultivado como antigamente.
É
isso que lhe dá vida, diz o Ti Tomás. Que seja por muitos anos, desejo-lhe eu!
M.
L. Ferreira
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