José Teodoro Prata
Enxidros era a antiga designação do espaço baldio da encosta da Gardunha acima da vila de São Vicente da Beira. A viver aqui ou lá longe, todos continuamos presos a este chão pelo cordão umbilical. Dos Enxidros é um espaço de divulgação das coisas da nossa freguesia. Visitem-nos e enviem a vossa colaboração para teodoroprata@gmail.com
quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
Banda desenhada
segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
domingo, 14 de dezembro de 2025
Feira do Fundão
No passado era o nosso local principal de comércio. Ainda hoje alguns chegam a tirar o dia para irem ao mercado do Fundão!
A foto é de Raquel Soeiro de Brito, uma geógrafa que completa hoje 100 anos e ainda não se sente velha!
José Teodoro Pratasexta-feira, 12 de dezembro de 2025
O ninho das asiáticas
São extremamente frágeis os ninhos das vespas asiáticas. A parede exterior, feita de papel, nem resiste a uma moderada pressão dos dedos (apenas o suficiente para pegar no ninho). A parede exterior é muito esburadada e todo o interior é ocupado com andares de alvelos de criação.
José Teodoro Prata
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Concerto de Natal
Há dias, publiquei o seguinrte texto a acompanhar este cartaz:
A acústica da Casa do Povo é péssima e por isso não serve para eventos musicais. No ano passado, aquando do espetáculo do orfeão de Castelo Branco, um dos cantores manifestava-me o seu desagrado pela qualidade do som da sua atuação, atribuindo-a erradamente à aparelhagem sonora.
Penso que nessa altura me disseram que o espetáculo não fora na Igreja Matriz, porque a comissão fabriqueira pedia 600 euros pela sua utilização (não tenho a certeza se foi para esse espetáculo ou se para outro anterior, talvez o do Concerto de Natal de 2023 ou 2024).
Entendamo-nos: a única coisa que está aqui em causa é a quantidade de dinheiro. Penso que nos devemos habituar a pagar as despesas dos atos que praticamos, mas 600 euros eram muito mais do dobro do que se precisava para pagar a uma mulher de limpeza e a eletricidade gasta (num mês, pela Igreja).
É bom recordar que as obras que se têm realizado na Igreja Matriz têm sido pagas com o dinheiro dos nossos impostos, via órgãos autárquicos, pois as contribuições da comunidade de católicos praticantes, os utentes da Igreja, serão manifestamente reduzidas para as despesas quotidianas. Por isso, em parte compreendo a exigência da comissão fabriqueira.
Terá de se encontrar um equilíbrio entre as necesidades da Igreja e as da nossa Comunidade! Continuar neste limbo é negativo para todos.
Hoje encontrei o Pe. José Manuel, que me deu os seguintes esclarecimentos:
Já conhecia este boato de a Igreja exigir dinheiro à banda pelo concerto de Natal, até com valores diferentes.
A verdade é que a Igreja não exigiu dinheiro nenhum à banda. O que o Pe. José Manuel disse ao Daniel foi que qualquer banda precisa de uma licença da diocese para participar em atos religiosos ou atuar nos templos religiosos, licença que custa 30 euros.
A Igreja paga à banda 150 euros por cada participação em procissões. No último concerto da banda na Igreja, a banda não pagou nada, mas a igreja ficou muito suja de lenços de papel e garrafas de água no chão, limpeza que a Igreja teve de fazer por sua conta.
Nota pessoal: Que raio de história! Entendam-se, por favor!
José Teodoro Prata
sábado, 6 de dezembro de 2025
Vespas asiáticas
Deparei-me com este ninho no Ribeiro Dom Bento, na passada quinta-feira. Pouco antes, passara lá quase rente. Não sei há quanto tempo lá está. Foram hoje matar as vespas, mas disseram ao meu cunhado Cassiano que este é um ninho secundário e o principal estará perto. Estou lixado. Tenho de o procurar.
José Teodoro Prata
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
A Ti Mari do Cu
Nunca tive medo de ninguém, muito menos daquela mulher que via passar às vezes, rua abaixo, com a bacia da roupa ou o molho de caruma à cabeça. Bem me dizia a minha mãe que me metesse para dentro por causa do mau-olhado, muito menos que lhe comesse alguma coisa das mãos dela, que podia morrer. Mas eu não fazia caso.
Um dia de manhã, ia eu para a escola,
e estava ela a apular água com um cântaro na Fonte da Mesarela (ainda
hoje lá está essa fonte).
- Bom dia, Ti Mari do Cu!
Fiquei orgulhosa porque era isto que
os meus pais me ensinavam: dar a salvação a toda a gente.
Nisto vejo-a vir atrás de mim com um pau na mão:
- Anda cá, minha lareta, que já te digo quem é a Mari do Cu.
Não percebi bem aquela reação, mas corri
tanto que só parei na ribeira.
À tarde, quando cheguei a casa, contei
à minha mãe o que me tinha acontecido; ela ainda disse que era bem feita,
porque se lhe tivesse dado ouvidos, nada disso acontecia.
Nunca mais!
Doutra vez o meu pai foi com ela e com
o homem à feira do Fundão. Cada um lá fez o que tinha a fazer e, já no fim, ela
não terá achado bem algum negócio que o homem fez e zangou-se. Desapareceu do
pé de nós mal o diabo esfrega um olho. Ainda andámos por ali a ver se a víamos,
mas nada. E metemos também ao caminho, que se fazia tarde.
