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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O nosso falar: deslambida

Existe no masculino, mas sempre ouvi este termo ser aplicado apenas às mulheres.
O dicionário informa-me que também pode dizer-se delambido e ambos significam presunçoso, afectado, tolo.
Conheço a palavra apenas com o sentido de presunçoso.
Uma mulher, para ser considerada deslambida, tem de mostrar-se presunçosa, manienta, vaidosa… sem que os outros lhe reconheçam motivos válidos para isso.
Em simultâneo, tem de ser atrevida e linguaruda, provocando os outros com as suas impertinências.
E, não sei porquê, é sempre uma mulher bastante magra. Talvez porque as outras tenham pelo menos o corpo para provarem alguma coisa e a deslambida nem isso!
Em resumo, chamamos deslambida a uma mulher atrevida, manienta e magricela, sem nada para provar tanta presunção que apregoa.


Nota:

Esta palavra é do tempo da maria castanha, épocas em que ser magro era sinónimo de pobreza e de baixa condição social (sem direito a respeito e consideração).

sábado, 30 de julho de 2011

Os Teodoros

No princípio eram Vaz, Matias e Santos. Depois, há quase 150 anos, houve um Teodoro Matias dos Santos, cujos filhos herdaram o nome do pai como apelido. E assim nasceu a família dos Teodoro, uma história igual a tantas outras, como a dos Hipólito, já aqui apresentada.
O berço foi sobretudo o Casal da Fraga, com muitas raízes na Vila e também no Sobral do Campo, nos Pereiros e no Vale de Figueiras.
Pertencem a esta família os Teodoros originários dos Pereiros, pois dois filhos de Teodoro Matias dos Santos casaram com raparigas de lá. Mas não são da mesma família os Teodoro da Partida!
Um dia, vindo de Castelo Branco, virei para a direita, à saída da ponte do Ramalhoso. Uns metros depois, um casal tratava de um chão e parei, para perguntar onde era a Santa Bárbara. Era impressionante a parecença da senhora com a tia Celeste Teodoro! Apresentei-me e ela disse que também era Teodoro, dos Pereiros, mas que casara no Sobral. Na altura, ainda não sabia o porquê das parecenças.
A genealogia abaixo apresentada é um produto imperfeito que irá sendo completado com mais investigação e sobretudo informações dos familiares.