Então não é que quando chegámos ao Casal
(da Fraga) ela já cá estava há que tempos?! Diz o homem que até já tinha
acomodado a criação e posto a panela ao lume para cozer as couves para a ceia.
Ninguém queria crer: só mesmo coisa do
diabo com quem andaria feita, de certezinha!
Doutra vez, uns anos mais tarde, vinha
eu da escola e, para encurtar caminho, subi pela vereda que vai da sobreira até
quase ao cimo da rua de Santa Bárbara. Naquele tempo havia ali umas casas de
pedra baixinhas, com balcão: por baixo a loja, onde os animais dormiam; por
cima um espaço onde as pessoas viviam o pouco tempo que passavam em casa,
principalmente durante o verão.
Um dia ouço uns gemidos aflitos vindos
de dentro de uma das casas. Subi as escadas do balcão e, a um canto, vi uma
pessoa muito velha, deitada no chão, em cima duma enxerga, tapada com pouco
mais que farrapos. Tentei ajeitar-lhe a roupa, mas, nuns restos de pudor, a mulher
agarrou-a o mais que pôde, mas consegui ver que, vestido, nem uma combinação.
Passei por lá várias vezes para lhe fazer
um bocadinho de companhia e levar qualquer coisa que ele pudesse comer: uma
laranja ou o pão com queijo flamengo que nos davam na cantina. O que pudesse
dar-lhe algum consolo. Mas um dia tive um desgosto: quando lá cheguei, a “cama”
estava vazia.
Só passados alguns dias contei em casa
o que se tinha passado. A minha família levou as mãos à cabeça, imaginando o
que me poderia ter acontecido. É que a velha era a Ti Mari do Cu, a bruxa tão
temida, por toda a gente.
Por estas e por outras é que nunca
acreditei nestas coisas!
MLFerreira
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Concerto de Natal
A acústica da Casa do Povo é péssima e por isso não serve para eventos musicais. No ano passado, aquando do espetáculo do orfeão de Castelo Branco, um dos cantores manifestava-me o seu desagrado pela qualidade do som da sua atuação, atribuindo-a erradamente à aparelhagem sonora.
Penso que nessa altura me disseram que o espetáculo não fora na Igreja Matriz, porque a comissão fabriqueira pedia 600 euros pela sua utilização (não tenho a certeza se foi para esse espetáculo ou se para outro anterior, talvez o do Concerto de Natal de 2023 ou 2024).
Entendamo-nos: a única coisa que está aqui em causa é a quantidade de dinheiro. Penso que nos devemos habituar a pagar as despesas dos atos que praticamos, mas 600 euros eram muito mais do dobro do que se precisava para pagar a uma mulher de limpeza e a eletricidade gasta (num mês, pela Igreja).
É bom recordar que as obras que se têm realizado na Igreja Matriz têm sido pagas com o dinheiro dos nossos impostos, via órgãos autárquicos, pois as contribuições da comunidade de católicos praticantes, os utentes da Igreja, serão manifestamente reduzidas para as despesas quotidianas. Por isso, em parte compreendo a exigência da comissão fabriqueira.
Terá de se encontrar um equilíbrio entre as necesidades da Igreja e as da nossa Comunidade! Continuar neste limbo é negativo para todos.
José Teodoro Prata
sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Central solar fotovoltaica da Gardunha
Consultar aqui: https://siaia.apambiente.pt/AIA1.aspx?ID=3536
José Teodoro Prata
terça-feira, 18 de novembro de 2025
Tortulhos na Gardunha
domingo, 16 de novembro de 2025
Beira e Sophia
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Estive ontem na manisfestação contra as centrais solares Beira e Sophia, em Castelo Branco. Muito pouca gente (metade da que esteve no Fundão, onde também eram muito menos do que deviam ser), eu que esperava um sobressalto cívico, pois está em causa a nossa sobrevivência.
O Ribeiro Dom Bento estava muito bem representado, com mais de metade dos moradores e proprietários não absentistas.
Não sou exemplo para ninguém, eu que raramente participo nestes eventos, e há muitas formas de participar, cada um manifesta-se como quer e pode. Por outro lado, da central Beira, a que mais vai afetar o nosso concelho, pouco se fala
Uma delas é assinar esta petição, nova, que me foi enviada ontem pela Manuel Catana, uma das técnicas do Geoparque NaturTejo: https://participacao.parlamento.pt/iniciatives/5569
José Teodoro Prata
terça-feira, 11 de novembro de 2025
Cinema na Câmara
A
Ordem Franciscana Secular de São Vicente da Beira e a Biblioteca Popular Dr.
Hipólito Raposo convidam toda a comunidade a participar nesta sessão de cinema,
que se realiza no Salão Nobre da Junta de Freguesia.
Contamos
com todos.
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
Travessa dos Abraços
As ruas das terras grandes têm quase sempre nomes de gente importante. Gente de quem a maior parte dos que por lá passam mal ouviram falar. Não é assim nas aldeias, onde as ruas se chamam Rua da Fonte, Rua do Cemitério, Rua da Igreja, Rua do Lagar, Rua da Escola, Rua da Praça, Rua da Eira, etc… identificando, sobretudo, o lugar onde se situam equipamentos importantes para a terra ou alguma característica invulgar.
Esta Travessa dos Abraços, no Violeiro, são vinte passos mal medidos, em forma de Z mal acabado, onde um homem com um molho de mato às costas teria dificuldade em passar.
Maravilhei-me com o nome e imaginei que, no tempo em que manifestações de amor eram proibidas, se não pecado, muitos casais de apaixonados terão aproveitado o recato e o negrume da rua para poderem abraçar-se de fugida.