Genealogia dos Teodoro
1. António Vaz estava casado com Maria dos Santos, ambos naturais e residentes em S. Vicente da Beira.
2. Manuel Vaz dos Santos, filhos dos anteriores, casou com Maria de Jesus, filha de José Antunes e Isabel Rodrigues, naturais dos Pereiros e ermitões da Senhora da Orada.
3. Matias Vaz dos Santos, filho do casal n.º 2, nasceu em 1786 e casou com Isabel da Graça Santinho, em 1811. Ela era filha de Manuel Gonçalves Santinho, do Sobral do Campo, e de Josefa Bernardo Raposo, de S. Vicente da Beira.
4. Francisco Matias, filho dos anteriores, casou, em 1849, com Felícia de Oliveira, filha de Manuel de Oliveira e Inês Ferreira.
5. José (Matias) dos Santos, também filho do casal n.º 3, casou, em 1846, com Maria do Patrocínio, filha de Francisco da Costa e de Maria Eugénia, ambos de S. Vicente da Beira.
6. José Matias dos Santos, outro filho do casal n.º 3, casou, com Maria Tomásia e, em segundas núpcias, no ano de 1864, com Maria Ferreira, filha de Manuel de Oliveira e Inês Ferreira, ambos de S. Vicente da Beira. Do 1.º casamento, teve dois filhos: Francisco Matias dos Santos, que casou com Maria dos Anjos, e Antónia dos Santos, que casou com Guilherme dos Santos.
7. João dos Santos Vaz Raposo, ainda filho do casal n.º 3, casou, no ano de 1839, em primeiras núpcias, com Antónia Efigénia de Mendanha, filha de Domingos de Mendanha e Ana Maria filha de Domingos Fernandes de Mendanha e de Ana Maria Mendanha, naturais de Vilar Maior, diocese da Guarda. Em 1841, foram padrinhos do sobrinho Teodoro. O casal parece não ter tido filhos. A 20 de Dezembro de 1869, João dos Santos Vaz Raposo, já viúvo e com 52 anos, casou com Maria de Macedo de Oliveira Raposo, de 15 anos, filha de Francisco António de Macedo e de Maria José de Oliveira Raposo, já falecidos e ambos de S. Vicente da Beira. Tiveram os seguintes filhos: Maria (1872-…), Manuel (?), Antonino Vaz de Macedo, Aires Vaz de Macedo(mais tarde Aires Vaz Raposo) e Maria Amélia Vaz de Macedo. João dos Santos Vaz Raposo foi Administrador do Concelho de S. Vicente da Beira, por nomeação de 20 de Julho de 1872, do Rei D. Luís.
8. António Matias dos Santos, também filho do casal n.º 3, casou, em 23 de Setembro de 1840, nas Festas de Verão, com Pulquéria de Oliveira, filha de Manuel de Oliveira e Inês Ferreira.
9. Guilherme dos Santos, filho do casal n.º 8, casou com Antónia dos Santos, filha de José Matias dos Santos (talvez o número 6 desta genealogia). Guilherme e Antónia foram os pais de Doroteia de Jesus dos Santos, a avó materna do autor deste blogue.
10. Teodoro Matias dos Santos, filho do casal n.º 8, casou, no dia 31 de Agosto de 1864, com Bárbara Leitão, filha de José da Costa, do Vale de Figueiras, e Antónia Bárbara, do Casal da Fraga. Ele era da Vila e ela do Casal da Fraga. Ficaram a residir no Casal da Fraga. Em 1900, Teodoro Matias dos Santos foi padrinho da neta Maria Bárbara, mas já enviuvara.
11. Teodoro, filho do casal n.º 10, nasceu a 3 de Abril de 1889. Faleceu na infância.
12. José Teodoro, filho do casal n.º 10, casou, em 1900, com Isabel Rita, dos Pereiros, filha de José Martins e Rita Maria. Ele era jornaleiro (e cantoneiro) e ela fiadeira e viveram no Casal da Fraga. O casal teve duas filhas: Maria Bárbara (1900-1929), que casou com Domingos da Silva Simão, e Pulquéria (1903-1987).
13. Adelino Teodoro, filho dos número 10, casou com Ana Josefa. Viviam nos Pereiros. Deste casal nasceram António (1898-19145), que casou com Rosa da Conceição do Sobral do Campo, onde o casal viveu, e Maria, nascida em 1901, mas que não sobreviveu. Adelino faleceu em 29/12/1900, com 28 anos.
14. João Teodoro, filho do casal n.º 10, casou com Ludovina dos Santos. Em 1901-1905, João Teodoro trabalhava como criado de servir. A esposa era fiadeira. Moravam na Quinta da Vela (Vinhas do Aires), limite da freguesia de S. Vicente da Beira. Mais tarde, residiram na Vila, numa casa da Rua do Eiró.
O casal teve os seguintes filhos: Manuel (1898-...), que emigrou aos 14 anos para o Brasil, onde teve 5 filhos; Aires (1901-...), que teve dois filhos e foi assassinado numa revolução em Lisboa; Francisca, que teve 7 filhos (Ema, José, Aires, Ernesto, Maria José, Domingos e João); Amélia, com 2 filhos (Ludovina dos Santos e ...); Maria do São João, que teve 9 filhos (Manuela, Rosalina, Leonor, Francisca, Isabel, Vítor, António, Emília e João); Ana, que casou com António Martins Bispo, de Castelo Branco, e tiveram 3 filhos (Emília, João Carlos e Augusto); Emília, com 4 filhos: José Luís, Beatriz, Ana e João); Maria da Luz dos Santos Matias (1911–2000), casada com João Agostinho, e tiveram 4 filhos (Maria do Patrocínio, Emília dos Santos Agostinho (1936), João José Macedo (1944) e Ana Maria Teodoro Agostinho (1939) - a mãe da autora do comentário n.º 7).
15. Joaquim Teodoro, filho do casal n.º 10, casou, em 1903, com Maria do Nascimento, filha de Manuel Marques do Sobral do Campo e de Ana Martins da Paiágua. Eram ambos do Casal da Fraga, ele carpinteiro. Tiveram Emília, nascida em 1904, e Manuel, nascido em 1905.
16. António dos Santos, filho do casal n.º 10, nasceu, em 21 de Maio de 1867, no Casal da Fraga. Os padrinhos foram os avós António Matias dos Santos e Pulquéria de Oliveira. Casou, com Maria Rosa (Macedo), em 4 de Fevereiro de 1891, filha de José Agostinho e Rita de Macedo. As testemunhas de casamento foram Aires Vaz Raposo, solteiro e proprietário e Joaquim Hipólito, casado e lagareiro. Aquando do casamento, António dos Santos era jornaleiro e vivia no Casal da Fraga. Nos registos de nascimento dos seus filhos, abaixo apresentados, este António dos Santos aparece também referido como António Matias, António Matias dos Santos, António Teodoro e António Teodoro dos Santos.
A sua esposa Maria Rosa Macedo faleceu, no dia 19 de Janeiro de 1915. António dos Santos casou, em segundas núpcias, com Maria Martins, natural do Mourelo, em 1922. António dos Santos faleceu, no ano de 1952.
17. Orada, filha de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16, nasceu a 2 de Novembro de 1893, mas faleceu na infância.
18. Amélia de Jesus, filha de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16, nasceu a 3 de Novembro de 1901 (faleceu em 1996). Os pais viviam então no Casal da Fraga. O padrinho foi Manuel de Brito Coelho de Faria, amanuense da Administração de Castelo Branco, e a madrinha Dona Maria Amélia Vaz de Macedo, que lhe deu o nome. Casou com João Ricardo, no dia 27 de Novembro de 1921 (falecido em 1968) O casal teve 4 filhos: Celeste, casado com Diogo; Maria de Lurdes Ricardo, casada com Edmundo Pedro; Maria de Jesus, casado com Tomé; Fernando Ricardo, casado com Maria Fernanda.
19. Joaquim Teodoro dos Santos (16/11/1891-18/05/1993), filho de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16. Casou com Maria Madalena Ramalho, em 1914, e tiveram 4 filhos: Luís Teodoro dos Santos, Francisco Teodoro dos Santos, Maria Etelvina da Conceição Ramalho e Maria de Lurdes.
Maria Madalena Ramalho faleceu, em 1930, e Joaquim Teodoro dos Santos casou, em segundas núpcias, com Maria Antónia Freire, falecida em 1991. Deste casamento nasceu Celeste da Conceição Teodoro.
20. Maria Pureza Rosa Teodoro(02/02/1907-26/08/1969), nasceu no Casaçl da Fraga, filha de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16. Casou com Adelino Francisco Costa, de Pedrógão Pequeno. Tiveram uma filha chamada Maria Adelina Teodoro Costa que casou com José Luciano Pulido.
21. Maria José Rosa, filha de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16, nasceu em Agosto de 1904 (e faleceu em 1983). Aquando do seu nascimento, os pais viviam nas Vinhas do Poço e a mãe foi identificada como fiadeira. Os padrinhos foram os primos Aires Vaz Raposo e Maria Amélia Vaz Macedo, filhos do número 7. Casou, em 16 de Abril de 1928, com Alexandre Nicolau (1902-1948), filho de Francisco Nicolau e Maria da Encarnação. O casal teve os seguintes filhos: Pureza Nicolau que casou com José Rodeia; Francisco Nicolau (1929-1999) que casou com Maria de Lurdes Jerónimo; Maria da Encarnação Macedo Nicolau (1944-2010) que casou com Luciano Moreira Lami; Florinda Nicolau; Ângelo Nicolau que casou com Margarida Nunes; João Rosa Nicolau que casou com Maria Isabel Robalo.
22. Hermínia Rosa, filha de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16, nasceu, no Casal da Fraga, a 13 de Maio de 1899. O pai era jornaleiro e a mãe fiadeira. Os padrinhos foram António Lino Lopo, casado, cantoneiro, e Maria Hermínia Ramos, solteira, costureira, que lhe deu o nome, ambos de S. Vicente da Beira. Casou com Francisco Eurico, a 26 de Fevereiro de 1921. O casal teve 4 filhos: Maria de Jesus, Dores, António Eurico, Maria Rosa e Filomena Rosa.
Hermínia Rosa faleceu, a 1 Abril de 1993, e Francisco Eurico, em 1 de Julho de 1980.
23. João Teodoro dos Santos (1909-1995), filho de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16, casou com Alzira Casimiro de Oliveira, também de São Vicente. Tiveram cinco filhos: António, Jaime, Teodoro, João e José Maria. Após enviuvar, casou, em segundas núpcias, com Delfina Prazeres Nunes, do Fundão, no ano de 1963. Tiveram um filho: João Manuel Nunes dos Santos.
24. Maria Augusta (...-1976), filha de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16, casada com António Teixeira governo, falecido em 1995.
24. Francisco Teodoro, filho de António dos Santos e Maria Rosa, o casal n.º 16, nasceu no dia 3 de Outubro de 1896. Foram padrinhos João Teodoro e Leopoldina Leitoa, ambos solteiros. Francisco Teodoro casou com Maria do Rosário Jerónimo, no dia 20 de Setembro de 1920 (outro casamento nas Festas de Verão). Ela era filha de José Jerónimo e Eulália da Conceição. O casal teve 8 filhos: João Teodoro (...-..., casado com Maria de Jesus Nicolau, ...-...), José Teodoro (...-..., casado com Nazaré Noreira, ...-...), António Teodoro (1925-2000, casado com Maria da Luz Prata), Rosa Teodoro (casada com José Nicolau), Francisco Jerónimo (...-..., casado com Maria Albertina Craveiro), Celeste Teodoro (...-..., casada com Joaquim Nicolau, ...-...), João Jerónimo (casado com Maria da Luz Prata Candeias) e Eulália Teodoro (Casada com Francisco Bernardino, 1930-1993).
Francisco Teodoro faleceu, a 24 de Novembro de 1972, e Maria do Rosário Jerónimo, em 21 de Novembro de 1970.

Apresentam-se, seguidamente, alguns registos de nascimento e casamento. Clicar nas imagens, para conseguir ler.


Registo de nascimento de António dos Santos.



Registo de casamento de António dos Santos e Maria Rosa.


Registo de nascimento de Joaquim Teodoro dos Santos.
(Penso que as datas dos averbamentos, relativos às esposas, estão trocadas.)



Registo de nascimento de Maria José Rosa.


Registo de nascimento de Hermínia Rosa.


Registo de nascimento de Amélia de Jesus.


Registo de nascimento de Francisco Teodoro.


Registo de nascimento de Maria Pureza Rosa Teodoro.

Nota:
Genealogia elaborada com base em consultas por mim realizadas no Arquivo Distrital de Castelo Branco, numa genealogia elaborada pela minha irmã Maria Isabel dos Santos Teodoro e pelos contributos de descendentes das pessoas acima referenciadas.
Agradeço aos descendentes dos filhos de António dos Santos e Maria Rosa que me enviem dados concretos sobre os seus familiares diretos, pois sem eles não poderei completar a genealogia. Faltam-me apelidos familiares, só atribuídos aquando do casamento, e datas de nascimento (para procurar os registos).

sexta-feira, 29 de julho de 2011

No adro da Orada


Há anos, poucos, foram plantadas duas árvores de crescimento muito rápido, no adro da capela da Senhora da Orada. Estão enormes, já ultrapassaram os amieiros do ribeiro. Não sei como se chama esta espécie, mas não é autóctone da região.