Um dos habitantes mais antigos (já poucos, no Violeiro) disse-me que não era bem assim; mas a imaginação é ainda um dos nossos maiores poderes, e eu fico-me com minha…
ML Ferreira
Nota: A fotografia publicada há dias duma
casa na Rua do Forno é, de facto, nos Pereiros. Sinal dos tempos, o forno comunitário
que ali existiu faz agora parte de uma casa particular.
quarta-feira, 5 de novembro de 2025
segunda-feira, 3 de novembro de 2025
Ainda as Autárquicas 2025
Chegou-me a informação de que, nas recentes eleições
autárquicas, na mesa de voto da Vila, São Vicente da Beira (ignoro se houve
mais do que uma), o delegado da coligação PSD-CDS, presente na sala, foi várias
vezes à porta buscar pessoas para as acompanhar à mesa de voto.
Sei também que o delegado do Partido Socialista não fez uma
participação destas ocorrências, por escrito. Fez mal, pois a democracia
defende-se a cada momento, mesmo nas pequenas coisas. E isto não tem nada a ver
com as relações entre as pessoas, que se desejam amistosas o mais possível.
Nem queria acreditar quando me contaram! Desde 1974-75 que
não ouvia falar destas atitudes. Nesse tempo, os caciques colocavam-se à porta,
relembravam às pessoas em que partido deviam votar, acompanhavam-nas às mesas
de voto e até se metiam com elas no local onde se marca a cruz no boletim de
voto. Mas esses foram tempos de aprendizagem, em que todos, até os caciques,
tiveram de aprender as regras democráticas. Mas agora! Estas atitudes envergonham-nos,
como comunidade!
Aqui deixo as funções dos delegados às mesas de voto, para
que conste:
Quais os poderes e competências dos delegados?
- Ocupar os lugares mais próximos da mesa da assembleia de
voto de modo a poderem fiscalizar todas as operações de votação;
- Consultar a todo o momento as cópias dos cadernos de recenseamento eleitoral
utilizadas pela mesa da assembleia de voto;
- Ser ouvidos e esclarecidos acerca de todas as questões suscitadas durante o
funcionamento da assembleia de voto, quer na fase da votação quer na fase do
apuramento;
- Apresentar oralmente ou por escrito reclamações, protestos ou contraprotestos
relativos às operações de voto;
- Assinar a ata e rubricar, selar e lacrar todos os documentos respeitantes às
operações de voto;
- Examinar, no apuramento local, os lotes dos boletins separados, bem como os
correspondentes registos, sem alterar a sua composição;
- Obter certidões das operações de votação e apuramento.
Nota: as pessoas que precisam de acompanhamento para ir votar
devem levar um atestado médico!
José Teodoro Prata
sábado, 1 de novembro de 2025
Vespas asiáticas
Na última semana, morreram 3 homens na Galiza, em ataques da vespas asiáticas. E desta vez com uma novidade: todos pisaram ninhos de vespas feitos no chão, o que não era habitual.
Já no ano passado, o meu sobrinho António Craveiro encontrou um ninho no tronco de uma oliveira, pouco antes da colheita da azeitona. Também não era habitual, segundo los técnicos que vieram matar as vespas.
sábado, 25 de outubro de 2025
Quando o mar bate na rocha...
A propósito da perda de eleitores na nossa freguesia (mais de cem) entre as Autárquicas de 2021 e as de 2025. Embora a “fome” não seja exatamente a mesma, este texto é extraordinário, até pela crueza, na justificação da perda de população no interior do País no tempo da ditadura:
«O reino naquela época tremia de frio
e desconfiança.
Tinha-se deslocado mais para a
beira-mar, não se sabe bem porquê, mas calcula-se: fome.
A fome vinha do interior e varria tudo
para o oceano. Nesta leva desgarrada, escapavam os camponeses, que tinha a
barriga curtida, em cardos, e que se cravavam na terra à dentada, como uns
danados.
Espalmavam-se nas tocas e nas dobras
das montanhas para deixar passar a ventania, pareciam calhaus, seres
empedernidos; depois voltavam ao trabalho; à semente que se enterra e ao fruto
que se arranca.
Tinham-se habituado de tal maneira à
má sina que fome para eles era o pão de cada dia.
Os restantes, os que não conseguiam
enganar os vendavais, fugiam de roldão pelo país, atravessando aldeias e
planícies, vinhas e repartições, hoje fazendo família neste ponto, amanhã mais
naquele, até se verem diante do mar, acossados.
Uma vez ali, ou entregavam o corpo aos
caranguejos ou faziam como o mexilhão: Pé na rocha e força contra a maré.
Daí o nome de Reino do Mexilhão, que lhe pôs a geografia, em homenagem a esse marisco mais que humilde, só tripa e casca.»
Do livro Dinossauro Excelentíssimo de José Cardoso Pires
ML Ferreira
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
A azeitona já está preta
Acabei ontem a azeitona. Foram dias de tal suadouro, que só
apetecia cantar Ó que calma vai caindo / sobre as gentes do campo… Mas,
como continuar Por cima ceifa-se o trigo / por baixo fica o restolho…, se
eu andava empoleirado nas oliveiras a ripar azeitona?!
A canção certa seria A azeitona já está preta / já se pode
armar aos tordos..., mas cantá-la naquele ritmo apressado e folgazão
debaixo de tal calmaria?! Nem poderia gritar Ó João, dá cá o podão! Para
quê? Pra malhar aqueles que além vão! Pois se não se avistava vivalma!