Na década de 80, plantaram-se muitas árvores da mesma espécie, na cidade de Castelo Branco, mas já foram arrancadas quase todas. A zona em frente ao Hospital Amato Lusitano estava toda arborizada com elas, mas tiveram de ser retiradas, pois entupiam os aparelhos de ar condicionado com os fios finíssimos que largam durante a floração.
Este ano, no dia da romaria da Senhora da Orada, os fios eram como uma chuva miudinha que caía sobre as pessoas. O chão já estava branco, como ainda se vê nesta foto de terça-feira.
Estas duas árvores deviam ser também retiradas e no lugar plantar outra espécie de árvores mais adequada àquele ecossistema e menos nociva para a saúde (doenças respiratórias).
Nada que os serviços de jardinagem da Câmara não façam com uma perna às costas! Basta querermos.

Nota: A Susana Jerónimo enviou-nos, em comentário abaixo publicado, informação detalhada sobre esta árvore, chamada choupo-negro.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Rua Nicolau Veloso

A Rua Nicolau Veloso foi das últimas ruas da Vila a receber um nome próprio. Até quase finais do século XVIII, era designada por rua que vai da praça para a ponte.
De facto ela unia dois locais importantíssimos para a Vila: a praça, centro político e religioso, com o seu Pelourinho e ladeada pela Igreja Matriz, pela Igreja da Misericórdia e pela casa da Câmara, e a ponte, uma ponte de pau, como então se dizia, que era a única passagem existente sobre a Ribeirinha.
Esta ponte, além de se localizar junto à capela de Santo André e da azenha e do lagar dos Cabral de Pina, dava ainda acesso à forca, no alto da Devesa, e aos caminhos para o Sobral e para os montes da charneca.
Cerca de 1780-90, a rua que vai da praça para a ponte passou a chamar-se Rua Nicolau Veloso. Mas desconheço em que data recebeu esta designação oficial.
Era este Nicolau Veloso de Carvalho natural de S. Vicente da Beira. O seu pai chamava-se Manuel Leitão de Carvalho e a mãe Maria de Távora. Nicolau Veloso de Carvalho casou, em 1698, com Maria Cardoso Frazão. Tiveram uma filha chamada Maria de Távora. Esta foi mãe solteira de uma menina a quem deram o nome de Mariana. Os padrinhos foram o Capitão Henrique de Carvalho e Andrada e a sua esposa Mariana Nogueira.
O pai da criança era um primo em terceiro grau, chamado Francisco Azevedo Cabral, filho de António de Carvalho, também natural e morador em S. Vicente da Beira.
Tudo gente importante, na época: Andrada, Azevedo, Cabral, Carvalho, Nogueira, Távora…

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O nosso falar: desinsaibido

A palavra aplica-se a quem não tem gosto, não tem paladar para apreciar a comida. E também à própria comida, sem sabor para cativar quem a consome.
Neste aspecto, comida desinsaibida é o mesmo que chalada, sem sabor, por excesso de água e falta de tempero.
Mas o termo usa-se noutras situações sem relação com a comida. Uma pessoa desinsaibida não sabe apreciar, não tem gosto por nada, tanto se lhe dá andar bem como mal vestida, ter uma mesa bonita e com comida bem confeccionada, como uma mesa desorganizada e com comida sem vista, nem sabor. É um pãozinho sem sal.
Normalmente usava-se no feminino. Não que afectasse mais as mulheres, mas porque eram elas que, tradicionalmente, deviam mostrar bom gosto. A falta dele não era problema para os homens, mas era um drama numa mulher, pois a tornava quase incompetente nas funções domésticas que lhe estavam socialmente destinadas.
Não encontrei, nos dicionários, a palavra desinsaibido, mas adivinha-se-lhe a origem: saibido vem de sabor e acrescentou-se o prefixo des para o negar, como fazer e desfazer, coser e descoser, travar e destravar...

domingo, 17 de julho de 2011

Ladainhas à Orada

Ainda o livro “A ANUNCIAÇÃO À VIRGEM MARIA na religiosidade popular do interior da Beira”, de Maria Adelaide Neto Salvado, recentemente editado pela editora Pelimage.
Nas páginas 86 e 87, a autora escreve:

«Outrora,durante a Quaresma, era prática dos habitantes de Tinalhas, aldeia próxima da Póvoa, deslocarem-se em romagem à ermida de Nossa Senhora da Encarnação.
Até ao início do século XX, era igualmente prática do povo da aldeia de Tinalhas organizar a esta ermida, no 3.º dia das Rogações, que precedem a festa da Ascensão do Senhor, uma participada peregrinação.
Eram as Rogações procissões através dos campos, cuja origem mergulha na Antiguidade, para se implorarem aos deuses condições atmosféricas favoráveis à fertilidade da terra e colheitas abundantes para que não faltasse o pão de cada dia. O Cristianismo adoptou esta prática, dando-lhe uma nova roupagem. Chamou-lhe Ladainhas e fixou a data da sua realização nos dias que antecedem a Quinta-feira da Ascensão. Acompanhado pelo pároco, o povo caminhava em procissão pelos campos em redor das povoações, implorando colheitas abundantes. A benção dos campos culminava o final das preces. Algumas povoações, ultrapassando os limites da sua paróquia, faziam as suas Ladainhas até um santuário da sua devoção.»

Já aqui dei notícia das ladainhas que o povo de São Vicente da Beira realizava à ermida da Senhora da Orada, durante a Quaresma. No final do século XVI, um visitador do bispo da Guarda veio à Vila e deixou escrita, entre outras recomendações, a proibição de os padres acompanharem o povo nas ladainhas que faziam à Orada. Elas terão continuado, já sem os sacerdotes, pois subsistiram até hoje, mas limitadas às ruas de São Vicente.
Outro aspecto em que este texto da Dr.ª Adelaide Salvado faz luz é a ligação das ermidas marianas ao ciclo quaresmal e da Páscoa, também já aqui tratado nos Enxidros.
São mais umas peças para nos ajudarem a completar o puzzle do nosso passado, a fim de o compreendermos melhor.


Ladainha de 2009.
Foto do Dário Inês.

sábado, 16 de julho de 2011

Reabertura do Clube


É já este fim de semana, com um espectáculo de karaoke.
E mais informa o Dário Inês:
«Depois de um intenso trabalho de recuperação das instalações, nomeadamente arranjo dos wc, pintura e limpeza do espaço e de todo o espólio, o Clube está pronto para se dar início às actividade, com o bar aberto todos os fins de semana.»
Está um brinquinho, como podem ver pelas fotos que o Dário me enviou.











sexta-feira, 15 de julho de 2011

O empreendedorismo de Luci Bento

A artista Luci Bento continua a surpreender-nos, com o seu entusiasmo e dinamismo.
Em 2013, prevê abrir ao público, na Partida, um grande espaço artístico e recreativo, formado por uma fundação, um centro artístico e uma quinta pedagógica.
Deixo-vos com a notícia publicada no jornal Povo da Beira, de 5 de Julho de 2011.
(Clicar na imagem para ler melhor)

sábado, 9 de julho de 2011

João Marcelo (1960-2011)

Acabo de saber, pelo Reconquista online, que faleceu o João Marcelo, nosso conterrâneo da Partida.
Dirão que já faleceu muita gente boa, de quem eu não dei notícia. É verdade. Mas há o público e o privado. Não trato deste, mas sim do outro.
Mal o conhecia, mas contavam-me que era um dos melhores advogados da cidade. E também um importante dirigente do Partido Socialista.
Deixo-vos com a notícia do jornal Reconquista (7 de Julho de 2001), da autoria de Lídia Barata:


«João Carlos Marcelo faleceu na madrugada de sexta-feira aos 50 anos, vítima de doença prolongada.
O advogado natural de Partida, concelho de Castelo Branco, licenciou-se em Direito em 1985, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde exerceu alguns anos. Mas acabou por se estabelecer na cidade albicastrense.
Além da advocacia, João Carlos Marcelo era também conhecido pela sua actividade política, sendo actualmente presidente da Comissão Politica Concelhia do Partido Socialista e membro da Assembleia Municipal de Castelo Branco, onde desempenhava o papel de líder da sua bancada.
Em termos políticos também já tinha integrado os órgãos nacionais do PS.
João Carlos Marcelo faleceu no Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, onde se encontrava já internado há algumas semanas.
O corpo será velado a partir da tarde de sexta-feira na capela de São Marcos, em Castelo Branco.
O funeral realiza-se no sábado a partir das 10h30 para o cemitério da Partida, a terra natal do advogado.»

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O nosso falar: vossemecê

Quando andava no Seminário e queria comunicar com a minha família, uma das coisas mais complicadas era escrever a palavra vossemecê, termo com que eu tratara sempre a minha mãe e o meu pai, mas que nunca vira escrito. Envergonhava-me de usar a palavra, pois tinha medo de a escrever mal e achava-a tão impessoal, quando escrita, que não sabia se com ela conseguia mostrar-lhes o meu respeito.
Depois, não sei se no Seminário ou em casa, habituei-me a tratar os adultos por você, não os meus pais, que continuaram a merecer o vossemecê.
Já jovem, no Magistério Primário desta provinciana cidade de Castelo Branco, uma professora comentou com as minhas colegas, durante um debate entre alunos e vários professores: "É de admirar a maneira inocente como o Teodoro trata os professores por você!"
Contaram-me e só então soube que os albicastrenses consideravam ofensivo o tratamento por você. Esta história tem mais de 30 anos, mas há dias deparei-me com comentários de professores a considerar mal-educado um aluno que os tratava por você. Curiosamente, o adolescente é nosso vizinho da Gardunha.
Um dos meus colegas até lhe respondeu: "Você é estrebaria!" O mesmo é dizer que só se tratam por você as pessoas de baixa condição social, as que estão ao nível de tratar os cavalos da estrebaria.
Porque será que os albicastrenses sentem tanta repulsa pela palavra você? Porque você é a contracção da expressão Vossa Mercê e esta era a forma de tratamento a que tinha direito a burguesia, até finais do século XIX.
Considerarão que era um tratamento prestigioso e é verdade. Raros eram os homens do povo que a ele tinham direito. Só que estes desejavam ser tratados como os nobres, por Vossa Senhoria. Eram quase sempre mais ricos e mais cultos que os nobres, mas só tinham direito à forma de tratamento mais humilde. É que acima de Vossa Senhoria ainda havia o Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor com que eram tratados os membros mais importantes do clero, como os bispos.
Agora imaginem, há cerca de 150 anos, a elite albicastrense, formada por uma dúzia de famílias de grandes lavradores, comerciantes e letrados, ter de tratar por Vossa Senhoria os raros nobres que existiam na cidade e por Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor o bispo da diocese, mas só receber deles e de todos os pacóvios o tratamento de Vossa Mercê! Nasceu-lhes uma tal repulsa por essa forma de tratamento que ainda hoje é sentida pela classe média da cidade.
Como já devem ter percebido, o nosso vossemecê é a maneira do nosso povo dizer Vossa Mercê. Em São Vicente da Beira, esse tratamento agradava aos nossos pais, pois fora o tratamento dado às pessoas mais importantes com que os seus antepassados lidaram.
Os burgueses albicastrenses sentiam-se humilhados com o Vossa Mercê, mas o seu uso generalizado a todo o povo foi uma forma de democratizar um tratamento que até então fora de apenas uns poucos, de uma elite social. Certamente, também em Castelo Branco, o uso de vossemecê ou você foi e ainda é uma forma respeitável de tratamento, mas apenas para as camadas mais baixas da população, não para a classe média, herdeira da mentalidade burguesa dos séculos XVIII e XIX.