Verdade, verdadinha, a canção que andei sempre a cantar foi
mesmo Ó que calma vai caindo, mentalmente claro, não queria que
me chamassem maluco! Como escreveu Aquilino Ribeiro, na primeira página do
Malhadinhas, «…os dias de hoje não os conheço.»
Porque comecei tão cedo? Medo da gafa que aí vem e
indisponibilidade na próxima semana.
Nota: a gafa é uma doença que provoca o apodrecimento da azeitona, devido a um fungo que se desenvolve em ambientes quentes e húmidos.
José Teodoro Prata
segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Autárquicas 2025
Resultados oficiais, por esta ordem: Câmara, freguesia SVB/concelho; Assembleia Municipal, freguesia SVB/concelho; freguesia SVB
PS - 40,45/36,21 (3 vereadores); 37,89/33,26; 43,46 (3 mandatos)
PSD+CDS - 46,77/32,63 (3 vereadores); 45,86/31,65; 53,98 (4 mandatos - presidente da Junta)
CH - 6,17/10,72; 8,42/12,99
IL - 2,56/13,98; 2,56/13,66 (1 vereador)
PCP+PEV - 1,05/1,55; 0,75/2,18
L+BE - 0,75/2,12; 2,11/2,63
Nas Autárquicas 2021, SVB tinha 1032 eleitores e votaram 685; nestas Autárquicas 2025, temos 927 eleitores e votaram 648.
Como em 2021, a nossa freguesia votou em dissonância com o concelho (nas legislativas e presidenciais tem havido concordância desde 2009). A dissonância de agora é diferente da de 2021: então, SVB desconhecia o candidato do PS e conhecia o candidato do Sempre. Nestas eleições, a nossa freguesia conhecia bem o Leopoldo Rodrigues e a sua obra no concelho: cumprimento das promessas à Misericórdia - Lar e telhado da Igreja desta irmandade - feitas por José Augusto Alves, no anterior mandato (em substituição de Luís Correia); arranjo dos retábulos franciscados da Orada; paragem do fogo que lavrara desde Arganil, sem que ninguém o detivesse até entrar na nossa freguesia; criação de condomínios de aldeia na Paradanta e Violeiro, para evitar os incêndios; presença assídua em muitos momentos da nossa vida comunitária; apoio à edição de 2 livros; reparações várias na escola; obras no largo da Partida e apoio às Jornadas do Património; etc (no total, a Câmara terá gasto na nossa freguesia mais de 500 000 euros!) É verdade que quem anda à chuva molha-se, mas cheira um pouco a ingratidão. Po outro lado, prefiro pensar que o João Filipe Goulão fez um trabalho tão bem feito que levou as pessoas a pensar que íamos ter finalmente uma câmara e uma junta da mesma cor política. Ora isso nunca esteve nas previsões realistas, antes era do domínio dos sonhos e dos desejos, legítimos, claro (era mais que previsível uma subida da IL e do CH, que se verificou, tendo a coligação de direita perdido um vereador - antes, o Sempre tinha 3 e o PSD tinha 1; agora têm 3). Para entenderem melhor o que quero dizer, observem os resultados das freguesias onde as juntas foram ganhas pelo PSD+CDS (tp.pt/eleicoes/autarquicas-resultados/2025/eleicao-AF/990000): quase todas deram a vitória para a Câmara ao Leopoldo Rodrigues.
Como sempre, os meus parabéns à Junta de Freguesia eleita. Pode contar com a minha colaboração, em tudo o que precisar e estiver ao meu alcance.
Na Câmara, haverá 3 vereadores do PS, 3 do PSD+CDS e 1 da IL. Não sei como se vão entender, mas faço votos para que acabe o ambiente de crispação introduzido pelo Sempre no anterior mandato (em contraste com a atitude responsável do vereador do PSD) e que Câmara e Junta se esforcem por trabalharem em conjunto, para bem da nossa freguesia. Afinal, foi SÓ para isso que foram eleitas!
José Teodoro Prata
terça-feira, 7 de outubro de 2025
Estrada romana
Os humanos já vivem há milhares de anos, nesta encosta da
Gardunha, os poderosos é que foram mudando, mas trazendo sempre consigo novas
gentes.
Na época romana, a estrada vinda do Ribatejo passava por
Castelo Branco, Alcains e logo a seguir atravessava a ribeira da Ocreza (a
ponte está submersa pela água da barragem de Santa Águeda).
Depois dividia-se em duas. Uma voltava a atravessar a Ocreza
abaixo do Louriçal e seguia pela Soalheira, Castelo Novo e serra acima até ao
Fundão. A outra, a nossa, seguia na direção das Vinhas, fonte da Portela,
Marzelo, Corredoura, Pinheiro, Ribeiro Dom Bento, Quintas, Orada e aqui subia
até à Portela de São Vicente, agora Alto da Portela, e continuava pela outra
vertente da serra.
Neste agosto, o meu sobrinho António Craveiro avisou-me de
que as obras de captação de água pela Fonte da Fraga estavam a degradar a
estrada. Contactei a Junta, a Câmara e um amigo arqueólogo, que me informou
estar a estrada registada na plataforma de registo do património arqueológico,
graças a uma iniciativa do GEGA, há uns bons anos!
De regresso, fui ver e tirei as minhas conclusões, que enviei
às entidades acima referidas e à Fonte da Fraga. Resumidamente, o que observei,
no troço entre a Senhora da Orada e a casa do Rabaçal foi: degradação pelo uso
de tantos séculos; degradação pelas obras de captação e canalização da água
oferecida à povoação pela família Matias; degradação pela água que corre
continuamente nas margens da estrada, vinda de uma das captações/canalizações;
degradação pela movimentação das máquinas para realizar as atuais captações da
Fonte da Fraga.
A Fonte da Fraga disponibilizou-se a colaborar num projeto
da restauração da estada (o presidente da Junta já a contactara, sobre o
assunto) e o presidente da Câmara comprometeu-se a tratar do problema no próximo
mandato.
No domingo, realizam-se as eleições autárquicas e, sejam
quais forem os resultados locais e concelhios, faço votos para que possamos
congregar vontades para preservarmos esta estrada milenar, que tantos trabalhos
terá custado aos nossos antepassados de então.
Atenção: os turistas querem é conhecer coisas genuínas,
aquilo que temos de peculiar, que nos carateriza; não o que nos torna iguais a
todos os outros!
José Teodoro Prata
terça-feira, 30 de setembro de 2025
domingo, 28 de setembro de 2025
Rua do Forno?
Encontrei esta imagem na net, site httpspt.wikipedia.orgwikiS%C3%A3o_Vicente_da_Beira#mediaFicheiroRForno.jpg.
É mesmo da nossa Rua do Forno (se for, é antiga), de outra rua ou de uma das anexas? Alguém pode esclarecer?
Jopsé Teodoro Prata
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Condomínios de aldeia na Paradanta e no Mourelo
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Incêndio de 2025: um balanço
Esta imagem foi publicada no facebook, pelo José N R Silva. Um silêncio
ensurdecedor!
Vivi a tragédia à distância. Às primeiras notícias sobre a
passagem do fogo para o nosso concelho, na zona da Paradanta, avisei o meu vizinho
David, para que fugisse para a Vila. De noite, o vento mudou de direção e
mandou o fogo para a Orada e consequentemente para as Lameiras e Casal da
Serra. O Ribeiro Dom Bento ficava na rota das chamas. Nessa noite, a minha
gente afastou-o das casas na Tapada da Dona Úrsula. De manhã, o David mandou-me
mensagem dizendo que ia subir, a ver como estava o Ribeiro Dom Bento. Ao
chegar, nova mensagem, informando que não ardera, mas o fogo estava a chegar,
ia chamar os bombeiros. Ao fim da tarde, a boa nova: não ardera.
Voltei lá uma semana depois e surpreendeu-me a forma errática
como o fogo avançou, ao sabor da ventania, deixando pequenos núcleos intocados,
os que tinham menos combustível ou estavam nas margens da rota do vento. Mas
quem apagara o fogo que foi ficando para trás e depois o travou no Louriçal e
na Charneca?
Perguntei ao meu sobrinho Vicente e a resposta dele foi
exemplar: muitas pessoas é que tiveram de apagar o fogo, porque para um fogo
desta dimensão não havia bombeiros que chegassem. Um exemplo de serenidade,
vindo de alguém que terá passado dias e noites sem ir à cama. E num tempo de
emoções à flor da pele!
Tendemos a realçar o lado mau das coisas, mas a verdade é que
o fogo, que avançara livremente desde Arganil, foi travado na vertente sul da
nossa Gardunha. É verdade que os aviões já haviam sido reparados, que houve
tempo para a chegada de mais bombeiros (na primeira noite, os meios eram muito diminutos),
que eventualmente se foi aprendendo com os erros e corrigindo as ações a
desenvolver. Mas devemos estar orgulhosos pelo que fizemos (comunidade, bombeiros, autoridades..., todos os que estiveram no terreno)!
Por outro lado, olhando para o Caldeira, eucaliptos
encostados às casas, a norte, junto à estrada, e pinheiros encostados às casas,
na parte sul. À margem da lei e prontos para o próximo banquete de chamas!
José Teodoro Prata
quarta-feira, 10 de setembro de 2025
terça-feira, 9 de setembro de 2025
Fungos
Este cogumelo nasceu no tronco a apodrecer de um eucalipto, no Ribeiro Dom Bento, São Vicente, serra da Gardunha. Já lá vive há vários anos e anualmente surge uma nova geração (em baixo, são visíveis os do ano passado).
José Teodoro Prata
terça-feira, 2 de setembro de 2025
Poesia Simples: Apresentação
Texto da apresentação do livro Poesia Simples, da autoria de
José Augusto Alves, por José Miguel Teodoro; dia 3 de agosto, na Igreja da
Misericórdia
Chega hoje ao fim a segunda de três vidas desta Poesia Simples, de José Augusto Alves, o
Zé da tia Rita.
Teve uma primeira vida - que foi o tempo em que foram
compostos estes versos.
Estimamos, um período de quase 20 anos, começado em 1969 ou
1970. Não sei se, antes disso, o José Augusto Alves já fazia poemas; sabemos,
porque ele o escreveu, que foi a partir do diagnóstico de uma doença grave que
encheu de poemas os 4 ou 5 cadernos que nos chegaram.
José Augusto Alves nasceu em S. Vicente, em 1918, e aqui
viveu até aos 70 anos. Filho da tia Rita e do tio Augusto Manha.
Falemos agora da segunda vida desta Poesia Simples.
Para contar rapidamente como é que aqui chegámos, neste
projecto realizado a três, que três são os responsáveis editoriais do livro - o
José Teodoro Prata, a Maria Libânia Ferreira e eu próprio.
Talvez, no ano passado, falou-se de autores de S. Vicente,
que pudessem dar um livro.