domingo, 3 de julho de 2011

II Feira: balanço

Não foi muito diferente da Feira do ano passado. Ela mostrou os nossos pontos fortes, mas também as nossas fragilidades. Houve melhorias nalgumas áreas e fraquezas noutras. Em termos de espectáculo, mostrou novamente a nossa quase auto-suficiência: bombos, banda e rancho. Soube que o GEGA pretendia fazer a projecção, em contínuo, do filme dos anos 70, entretanto colocado no Youtube. Não o pôde fazer, pelo local que lhe coube, e foi pena, pois a Feira ficou mais pobre.
Um breve reflexão sobre dois aspectos:

1. Data da Feira.
No ano passado, a feira esteve prevista para o fim de semana de 10 de Junho, mas teve de ser adiantada no calendário, por força da condecoração do Presidente da Câmara, no 10 de Junho.
Este ano, também não poderia ser, pois as cerimónicas do Dia de Portugal tiveram lugar em Castelo Branco.
Este fim de semana, cerca do dia 20 de Junho, tem bom tempo (nem muito frio, nem muito calor) e temo que a data pegue. A Feira já entrou na rotina das pessoas, mas faz pena ver a Vila cheia de vicentinos, no 10 de Junho, e depois realizar uma feira no fim de semana seguinte.
A agravar, ainda se comemora o aniversário da banda, no domingo seguinte, e o festival de ranchos, no outro (este em que estamos). Isto é, vemos chegar e partir os nossos e depois seguem-se três fins de semana de oiro, só para os residentes.
Não sei qual a boa solução, mas faz-me impressão!

2. Publicitação da Feira
No ano passado, houve uma boa divulgação da Feira, de tal forma que se dispensou a conferência de imprensa, dias antes.
Estranhamente, este ano, a imprensa de Castelo Branco ignorou a nossa Feira (procurei e não vi nada). Para o concelho a que pertencemos, foi uma feira clandestina. Claro que não me refiro aos cartazes, pois defendo que em épocas de crise se tem de fazer igual ou melhor, com menos dinheiro.
O extraordinário é que a única notícia que vi foi no Jornal do Fundão, que a nós dedicou uma página inteira (prova de que a organização fez o seu trabalho). Já no ano passado, o Jornal do Fundão divulgara a Feira e a Rádio Cova da Beira veio à Vila gravar um programa. Afinal, a que lado da Gardunha pertencemos?
Os jornais de Castelo Branco podem defender-se com os seus critérios e a sua independência, mas nós não temos de gostar, comer e calar!

sábado, 2 de julho de 2011

O nosso falar: Lisboa branca

Veio o calor e com ele os primeiros figos. São os maiores do ano, por nós chamados figos do Algarve.
Que sejam do Algarve é natural, pois certamente os nossos antepassados mouros trouxeram-nos de Marrocos e o Algarve foi a região do actual território nacional onde os mouros ficaram mais tempo (711-1249).
E nunca diríamos figos do Minho, pois nesta região não faz calor suficiente para produzir figos.
Assim, é lógico dizer figos do Algarve. Mas já me espanta não encontrar quase ninguém a usar esta expressão fora de São Vicente da Beira. Eu próprio já só a uso na nossa terra, pois fora dela ninguém me entende. O nome mais comum que se usa é figos de São João, por darem na época da festa deste santo.
Algo parecido se passa com os figos Lisboa branca ou figos de Lisboa. Ainda na terça-feira a minha mãe me disse que certa figueira era de figos de Lisboa. Referia-se aos figos pingo de mel brancos.
É provável que este variedade tenha sido trazida de Lisboa, pois do seu porto saíam, já na Idade Média, grandes carregamentos de figos para o Norte da Europa. A variedade mais comum no Ribatejo e na Estremadura, as regiões agrícolas envolventes de Lisboa, seria pois a pingo de mel branca.
E os nossos antepassados chamaram-lhe figos de Lisboa, pois de lá vieram estas figueiras, para este interior.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

101.º aniversário da banda

Houve festa, no passado domingo, 26 de Junho. A nossa Sociedade Filarmónica Vicentina fez 101 anos.

Programa:
09:30 - Arruada, pela Banda Filarmónica Vicentina e pela Banda Filarmónica Idanhense.
11:00 - Missa, na Igreja Matriz de São Vicente da Beira, em memória dos músicos, directores e maestros já falecidos.
12:00 - Sessão Solene na Praça Medieval de São Vicente da Beira.
13:30 - Almoço.
15:30 - Concerto da Banda Filarmónica Vicentina e da Banda Filarmónica Idanhense.


Houve missa, cantada e tocada, como antigamente.


Cantaram-se os parabéns, apagaram-se as velas e partiu-se o bolo, como manda o ritual. Parabéns à velhota!