Inevitavelmente, falou-se de José Pires Lourenço.
E aí se falou de outros nomes, falou o ZTP, além do José
Lourenço, a Ana Vitorino Silva e o José Augusto Manha.
Fez-se depois à localização e recolha dos materiais:
- no jornal Pelourinho,
que se publicou em São Vicente, a partir de 1960, onde encontrámos o José
Lourenço, a Ana Vitorino Silva, também o José Bernardino, e outros
- contactos com particulares, e com o GEGA.
Lemos tudo isso.
O que publicar, então, que fosse mais interessante para as
pessoas de São Vicente?
Até podia ser um livro que incluísse poemas de vários
autores.
Acabámos por nos decidir pelo José Augusto Alves.
Mais de 200 poemas, de temas muito diversos, tudo em verso:
uma História de Portugal; uma reportagem, digamos, da visita do Papa a
Portugal; uma biografia de São Francisco; creio que outra de Santo António;
acontecimentos nacionais (a seca, os fogos, eleições, etc.); família; a doença,
consultas, etc.; São Vicente, locais e pessoas.
Decidimo-nos por estes.
Depois, foi passar o manuscrito em processador de texto, e
tratar de toda a parte editorial, cujo resultado aqui trazemos, na forma deste
livro.
Mantivemos o título, Poesia
Simples, atribuído pelo poeta a todo o conjunto do que escreveu.
É nosso o subtítulo, Versos
sobre a minha terra, São Vicente da Beira, que resume o conteúdo, em
concreto.
O que nos parece mais assinalável nestes versos e no livro:
- as nossas coisas - a igreja, as capelas, festas,
eventos sociais, ruas, a praça, o pelourinho, a fonte velha, a banda, o clube
de futebol, a casa do povo, o hospital, etc.
- as pessoas - pessoas que conhecemos e que ele nomeia, pelos
nomes próprios, muitas vezes pelas alcunhas: Zé Té-Té, o Pinura, o Arrebotes, o
Tó Relojoeiro, o Zé Ar, a Filha do Talanga, o João Cagarola, ele próprio, José
da Tia Rita e a mulher, Palmira Sardinheira.
- a visualidade - ele dá a ver, quando descreve uma rua, uma
capela, é quase um repórter, ou um pintor, ou desenhador (tem uma porta, 15
janelas, pilares, o telhado é assim...), e nós é como se estivéssemos a ver, a
conferir...
- a relação, o compromisso com o leitor, parece estar sempre
a dialogar connosco, ao ponto de escrever - traduzo - agora tenho de voltar
atrás, porque me esqueci de...
- o volume enorme da sua produção.
Foi assim, a segunda de três vidas desta Poesia Simples.
Neste ponto, devo registar e agradecer a colaboração e disponibilidade dos descendentes de José Augusto Alves; o apoio do GEGA no acesso aos materiais para este livro; o acolhimento pela Santa Casa, que aceitou fazer a edição; os apoios financeiros, sem os quais não seria possível vender o livro por este preço - a Câmara de Castelo Branco, a Fonte da Fraga, e a Junta de Freguesia de São Vicente; o apoio da Comissão das Festas do Verão e do José Candeias, da Antena 1, na divulgação.
Pessoalmente, agradeço aos meus companheiros desta jornada -
José Teodoro Prata e Maria Libânia Ferreira - ao Ricardo Santos e ao Artur
Santos, que produziram o livro.
Inicia-se, agora a terceira vida da Poesia Simples.
O livro passa a ser dos leitores.
Adquiram um exemplar e deliciem-se com a oportunidade de
viajarem no tempo, em locais conhecidos e com pessoas que conhecemos
pessoalmente ou de quem ouvimos falar.
Bom proveito.
Muito obrigado.
(Publicado por José Teodoro Prata)
sábado, 23 de agosto de 2025
Protocolo Igreja-Câmara
Sem dar nas vistas, como é o seu estilo, o Pe. Zé Manel vai fazendo o seu caminho.
(fonte: jornal Reconquista)
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Poesia Simples
Domingo de Festas, dia 3 de agosto, a nossa comunidade
vicentina vai homenagear um dos nossos poetas populares, José Augusto Alves. Ou
melhor, vamos conhecer as homenagens que ele nos deixou, narrando
acontecimentos e falando de nós em versos rimados.
A sua poesia é um retrato de São Vicente da Beira, nas
décadas de 1970 e 80. Um retrato cheio de autenticidade e despojado de
paternalismos.
Encontramo-nos na Igreja da Misericórdia, às
15:30h. A edição é da Santa Casa da Misericórdia. Não deixem acabar as Festas
de Verão sem terem a Poesia Simples deste filho da ti Rita e do ti Augusto. O
preço é acessível, só para os custos da impressão.
José Teodoro Prata
domingo, 13 de julho de 2025
O Mártir São Vicente
Pintura de Nuno Gonçalves, séc. V, Museu Nacional de Arte
Antiga
Vicente de Saragoça foi um diácono cristão que sofreu o
martírio pelos romanos, em Valência, no ano de 304. A sua recusa em
abdicar da sua fé cristã tornou-se um exemplo para os outros cristãos. Foi e é venerado
como santo, culto que se prolongou pelos períodos visigótico e árabe e após a
Reconquista Cristã. Entre as muitas localidades e igrejas portuguesas de que
é orago, contam-se a Diocese do Algarve e
o Patriarcado de Lisboa, em
cuja Sé se encontram as suas principais
relíquias.
Os muçulmanos deixaram-nos notícias do seu culto, em texto
reproduzido no livro “Portugal na Espanha Árabe” de António Borges Coelho.