As homenagens foram ao meio dia. Ao centro, o senhor Albino. Sempre o conheci como músico da nossa banda filarmónica.


À tarde, concerto na Praça.


Passei por lá, em outras andanças, e gostei de ver a Praça cheia de gente, em ambiente festivo. Eram já 19.30 h.

Nota: Fotos do Dário Inês, a quem agradeço, por tornar possível esta notícia. As informações do programa tirei-as do blogue da Junta de Freguesia (http://jfsvbeira.blogspot.com).

domingo, 26 de junho de 2011

Vale de Figueiras

São bonitas as nossas aldeias de montanha: Casal da Serra, Paradanta e Vale de Figueiras.
A primeira aconchegada no colo da serra, a segunda estendida ao longo de um caminho de canseiras e a terceira metida num beco da montanha.
Sentado no penhasco do Castelo Velho, contei ao Ernesto Hipólito que visitara finalmente a única aldeia da freguesia que ainda não conhecia, Vale de Figueiras.
"Lá estás tu a dizer Vale de Figueiras. Já no blogue fazes a mesma coisa. É Vale de Figueira!"
De repente, alguém nos desviou a conversa para outro assunto e não concluímos este. Faço-o agora.
Primeiro, adorei conhecer o Vale de Figueiras. Da Partida, segue-se por um vale ribeirinho e de repente chegamos. É uma típica aldeia de montanha: vale estreito ajardinado por hortinhas bem cuidadas, casas alcantiladas nas encostas íngremes, o verde garrafa da vegetação salpicado pelo castanho das casas antigas e pelo branco das mais novas. Gente simpática, de cabelos loiros e olhos azuis. Perdeu-se aqui uma tribo de germanos, no seculo V! À entrada da povoação, termina o caminho fácil. Depois segue-se a pé ou de carro, mas com o credo na boca. O vale do ribeiro acaba um pouco mais à frente e por todos os lados a serra se empina. Caminhos bons para cabras e montanheses.
Vista dos meus enxidros, não se adivinham na serra encostas tão íngremes, para os lados da charneca. Pensava que só no Casal da Serra, do Cavaco para cima.
Segundo, o uso do plural no nome. Em toda a documentação em que tenho trabalhado, anterior a 1850, a povoação é sempre designada por Vale de Figueiras.
Tem lógica, pois o lugar tem as duas condições para ser abundante em figueiras: água com fartura e calor (o vento frio passa por cima). E haveria (há) muitas figueiras, pois uma não seria notícia neste nosso já sul mediterrânico.
Temo que a passagem do plural para o singular se deva a um lapso ou a uma decisão sem fundamento, como aconteceu recentemente com Cafede.
Sempre se escreveu Cafede, mas há anos o nome da povoação apareceu, nas placas das estradas, escrito com acento gráfico: Caféde. E pouco a pouco as pessoas interiorizaram que a palavra se escrevia assim e até os jornalistas da região passaram a escrever com acento. Agora já começam a emendar, mas as placas lá continuam, para baralhar.
E porque não leva acento agudo? Porque é uma palavra grave e estas não precisam de acento gráfico, para marcar a sílaba tónica, a que se lê com mais força. Há excepções, mas não para a palavra Cafede.

Nota: Estive em casa de uma sobrinha da Ti Mari´Zé Afonsa, daqui natural. Havia uma figueira enorme, que agora estará carregadinha de figos do Algarve.

sábado, 25 de junho de 2011

Fogueiras de S. João

Ontem, ao fim da tarde, passei pelo Cimo de Vila e lá estava um monte de rosmaninho, a aguardar pelo escuro da noite.
Como já fizera a publicação do dia, só hoje recordo as festas de São João. Deixo apenas uma pequena recordação do santo mais popular de Portugal (excepto de Lisboa, que tem o seu Santo António, o santo maior da Cristandade).

Eu hei-de ir ao rosmanhinho
Áquela serra mais alta
Para acender a fogueira
Ao meu S. João de Malta

S. João era bom homem
Se não fosse tão velhaco
Levava três moças à fonte
E vinha de lá com quatro

No dia 24 de Junho
Nasceu uma linda flor
Nasceu S. João Batista
Primo de Nosso Senhor

Para o ano há (muito) mais, se me lembrar a tempo...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

2 em 1


O grupo de bombos, na abertura da II Feira de Gastrononima e Artesanato.
(Nesta foto, assim como nas duas imagens dos bombos, na abertura da II Feira, falta um tocador, o Dário Inês, por estar a fazer de fotógrafo)


No passado domingo, visitei a sede do Sport Clube S. Vicente da Beira, situada na cave da Casa do Povo, pela mão dos membros do grupo de bombos "Os Vicentinos".
Após 5 anos de inactividade, as obras de recuperação estão já adiantadas: pintura geral dos interiores, reorganização dos espaços, limpeza, arrumações... Tudo em regime de voluntariado, nas horas livres, após a jornada diária de trabalho.
É verdade! O grupo de bombos decidiu reactivar o nosso Clube. Pagou as dívidas que ainda existiam, elegeu direcção, está a restaurar a sede e já se prepara para participar num torneio de futebol (de salão, salvo erro).
Mas embora todos trabalhem, as duas instituições continuam separadas: uma coisa é o grupo dos bombos e outra é o clube. Cada um tem a sua direcção distinta.
É uma benção termos jovens como estes. Eles são o sal da nossa terra.