“E quando [Abderramão] entrou em Valência [780], tinham aí os
cristãos que aí moravam o corpo de um homem que havia nome Vicente; e oravam-no
como se fosse Deus. E os que tinham aquele corpo faziam crer a outra gente que
fazia ver os cegos e falar os mudos e andar os cepos. E quando os cristãos
viram Abderramão, houveram medo dele e fugiram com ele. E disse Abulfacem, um
cavaleiro natural de Fez, que andava com sua companha a monte [pirataria] na
ribeira do mar: que achara, em cabo da serra que vem por mar sobre o Algarve e
entra em aquele mar de Lisboa [cabo de São Vicente], o corpo daquele homem com
aqueles que fugiram de Valência com ele, e que fizeram aí casas em que moravam.
E que ele matara os homens e deixara aí os ossos do homem […].”
D. Afonso Henriques teve conhecimento destes factos e ordenou
que trouxessem, secretamente, os ossos do santo para Lisboa, recém-conquistada.
José Teodoro Prata
sexta-feira, 11 de julho de 2025
Mimoseiras infestantes
O único método de acabar definitivamente com a infestação das
mimoseiras é este: tirar a casca totalmente, numa área aproximada de dois
palmos, a contar da terra. Não podem ficar restos de casca rente à terra, caso
contrário a planta pode rebentar por aí. Em todo o caso, convém verificar se há alguns rebentos, meses depois de tirar a casca.
O corte das plantas não pode ser opção, pois do chão brotam imediatamente inúmeras plantas das raízes de cada mimoseira cortada.
É o único método eficiente e também o único ecológico, pois os pesticidas com base no glifosato, da empresa Monsanto, são altamente cancerígenos, de tal forma que a empresa que detém a sua patente está a pensar em deixar de o produzir, pois tem, nos Estados Unidos, centenas de milhares de processos judiciais contra ela (são mesmo centenas de milhares!) e os lucros da sua venda não compensam as indemnizações que tem de pagar pelas doenças que tem provocado. Por outro lado, as raízes das mimoseiras rebentam em novas plantas, um ou dois anos depois.
Notas:
- O que acima escrevi resulta da minha experiência pessoal.
- O glifosato foi criado pela alemã Bayer, que vendeu a sua patente à americana Monsanto; por ser um produto alemão é que a
União Europeia nunca proibiu o glifosato, apenas restringindo o seu uso há
pouco tempo.
José Teodoro Prata
terça-feira, 8 de julho de 2025
Sardão à rasca
Este lindo juvenil da espécie dos sardões foi ao lavatório da minha casa de banho, no Ribeiro Dom Bento, e ficou lá, porque não tem ventosas como a sua prima osga.
Empurrei-o com um pau, mas saltou demasiado e caiu na sanita. Puxei-o pelo rabo, mas deixou-me a ponta na mão e foi à vida (subterrânea).
Tantas queixas que os seres vivos terão de nós, humanos!
José Teodoro Prata
Festas de Verão, 2025
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Cuidar de nós
terça-feira, 1 de julho de 2025
Quinteiro, de quinto, originou quinta?
No livro “Portugal na Espanha Árabe”, de António Borges Coelho, na “II Parte – História do Andaluz, no subcapítulo “Partilha da terra entre os conquistadores” informa Ibne Mozaine de Silves:
«Conquistada Espanha, Muça […] dividiu o território da
península entre os militares que vieram à conquista, da mesma maneira que distribuíra
entre os mesmos os cativos e demais bens móveis colhidos como presa. Então deduziu
o quinto das terras e dos campos cultivados […]. Dos cativos escolheu cem mil
dos melhores e mais jovens e mandou-os ao emir dos crentes […], mas deixou os
outros cativos que estavam no quinto, especialmente camponeses e meninos
adscritos às terras do quinto, a fim de que o cultivassem e dessem o terço dos
seus produtos ao Tesouro Público. Eram estes a gente das planícies e
chamou-se-lhes quinteiros e a seus filhos, os filhos dos quinteiros.»
José Teodoro Prata
domingo, 29 de junho de 2025
Egitânia
Ando a ler o livro “Portugal na Espanha Árabe”, de
António Borges Coelho. Sobre a nossa Idanha-a-Velha, informa do seguinte, na “I
Parte – Geografia”, capítulo “O Garbe no século X pelo mouro Ahmede Razzi",
subcapítulo “Do termo de Egitânia”:
«O termo
de Coimbra parte com o de Egitânia. Egitânia encontra-se a oriente de Coimbra e
ocidente de Córdova. É uma cidade muito antiga, situada sobre o Tejo, forte e bem
dotada com um território bem provido de cereais, de vinhas, de caça e de peixes
e um solo fértil. Neste território há fortes castelos onde o clima é muito são,
tal como o de Monsanto, que é muito sólido; o de Arroches; o de Montalvão, que
se encontra no cimo de um monte muito elevado; o de Alcântara que é uma bela
localidade. Há em Alcântara uma ponte sobre o Tejo de que se não poderia
encontrar semelhante no mundo; o território desta vila é propício à criação de
gado, à caça e à criação de abelhas. De Egitânia a Córdova são 380 milhas.»
Notas: Neste
mesmo subcapítulo, Ahmede Razzi faz referência ao castelo de Ourique (Ereyguez),
no termo de Beja; Garbe designava o território ocidental do Andaluz (Espanha
muçulmana), o qual abarcava o território ocupado hoje por Portugal e ainda as
cidades de Badajoz e Mérida; o Garbe (Ocidente) foi encurtando com a
Reconquista, até ficar reduzido ao Algarve, topónimo que dele deriva; a
Egitânia era pois a cabeça de um grande território, entre os territórios de
Coimbra, Santarém e Beja (Évora pertencia a Beja); foto do interior da catedral
da Egitânia, com seus arcos em ferradura, da época em que foi mesquita
muçulmana (de https://www.minube.pt/sitio-preferido/catedral-de-idanha-a-velha-a3651823).
José Teodoro Prata
quarta-feira, 25 de junho de 2025
Ó meu São João Batista
Acordei com um forte batuque e vozes de mulheres a cantar. Cheguei-me à janela e uma pequena multidão descia a rua, atrás de adufeiras, que cantavam e bailavam ao ritmo dos seus adufes.
São
João subiu ao céu
A
regar o seu jardim.
Trouxe
um cravo p´ra Sant´Ana
Outro
p´ra São Joaquim.
Vesti-me
à pressa, saí para a rua e misturei-me com as pessoas. O que é isto?,
perguntei. São as adufeiras de Penha Garcia, é uma homenagem à Ti Rita!, alguém
me informou.
São
João não tem capela
Venha
cá que la darei.
Tenho
cá cravos e rosas
E
outras flores buscarei.
Descemos
a rua e o cheiro a rosmano e marcela a arder sentia-se cada vez mais forte. Na
praça ardia uma grande fogueira e em volta um grupo fazia coro com o Manel
Ceguinho que tocava na concertina uma modinha do São João. As adufeiras e
acompanhantes juntaram-se a eles e depois todos se dirigiram para o pelourinho,
onde lançaram ginjas à rebatinha.
Esta
noite hei de ir às ginjas
Esta
noite hei de ir a elas – ai lindó.
Quem
as tiver que as guarde – ai lindó
Se
não ficará sem elas – ai lindó.
Fui beber
água à fonte de São João. Como estava linda, enfeitada com vasos de cabeleiras
brancas amareladas! Quem fez isto tudo? Como apareceram aqui? As crianças da
escola!, disseram-me. E os papelinhos com as quadras ao São João? Também foram
elas.
São
João lá vai lá vai
Ai se
lá vai, deixai-o ir.
Ai
qu´ele é menino mimoso
Ai
vai ao céu e torna a vir.
Desci a
Rua do Beco e, em frente à padaria, as filhas da Sr.ª Céu tinham trazido um cântaro para a rua, que rapazes e raparigas, em fila e de costas, lançavam à pessoa que
estava atrás de si. Além falhou e o cântaro caiu no chão e ficou em cacos. Risada
geral.
São
João era bom homem
Se
não fosse tão velhaco.
Ia à
fonte com três moças
E
vinha de lá com quatro.
Mais
animação no largo da Fonte Velha, também ela enfeitada com cabeleiras. Outra
fogueira ardia, enchendo o largo de fumo acre do rosmaninho e adocicado da
marcela. Rapazes saltavam as chamas, constantemente avivadas pelo guardião da
reserva de rosmano ali ao lado. Um tocador desceu a Rua da Costa, vindo lá do
alto de onde se avistava fumarada. Era o Zé Té-Té, com a concertina, que deu
voltas à fogueira com os rapazes e as raparigas a cantar e a bater palmas.
Para
o São João que vem
Já
não moro nesta rua.
Inda
não tenho casa
Menina
arrende-me a sua!
Depois
seguiu pela Rua Velha e eu segui os foliões. Ao fundo da Rua Nicolau
Veloso, mais animação, e na Fonte de São António juntámo-nos às adufeiras
acabadas de chegar. Os adufes e a concertina animaram um bailarico em frente à
casa do sr.º Manel da Silva.
Donde
vens tu São João
Donde
vens tão molhadinho?
Venho
do rio Jordão
De
regar o cebolinho.
O cortejo
voltou à Praça e, surpresa, já não era um tocador, eram muitos, cada um vindo
de um cruzamento de ruas, todos convergindo para o centro. Quem são? Porquê
tantos?, perguntei. São os da Carapalha e vieram recordar todos os nossos tocadores de
concertina.
No
altar de São João
Nasceu
uma cerejeira.
Qual será
a mais ditosa
Que lhe
colherá a primeira?
O arraial
de São João estava animado, mas eu regressei à minha rua, atraído pelo
cheirinho a sardinha assada do tradicional arraial organizado pelo Zé
Cavalheiro. Estavam os vizinhos todos, às voltas com sardinhas, pão e vinho, em
alegre cavaqueira. Na fonte havia vasos de manjericos. Passei-lhes a mão,
cheirei e fui ficando, sem pressas de voltar aos lençóis.
Do
São João ao São Pedro
Quatro
a cinco dias são.
Moças
que andais à soledade
Alegrai
o coração.
Notas:
1.
Não há
sincronia neste texto, pois cruzo nele pessoas e tradições de épocas
diferentes.
2.
Um dia,
poucas semanas antes do início da pandemia, reuni-me com o Carlos Semedo,
sugerindo-lhe a realização de algumas das nossas tradições do São João, no
Festival Água Mole em Pedra Dura, que se realizava no fim de semana próximo da
festa deste santo. Este texto é um pouco do que combinámos, mas ficou por
concretizar.
3.
As quadras
foram retiradas do livro Etnografia de S. Vicente da Beira, de Isabel Teodoro
José Teodoro Prata


























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