As velhas glória de 1968, com o P.e António Branco e o senhor Eduardo Cardoso.
(Foto publicada no livro do P.e Branco)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Praga da gafanhotos


Gafanhotos em azevinho.

Há oito dias, durante o passeio pedestre pela Gardunha, fomos surpreendidos, no Cavaco (Casal da Serra), com uma figueira sem folhas e dezenas de gafanhotos a fazerem o mesmo a outra figueira.
As trovoadas de Maio e inícios de Junho trouxeram água ao campo, mas pouca à serra. A erva já secou e os gafanhotos comem tudo o que encontram verde.
São os gafanhotos que aqui mostrei, no ano passado. É uma nova espécie, sem predadores, pelo que parece, que já se tornou uma praga. Além das folhas verdes, comem também os frutos (cerejas, pêssegos...). Hoje observei, no Ribeiro de D. Bento, muitas uvas com os bagos parcialmente comidos por eles.
Experimentei combatê-los com o pesticida usado contra os escaravelhos. Vamos ver se resulta. Mas toda a serra está cheia de gafanhotos, já em fase de reprodução. Encontram-se nos matos, fetos, oliveiras, por todo o lado.


Gafanhotos em figueira.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pedro Martins

É ainda jovem, mas o seu trabalho já extravasa o nosso país.
Fotógrafo freelancer, colabora com a National Geographic - Portugal e com o jornal El Mundo, entre muitas outras publicações.
Participou na criação da rota da Gardunha, sendo autor das imagens do livro "Geopark Naturtejo da Meseta Meridional - 600 milhões de anos em imagens".
Tem raízes no Vale de Figueiras e vive em Castelo Branco.
A sua exposição "Natureza das Paisagens" decorre na Sala da Nora - Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco, até final desta semana (dia 24).
Entre imagens de Monsanto, Espanha e Islândia, podemos admirar o seu torrão natal: a Praça de São Vicente, no crepúsculo da noite; o ribeiro da Senhora da Orada, no sítio da ponte de acesso à fonte; os bombos da Partida, na volta ritual à capela de São Tiago, em dia de romaria.



O endereço da sua página, na internet, é o: http://www.pmartins.net/
No seu blogue pessoal (www.pedrormartins.blogspot.com), podemos ver o filme desta exposição, nomeadamente as três imagens da nossa freguesia.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

São Vicente nos anos 70

GEGA RECUPERA FILME ANTIGO

O Grupo de Estudos e Defesa do Património Cultural e Natural da Gardunha, com sede em São Vicente da Beira, acaba de recuperar um filme com cerca de 33 minutos, rodado durante os anos de 1973 a 1976 e que mostra algumas das tradições desta vila do concelho de Castelo Branco. Destas tradições, algumas já desaparecidas, constam:
- A Semana Santa, com a cerimónia do Lava Pés, Procissão do Ece Homo, toda a recriação da Paixão de Cristo até ao Calvário e a Procissão do Enterro.
- A visita Pascal (Boas Festas), em que o pároco e sacristão visitavam todas as casas da Vila e das quintas à sua volta, com o Crucifixo que era dado a beijar a todos os habitantes.
- A romaria da Senhora da Orada, onde se pode ver como era o Santuário antes das remodelações a que foi sujeito.
- Uma tradição que foi mantida durante muitos anos, o Pic Nic em Lisboa, que era organizado pela extinta Liga dos Amigos da Freguesia de São Vicente da Beira, com sede na Capital no Bairro da Bica. Era um acontecimento que, nos anos 60 e 70, tinha a particularidade de juntar Vicentinos residentes em São Vicente da Beira e todos os outros que na procura de uma vida melhor se deslocaram para a zona da Grande Lisboa. Era nesta ocasião que se matavam as saudades e se convivia durante um dia que sempre ficava na memória de todos quantos participavam. A Banda Filarmónica Vicentina acompanhava sempre este acontecimento.
- Depois seguem-se alguns trechos da alvorada das Festas de Verão, em Setembro, onde se podem ver as centenas de foguetes que eram lançados.
- A fogueira de Natal e imagens do que era a Vila naquela altura.

Esta será porventura uma ocasião para recordar as vivências e os lugares de outrora.Por curiosidade refere-se que neste filme foram usadas cerca de 22 bobines de filme super 8 de três minutos cada e a revelação, feita em Espanha, demorou mais de um mês e meio. A montagem física do corte e cola do filme foi feita em dez dias e o que demorou mais tempo foi a recuperação digital deste documento histórico. Devido aos longos anos que esteve em bobine, a deterioração já era evidente e era urgente a sua recuperação. Muitos trechos do filme tiveram que ser recuperados digitalmente imagem a imagem, com ajustes da cor e outros tratamentos técnicos necessários. Ao fim de seis meses de intenso trabalho em computador, surge o que agora é mostrado, na tentativa de não deixar perder as memórias das gentes de São Vicente da Beira.

Como já é habitual, este filme pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=BKLzD9sc-UY.
Outros filmes já editados pelo GEGA podem ser vistos na internet no Youtube. Basta pesquisar por GEGA BEIRA e terão acesso a todos eles.

domingo, 19 de junho de 2011

II Feira: Inauguração da Rota


A merendar na frescura dos cedros, junto à Casa do Guarda.


O fotógrafo fotografado.


Em fila indiana, rumo ao Castelo Velho.


"Segura-te, não caias!"


O João foi espreitar o Casal, pelo postigo na penedia.


A muralha do Castelo Velho, já derramada pela encosta.